Walter Spalding

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Walter Spalding
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Nascimento 28 de outubro de 1901
Arroio dos Ratos
Morte 5 de junho de 1976 (74 anos)
Porto Alegre
Nacionalidade brasileiro
Cidadania Brasil
Ocupação historiador
Empregador(a) Biblioteca Pública Municipal Josué Guimarães

Walter Spalding (São Jerônimo, 28 de outubro de 1901Porto Alegre, 5 de junho de 1976) foi um historiador, poeta, jornalista e escritor brasileiro.

Filho de Carlos Jorge Hermann Spalding, natural da Alemanha[1] e Idalina Schreiner Spalding. Iniciou os estudos na cidade natal e, depois, no Instituto São José, em Canoas, de 1911 a 1919.

Foi bibliotecário no Arquivo Municipal de Porto Alegre, de 1937 a 1938. Em 1939 assumiu o cargo de diretor do Arquivo e Biblioteca Pública de Porto Alegre, onde aposentou-se em 1963.

Colaborou no jornal Correio do Povo e jornais cariocas e também em revistas especializadas de história, geografia e folclore, nacionais e estrangeiras. Foi organizador do Pavilhão Cultural da Exposição Comemorativa do Centenário Farroupilha em Porto Alegre, em 1935. Foi membro da Academia Rio-Grandense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul (IHGRS) e do Instituto Brasileiro de Genealogia.

Com mais de duzentas obras publicadas, entre livros e artigos, Walter Spalding foi um dos intelectuais e historiadores mais influentes de sua geração no estado.[2][3] Foi diretor da imprensa oficial da Prefeitura de Porto Alegre entre 1939 e 1943,[4] manteve ligações com grupos tradicionalistas e participou da formação de uma mitologia sobre o gaúcho e dos debates sobre a identidade regional. Foi um dos principais debatedores no processo de definição da data oficial de fundação de Porto Alegre, de cuja história era grande conhecedor.[2][5]

Dizia que o historiador deveria manter-se fiel aos fatos e aos documentos autênticos,[6] mas ele próprio criou interpretações grandiloquentes e politicamente engajadas. Apresentou uma visão nova da Guerra do Paraguai, baseando-se em fontes primárias inéditas. No entanto, alinhado à corrente oficial e nacionalista, buscou glorificar a intervenção brasileira como heroica, humanitária e civilizadora, e nela, enfatizar a decisiva contribuição gaúcha.[3] Para Luciano Aronne de Abreu, nas obras de Spalding:[7]

"...pode-se perceber com clareza o sentido nacionalista e patriótico que os historiadores da matriz lusa conferiam aos seus estudos, exaltando os valores e os heróis do passado farroupilha, mas sempre com a clara preocupação de reafirmar seu caráter de brasilidade. No presente, dado o sentido pragmático que eles conferiam à história, pode-se dizer que seus estudos foram também produzidos com a intenção de, a partir deste passado heroico, fundamentar e legitimar as pretensões de afirmação do poder regional e de ascensão nacional das elites políticas gaúchas".

Por outro lado, com seu vasto conhecimento da história e da cultura do estado, contribuiu para distinguir melhor as especificidades das origens militares e campeiras do estado em relação às da Argentina e Uruguai, que compartilhavam de antigos laços em comum com o Brasil. Mas, segundo Francisco das Neves Alves, recaiu nas mesmas tendências de exaltar demasiado as qualidades dos locais, mostrando o gaúcho como um exemplo de bravura e patriotismo, e de atribuir a formação da cultura estadual apenas à contribuição lusa. Seu discurso, em plena afinidade com o nacionalismo da Era Vargas, permaneceu influente por décadas.[3]

Em 1978 foi homenageado como patrono da Feira do Livro de Porto Alegre. Seu nome batiza uma rua na cidade. A Biblioteca Walter Spalding do Museu Joaquim José Felizardo preserva sua coleção de livros.

Principais obras[editar | editar código-fonte]

  • Farrapos (1931/1932)
  • Poesia do povo (1934)
  • Manuscrito nacional (1936)
  • A revolução farroupilha (1939)
  • "El sistema lacustre sud-riograndense-oriental" (1939)
  • Esboço histórico do município de Porto Alegre (1940)
  • A invasão paraguaia no Brasil (1940)
  • Farroupilha e Caramurus - a brasilidade dos farrapos (1944)
  • Pecuária, charque e charqueadas no Rio Grande do Sul (1944)
  • O Brasil na cartografia e na lenda (1945)
  • "O cruzeiro do sul - contos infantis" (1947)
  • Gênese do Brasil-Sul (1953)
  • "A grande mestra: Ana Aurora do Amaral Lisboa" (1953)
  • Tradições e superstições do Brasil-Sul (1955)
  • "Farrapos" - 2ª edição ampliada (1957)
  • A história e a lenda (1957)
  • Epopéia Farroupilha (1958)
  • Dois Vultos da História Gaúcha: Xavier Ferreira e Onofre Pires (1958)
  • A Epopéia Farroupilha (1963)
  • Pequena história de Porto Alegre (1967)
  • Construtores do Rio Grande (1969)
  • Uruguaios no Rio Grande do Sul
  • "Revolução farroupilha: biografias" (1987)

Referências

  1. Lemos Pinto Rodrigues, Elaine (2017). «WALTER SPALDING: uma vida dedicada aos livros» (PDF). Consultado em 21 de março de 2022 
  2. a b Monteiro, Charles. Porto Alegre e suas escritas: história e memórias da cidade. EDIPUCRS, 2006, pp. 416-526
  3. a b c Alves, Francisco das Neves. "A Guerra do Paraguai na visão de um historiador gaúcho". In: Biblos, 2003; (15)
  4. Timm, Paulo. "POA 2015 - 243 ANOS: Um pouco de História - 1930 – 1950: Duas décadas que mudaram Porto Alegre". Sul 21, edição especial
  5. Nunes, Dúnia dos Santos. "A trajetória de um tropeiro no sul da América Portuguesa: Cristóvão Pereira de Abreu (1737-1755)". In: X Salão de Iniciação Científica. PUCRS, 2009
  6. Elíbio Júnior, Antônio Manoel. "A construção da nação desde o Sul". In: Anais do I Circuito de Debates Acadêmmicos. IPEA, 2011
  7. Abreu, Luciano Aronne de. "100 anos depois: um olhar sobre a Revolução Farroupilha". In: Painel Outros Olhares sobre a Revolução Farroupilha. Porto Alegre, Palácio da Justiça, 17/09/2008