Selma Bandeira

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Selma Bandeira Mendes
Deputado estadual de Alagoas
Período 1º de janeiro de 1983
a 1º de fevereiro de 1986
Dados pessoais
Nascimento 1 de janeiro de 1944
Delmiro Gouveia (AL)
Morte 7 de setembro de 1986 (42 anos)
Nacionalidade brasileiro
Partido PCR, MDB
Profissão médica, política

Selma Bandeira Mendes ou simplesmente Selma Bandeira (Delmiro Gouveia, 1 de janeiro de 1944 - 7 de setembro de 1986) foi uma médica e política brasileira.[1][2]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Filha de Lauro Mendes Correia e Alexandrina Bandeira Mendes, nasceu na cidade de Delmiro Gouveia, no sertão alagoano, tendo se mudado para a capital do estado, onde ela estudou no Colégio Moreira e Silva.[3]

Aprovada no vestibular para o curso de medicina na Universidade Federal de Alagoas (UFAL), ela ingressou no ensino superior, tendo se graduado como médica pela UFAL, vindo a exercer a profissão da medicina de forma alternada com sua militância política.[1][2][3]

Durante o período em que era estudante de medicina na UFAL, Selma Bandeira trabalhou como professora, tendo ensinado Biologia no 2º ano do Ensino Científico do Colégio Estadual de Alagoas.[1][2][3]

Militância política[editar | editar código-fonte]

A sua estreia na política se deu quando ela começou a participar do movimento estudantil no ensino secundarista de Maceió, vindo a se tornar uma das lideranças da União dos Estudantes Secundaristas de Alagoas (UESA).[3]

Após integrar no ensino superior, como estudante de medicina da UFAL, Selma Bandeira se tornou vice-presidenta do Diretório Acadêmico da Faculdade de Medicina da UFAL.[1][2][3]

Quando tinha apenas 22 anos de idade participou da fundação do Partido Comunista Revolucionário (PCR), na cidade do Recife (Pernambuco), em maio de 1966, época em que a Ditadura Militar no Brasil estava avançando em seu autoritarismo, junto com Amaro Luiz de Carvalho (vulgo "Capivara"), Manoel Lisboa de Moura, Valmir Costa e Ricardo Zarattini.[3]

Em 1968, participou do 30º Congresso da UNE realizado na cidade de Ibiúna (SP), onde veio a ser presa e indiciada com base na Lei de Segurança Nacional, respondendo a Inquérito Policial Militar, enquanto fora posta em liberdade no dia 17 de outubro do mesmo ano.[3]

Por ser vinculada ao PCR, Selma Bandeira foi perseguida pela polícia em alguns estados do Nordeste em uma ação chefiada pela equipe do delegado paulista Sérgio Paranhos Fleury. Essa equipe, ao não encontrá-la em Pernambuco, foi à Maceió e prendeu seus familiares (o seu irmão Lauro Bandeira e suas irmãs Maria das Graças Bandeira e Sônia Bandeira) em 18 de agosto de 1973 com o objetivo de forçá-los a revelarem o paradeiro de sua irmã. Assim, os familiares de Selma foram levados para a cidade do Recife onde sofreram diversos tipos de tortura física e psicológica durante um mês.[3]

Ela foi uma das últimas dirigentes do PCR que veio a ser presa, o que somente ocorreu em abril de 1978, quando ela estava junto com Valmir Costa em um apartamento situado no bairro de Casa Amarela, em Recife, momento em que foram abordados por mais de 30 policiais que invadiram o prédio e os levaram para a prisão. Com a aprovação da Lei da Anistia no final da década de 1970, ela foi a primeira presa política beneficiada pela anistia política, depois de ficar custodiada no Presídio Feminino Bom Pastor, situado em Pernambuco, pelo período de um ano e três meses.[3]

Após ser anistiada, ela retornou a Maceió, onde se filiou ao partido político Movimento Democrático Brasileiro (MDB) e, concomitantemente, atuou como médica sanitarista na capital alagoana.[3]

Mandato parlamentar[editar | editar código-fonte]

Em 1982, ela foi eleita deputado estadual pelo antigo MDB que veio a se converter no PMDB. No último ano de seu mandato, decidiu se candidatar à deputada federal pelo mesmo partido para a Assembleia Constituinte, cujas eleições tinham sido convocadas para o ano de 1986.[3] Assim, Selma Bandeira iniciou uma campanha política, tanto na capital, quanto andando pelos mais distintos locais no interior do estado de Alagoas, em razão de defender bandeiras políticas mais abrangentes (democracia, justiça social, saúde pública) que transcendiam as disputas corriqueiras envolvendo as oligarquias locais que, secularmente, caracterizam a realidade política alagoana divida em vários clã repartidos geograficamente pelo estado.[4]

No dia 7 de setembro de 1986, enquanto estava se dirigindo para um comício político na cidade de Viçosa, Selma Bandeira sofreu um acidente automobilístico que resultou na morte dela e de todos os ocupantes que estavam carro. Durante seu enterro, milhares pessoas fizeram um percurso de aproximadamente 10 km em que acompanharam o cortejo fúnebre de seu corpo.[1][2][3]

Homenagens[editar | editar código-fonte]

  • Troféu Selma Bandeira: criado em 2004 pela Prefeitura Municipal de Maceió, busca premiar mulheres que se destacam nos mais diversos âmbitos da vida social da capital alagoana.[5]

Referências

  1. a b c d e «A revolucionária Selma Bandeira». História de Alagoas. 4 de maio de 2015. Consultado em 3 de abril de 2023 
  2. a b c d e Michaelle Pereira (23 de março de 2023). «Conheça a história de Selma Bandeira que dá nome ao prêmio que reconhece atuação de mulheres alagoanas». Prefeitura Municipal de Maceió. Consultado em 3 de abril de 2023 
  3. a b c d e f g h i j k l Marcelo Bastos (28 de junho de 2021). «A revolucionária Selma Bandeira». Cada Minuto. Consultado em 3 de abril de 2023 
  4. Santos, Paulo Alberto Paixão dos (2022). Parentesco e poder na política alagoana: o caso da família Beltrão (PDF) (Monografia em Ciências Sociais). Maceió: Universidade Federal de Alagoas. Consultado em 3 de abril de 2023 
  5. «Troféu Selma Bandeira é entregue a mulheres maceioenses nesta quinta; veja as homenageadas». Cada Minuto. 30 de março de 2023. Consultado em 3 de abril de 2023 
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