Tommaso Mazzoni

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Thomaz Mazzoni
Nome completo Tommaso Mazzoni
Nascimento 11 de março de 1900
Polignano a Mare, Itália Itália
Morte 14 de janeiro de 1970 (69 anos)
São Paulo,  São Paulo
Nacionalidade italiano
brasileiro
Cônjuge Maria Aparecida Freitas Mazzoni[1]
Filho(a)(s) Antônio Mazzoni[1]
Ocupação jornalista

Tommaso "Thomaz" Mazzoni (Polignano a Mare, 11 de março[1] de 1900São Paulo, 14 de janeiro de 1970) foi um jornalista e comentarista esportivo italiano radicado no Brasil. Trabalhava no jornal A Gazeta Esportiva e é considerado o jornalista de maior destaque na história do jornal.[2] Foi ainda o primeiro cronista a se utilizar da via aérea para enviar reportagens no Brasil.[3] e foi um dos nomes mais importantes da imprensa esportiva de São Paulo.

Sobre ele, A Gazeta Esportiva escreveu, em 1955: "Este seria o único jornal no mundo que poderia se dar ao luxo de queimar seus arquivos. Se um incêndio desta proporção nos atingisse, ficar-nos-ia [Tommaso] Mazzoni, o homem que tem quarenta anos de futebol guardados na memória, que vale milhões."[4]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Mazzoni chegou ao Brasil com os pais quando criança,[1] junto com uma leva de imigrantes italianos, vindo da região Sul da Itália. A família Mazzoni emigrou de Polignano a Mare em direção ao distrito do Brás, em São Paulo, após a crise na Itália, que atingiu sobretudo famílias humildes.[2] Em 1920 já trabalhava no São Paulo Esportivo, um jornal paulistano bissemanal. Especula-se[2] que não tenha tido formação superior.

Depois de uma passagem como redator e diretor do jornal Estampa Esportiva, em 7 de junho de 1928[1] já estava em A Gazeta Esportiva como redator,[3] tendo naquele mesmo ano publicado a primeira edição de seu Almanaque Esportivo, livro que reunia registros detalhados dos principais acontecimentos esportivos do ano.[2] A partir de 1930, quando assumiu o comando da redação,[2] no lugar de Leopoldo Santana,[1] começou uma renovação da linguagem do futebol paulista, criando termos que sobrevivem até hoje, como os apelidos que deu aos principais clássicos paulistas (Choque Rei, Derby Paulista, Majestoso e San-São)[5] e aos clubes (Campeoníssimo, ao Palmeiras; Clube da Fé, ao São Paulo; Timão e Mosqueteiro, ao Corinthians; Moleque Travesso, ao Juventus; e Nhô Quim, ao XV de Piracicaba, entre outros).[2]

Sua primeira coluna, publicada sob o pseudônimo Olimpicus, saiu em 18 de novembro de 1930, com o título "Desonestidade e incompetência".[1] Mazzoni passou a criar no jornal um "diálogo com o leitor", algo inédito na imprensa esportiva paulista, e a combater o que chamava de "degeneração completa, desordem e desmoralização" do futebol brasileiro, além dos jornalistas que, para ele, praticavam o "clubismo".[2] Ele também decretou que os jogadores passassem a ser chamados no jornal como eram conhecidos, fosse por nomes, apelidos ou diminutivos.[2] Sua luta por impor uma maior intervenção do Estado no esporte rendeu frutos em 1941, quando foi criado o Conselho Nacional de Desportos (CND), que passou a regular todas as atividades esportivas.[2]

Ao voltar da cobertura da Copa do Mundo de 1938, na França, tentou fazer d'A Gazeta Esportiva um jornal diário, ideia rechaçada também por causa da II Guerra Mundial, que dificultava a compra de papel.[1] Ele teve de esperar até 1947 para conseguir colocar em prática sua ideia.[1]

Publicou também o Almanaque Esportivo Olympicus, que era uma "coleta" de tudo o que acontecia nos esportes em geral dentro dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, publicados anualmente entre 1928 e 1951. Ao todo, além dos Almanaques, publicou vinte livros sobre esportes, e suas obras sobre futebol tiveram destaque,[3] sendo uma delas coletânea de textos sobre os problemas do futebol brasileiro em que culpava a imprensa pelos confrontos entre paulistas e cariocas.[2] Ele escreveu que a imprensa criava "rivalidades e, às vezes, ódios" desnecessários.[2]

Naturalizado brasileiro desde 14 de março de 1945, Mazzoni morreu de infarto, na madrugada de 14 de janeiro de 1970, aos 69 anos.[1] Por causa de sua morte, a Federação Paulista de Futebol decretou luto oficial de três dias — assim como a Confederação Brasileira de Desportos — e ofereceu sua sede para que o corpo fosse velado.[1] Quando o féretro saiu de lá para o Cemitério do Araçá, o cortejo parou em frente ao edifício-sede de A Gazeta Esportiva, onde foi respeitado um minuto de silêncio.[1] Três dias após sua morte, foi homenageado com o nome do Centro Esportivo da Vila Maria, que passou a se chamar Centro Esportivo Thomaz Mazzoni[6]

Lista de obras[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c d e f g h i j k l «Esporte perde velho cronista». São Paulo: S.A. O Estado de S. Paulo. O Estado de S. Paulo (29 071). 25 páginas. 15 de janeiro de 1970. ISSN 1516-2931. Consultado em 15 de novembro de 2016 
  2. a b c d e f g h i j k STYCER, Mauricio (2008). História do Lance!. Projeto e prática do jornalismo esportivo 1 ed. São Paulo: Alameda Casa Editorial. pp. 64–70, 80–83. ISBN 9788598325903 
  3. a b c DUARTE, Marcelo; DAMATO, Marcelo (2009). Lancepédia. A enciclopédia do futebol brasileiro. 2 2 ed. Rio de Janeiro: Areté Editorial. 586 páginas. ISBN 9788588651159 
  4. «Todos nós». São Paulo: Fundação Cásper Líbero. A Gazeta Esportiva (9 196): 1. 11 de outubro de 1955. Consultado em 9 de julho de 2020 
  5. DI LORENZO, Agnelo (2006). «O Clube da Fé». Revista Oficial do São Paulo F.C. (133). São Paulo: Editora Panini 
  6. «Mazzoni dá nome a Centro». São Paulo: S.A. O Estado de S. Paulo. O Estado de S. Paulo (29 074). 46 páginas. 18 de janeiro de 1970. ISSN 1516-2931. Consultado em 15 de novembro de 2016