Rita Brugger

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Rita Brugger
Nascimento 1929
Porto Alegre
Cidadania Brasil
Ocupação escritora

Rita Bromberg Brugger (Porto Alegre, 1928) é uma artista plástica, ilustradora e escritora brasileira.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Bisneta do grande empresário alemão Martin Bromberg e filha de Paulo Bromberg, desde cedo demonstrou interesse pelo desenho. Viveu sua juventude em Porto Alegre, foi aluna no Colégio Farroupilha e terminou seus estudos secundários num internato em Novo Hamburgo. Depois pretendeu estudar medicina, mas acabou optando pelas artes, formando-se na UFRGS, ao mesmo tempo em que dava aulas. Com 27 anos conheceu seu futuro marido, José Brugger, com quem casou-se na Áustria, e com quem teria cinco filhos. O casal viveu na Áustria até a primeira gravidez de Rita, retornando então para o Brasil e fixando residência em Caxias do Sul. Contudo, envolvida na criação de sua prole, a carreira de Rita entrou em recesso. Após os filhos crescerem, pôde se dedicar à arte e à literatura,[1] ganhando "amplo reconhecimento nos meios artísticos e editoriais".[2]

Em 1988 foi uma das fundadoras do Núcleo de Artes Visuais, importante associação da qual foi um dos mais ativos membros, participando de várias exposições coletivas e realizando individuais. Segundo Odete Garbin, ex-presidente do NAVI, a colaboração de Rita foi essencial para o sucesso de inúmeras iniciativas artísticas e culturais, e enfatizou a estima e respeito, pela pessoa e pelo trabalho, com que é considerada por todos no meio local. Com o avançar dos anos seu interesse pelas atividades expositivas declinou, mas depois de alcançar os 80 anos de idade lançou-se no mundo da arte digital.[1][2]

Escreveu vários livros ilustrados de caráter histórico-ficcional, destacando-se Diário de um Imigrante (Maneco, 2000) e Pedro e Leopoldina (EDUCS, 2007).[1] Em sua Tese de Doutorado, Renate Gierus considerou Diário de um Imigrante um valioso e raro testemunho feminino sobre a temática da imigração alemã no estado, e disse:

"A narrativa apresenta uma visão romanceada do início da colonização em São Leopoldo. [...] Na síntese do livro de Brugger, procurei destacar a questão da alimentação e da culinária, trazendo, desta forma, um pouco do que a autora quis transmitir. Usar desenhos, como ela fez, é uma metodologia historiográfica muito rica e plural. Esta metodologia desperta outros sentidos no/na leitor/a, não só o da palavra escrita, mas também o da palavra desenhada. Desenhos, fotografias e gravuras querem e podem contar histórias de um tempo passado, despertando em relação ao mesmo sentidos diferenciados a respeito das mulheres de modo geral e das mulheres alemãs imigrantes, de modo específico".[3]

Produziu ainda ilustrações para as versões infanto-juvenis dos best-sellers 1808 e 1822, de Laurentino Gomes.[2] Sua colaboração tem sido elogiada e até 2014 a versão ilustrada de 1808 já tinha mais de dez reimpressões. Na análise de Gelbcke & Cerri,

"Para um público infanto-juvenil, inserido em um mundo visual e digital em que as informações correm rápidas, um público que está iniciando seu interesse pela leitura, o valor da imagem joga um peso bastante grande. Além de ser muito atrativa e despertar o interesse, a imagem traz informações de uma maneira muito mais imediata e assimilável do que o relato escrito. [...] Aparece muito pouco, se comparada com a versão original, a utilização de citações diretas de historiadores. Não existem notas de rodapé, nem as referências bibliográficas aparecem. O texto é todo trabalhado em função da visualização. Não há sequer uma página que apareça sem uma imagem; essas imagens, por vezes chegam a ocupar páginas inteiras, ora ou outra acompanhada com frases de efeito. É como se o livro estivesse contando um conto mediante, principalmente, a ilustração imagética".[4]

Rita Brugger foi a homenageada da Feira do Livro de Caxias de 2007.[5] Em 2009 recebeu a mais alta distinção concedida pela Prefeitura, a Medalha Monumento Nacional ao Imigrante, que reconhece relevantes serviços prestados à comunidade.[6]

Referências

  1. a b c Barba, Carol de. "A arte de contar histórias". In: O Caxiense, 2011; (74):17-19
  2. a b c "Aos 84 anos, Rita Brugger apresenta O mouse e eu em Caxias"[ligação inativa]. Olá Serra Gaúcha, 01/04/2013
  3. Gierus, Renate. “Além das grandes águas”: mulheres alemãs imigrantes que vêm ao sul do Brasil a partir de 1850. Uma proposta teórico-metodológica de historiografia feminista a partir de jornais e cartas. Tese de Doutorado. Escola Superior de Teologia São Lourenço de Brindes, 2006, pp. 22-23; 121-135
  4. Gelbcke, Juliana & Cerri, Luiz Fernando. "História nas vitrines: a narrativa jornalística da História no livro 1808, de Laurentino Gomes". In: Ateliê de História UEPG, 2014; 2 (1):157-177
  5. "Prefeito recebe patrono e homenageada da Feira do Livro 2007"[ligação inativa]. Assessoria de Imprensa da Prefeitura de Caxias do Sul, 31/07/2007
  6. "Segunda-feira é Dia da Mulher Caxiense" Arquivado em 5 de fevereiro de 2017, no Wayback Machine.. Assessoria de Imprensa da Prefeitura de Caxias do Sul, 08/05/2009