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Ao contrário do que preconizam os estudiosos e pessoas que, como [[Monteiro Lobato]], abordaram a prática como um legado nocivo dos índios, as queimadas que estes realizaram ao longo de cerca de doze mil anos de sua presença nas atuais terras do Brasil mantiveram a natureza em equilíbrio - dessa supremacia o que faser sexo no mato e muito bom, entretanto, com a incorporação da limpeza do terreno pelo fogo à cultura europeia introduzida a partir de [[1500]]: a divisão da terra em propriedades, o cultivo monocultor etc., que dizimaram a flora nativa. As queimadas atingem diretamente os animais silvestres<ref name=aa>{{Citar web |url=http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-40142000000300019&script=sci_arttext |título=O uso do fogo: o manejo indígena e a piromania da monocultura'' |língua= |autor= LEONEL, Mauro|obra=Estudos Avançados, vol.14, nº 40, São Paulo (publicada em ''Scielo Brasil) |data=setembro./Dez. 2000 |acessodata=5 de março de 2009}}</ref> |
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[[File:Jardim São José, Goiânia, 2010 - Queimada 3.JPG|esquerda|thumb|As queimadas também podem ser utilizadas no perímetro urbano. Na imagem, o [[Jardim São José (Goiânia)|Jardim São José]], um dos bairros mais novos de [[Goiânia]] ([[Goiás]]) durante uma pequena queimada em 2010.]] |
[[File:Jardim São José, Goiânia, 2010 - Queimada 3.JPG|esquerda|thumb|As queimadas também podem ser utilizadas no perímetro urbano. Na imagem, o [[Jardim São José (Goiânia)|Jardim São José]], um dos bairros mais novos de [[Goiânia]] ([[Goiás]]) durante uma pequena queimada em 2010.]] |
Revisão das 18h26min de 6 de junho de 2014
Queimada é uma prática primitiva da agricultura, destinada principalmente à limpeza do terreno para o cultivo de plantações ou formação de pastos, com uso do fogo de forma controlada que às vezes pode descontrolar-se e causar incêndios em florestas, matas e terrenos grandes.
Destruição ambiental
O efeito mais notório da queimada é a destruição do ambiente. Na floresta amazônica no mês de agosto de 1988 foram queimados por dia cerca de mil quilômetros quadrados de mata, quando agricultores limpam os terrenos para o cultivo. A poluição gerada pelas queimadas da amazônia, era estimada como o equivalente ao lançado na atmosfera pela cidade de São Paulo nos últimos setenta anos.[1]
As queimadas no Brasil
Ao contrário do que preconizam os estudiosos e pessoas que, como Monteiro Lobato, abordaram a prática como um legado nocivo dos índios, as queimadas que estes realizaram ao longo de cerca de doze mil anos de sua presença nas atuais terras do Brasil mantiveram a natureza em equilíbrio - dessa supremacia o que faser sexo no mato e muito bom, entretanto, com a incorporação da limpeza do terreno pelo fogo à cultura europeia introduzida a partir de 1500: a divisão da terra em propriedades, o cultivo monocultor etc., que dizimaram a flora nativa. As queimadas atingem diretamente os animais silvestres[2]
O manejo dos índios não era baseado apenas no fogo: a formação das roças em locais escolhidos permitia a interação com a natureza circundante, sua preservação, obtendo em troca a caça e a proteção contra pragas. Algo que foi perdido, como constatou Darcy Ribeiro, ao afirmar: "Assim passaram milênios até que surgiram os agentes de nossa civilização munidos, também ali, da capacidade de agredir e ferir mortalmente o equilíbrio milagrosamente logrado por aquelas formas complexas de vida"[2]
Relatório feito em 1982 da Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar a devastação da floresta amazônica, instalada em 1979, segundo dados fornecidos pelo pesquisador José Cândido de Melo Carvalho, informava que a queimada era o principal problema inerente ao desmatamento na região. Dentre outros danos, está a destruição quase que total da fina camada (de 30 a 40 centímetros) de matéria orgânica superficial. Acentua-se que a prática, então, muitas vezes não era acompanhada da proteção de aceiros, o que agrava seus efeitos danosos.[3]
O mesmo pesquisador informou que "além de diminuir os processos de oxidação e transformação dos nutrientes normais, pela diminuição da vida microbiana, o fogo destrói também sementes, plantas jovens, raízes, eliminando vegetais que comumente não terão possibilidade de sobrevivência na área, a não ser por reintrodução posterior, através do homem, animais ou agentes físicos."[3]
Aspectos positivos
O pesquisador Nilton José Sousa defende que, em circunstâncias controladas e observados cuidados referentes a clima, tipo de solo e outros, o uso do fogo pode ser benéfico como trato cultural. Acentua que em diversos ambientes os incêndios fazem parte do ecossistema, e que os prejuízos à fauna são relativos, havendo alguns casos aumento das populações em áreas queimadas.Além do que as queimadas ajudam os produtores rurais,que depois de dois anos tem de sair dali e elaborar outra queimada.[4]
Nas artes
Ainda no século XIX o poeta Castro Alves deixava pungente relato da prática, a destruir a natureza, no poema intitulado justamente A queimada, parte do fragmento de Os Escravos denominado pelo autor de A Cachoeira de Paulo Afonso (excerto, em domínio público):[5]
A queimada! A queimada é uma fornalha!
A irara — pula; o cascavel — chocalha...
Raiva, espuma o tapir!
... E às vezes sobre o cume de um rochedo
A corça e o tigre — náufragos do medo —
Vão trêmulos se unir!
(...)
Então passa-se ali um drama augusto...
N'último ramo do pau-d'arco adusto
O jaguar se abrigou...
Mas rubro é o céu... Recresce o fogo em mares...
E após... tombam as selvas seculares...
E tudo se acabou!...
Também Batista Cepelos deixou versos que registram em "cores" dramáticas as cenas do incêndio nas matas, no poema também intitulado A Queimada (excerto, em domínio público):[6]
Rolando o círculo do aceiro,
fulvo, colérico e ligeiro,
o fogo avança em pelotão...
Perpassa um frêmito de medo
desde as cumeadas do rochedo
até o recôncavo grotão.
(...)
E, esgrouvinhada, rija e pasma,
como um tetérrimo fantasma,
de retorcidos braços nus,
aquela triste árvore eleva
os galhos secos para a treva,
no desamparo de uma cruz.
Referências
- ↑ «Queimada: Fogo provocado bate recordes». Revista Superinteressante (14). 1988. Consultado em janeiro de 2010. Verifique data em:
|acessodata=
(ajuda) - ↑ a b LEONEL, Mauro (setembro./Dez. 2000). «O uso do fogo: o manejo indígena e a piromania da monocultura». Estudos Avançados, vol.14, nº 40, São Paulo (publicada em Scielo Brasil). Consultado em 5 de março de 2009 Verifique data em:
|data=
(ajuda) - ↑ a b Senador Aloysio Chaves (1979–1982). «Relatório da CPI do Senado Federal para apurar a devastação da floresta amazônica e suas implicações». Consultado em 27 de janeiro de 2010
- ↑ Nilton José Sousa. «Ecologia do Fogo». Consultado em 20 de dezembro de 2009
- ↑ Castro Alves (org. Afrânio Peixoto) (1944). Obras Completas de Castro Alves (vol. II). [S.l.]: Cia Editora Nacional. pp. p. 172
- ↑ José Marques da Cruz (8ª edição). História da Literatura. [S.l.]: Edições Melhoramentos. pp. p. 556–557 Verifique data em:
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