William Windsor

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William Windsor acompanhado de seu cuidador, dezembro de 2008

William Windsor (também conhecido como Billy) é um bode que atuou como cabo de lança no 1° Batalhão do Royal Welsh, um batalhão de infantaria do Exército Britânico. Ele serviu como cabo de lança entre 2001 e 2009, exceto por um período de três meses em 2006 quando foi rebaixado para fuzileiro devido a comportamento inapropriado durante as celebrações do Aniversário da Rainha enquanto estava de prontidão com seu batalhão em Chipre. Após sua aposentadoria em maio de 2009, Billy passou a viver no Zoológico de Whipsnade.[1]

História[editar | editar código-fonte]

Outro bode regimental: Taffy IV, do 2° Batalhão do Regimento Galês, serviu na França durante a I Guerra Mundial, participando de diversas batalhas e sendo condecorado com a 1914 Star

A tradição de incluir bodes no exército originou-se em 1775, quando uma cabra-selvagem invadiu o campo de batalha em Boston durante a Guerra da Independência dos Estados Unidos e foi usada para carregar as cores do regimento galês durante a Batalha de Bunker Hill.[2][3][4] Outro bode militar, Taffy IV, serviu durante a Primeira Guerra Mundial. Pertencente ao 2° Batalhão do Regimento Galês, ele foi registrado oficialmente como "O Bode Regimental". Taffy embarcou para a guerra em 13 de agosto de 1914, entrando em ação na Retirada de Moms, na Primeira Batalha de Ypres (incluindo a Batalha de Gheluvelt), e nas batalhas de Festubert e de Givenchy, até morrer em 20 de janeiro de 1915. Ele foi condecorado postumamente com as medalhas 1914 Star, British War Medal e Victory Medal.[5]

A linhagem do bode real é originária dos animais presenteados pelo Maomé Xá Cajar (r. 1834–1848) à Rainha Vitória quando de sua ascensão ao trono em 1837.[6][7]

O rebanho multiplicou-se no Great Orme em Llandudno, atingindo em 2001 uma população de 250 e entrando em risco de exaurir as fontes de alimentação disponíveis. Após reclamações dos moradores a respeito de bodes invadindo seus quintais, o conselho local rejeitou as propostas de um abate, decidindo por uma combinação de realocação e controle de natalidade. Atiradores da RSPCA sedaram então os animais, aplicando neles implantes de contracepção hormonal à base de progesterona para restringir os números daqueles pertencentes à raça geneticamente exclusiva. Em 2007, oitenta e cinco deles haviam sido realocados para regiões como Kent, Yorkshire e Somerset, mas os esforços nesse sentido foram interrompidos por uma epidemia de febre aftosa.[8][9]

Carreira[editar | editar código-fonte]

Billy, pertencente à linhagem das cabras-da-caxemira, descende do rebanho original da Rainha Vitória, mas não foi escolhido entre a população selvagem, tendo nascido no Zoológico de Whipsnade.[10] Ele foi presenteado ao regimento pela Rainha Elizabeth II em 2001.[11] A tradição não é nova: desde 1844, a monarquia fornece aos Royal Welch Fusiliers cabras-da-caxemira saídas diretamente do rebanho real.[7]

Alistado sob o número 25232301,[10] Billy não era considerado um mascote, mas um membro graduado do regimento. Desde sua entrada em 2001, ele cumpriu serviço militar no estrangeiro. Sua obrigação principal era marchar à frente do batalhão durante os serviços cerimoniais, estando presente em todas as paradas na qual seu regimento participou. O cuidador de Billy era o cabo de lança Ryan Arthur, que ostentava o título de "Goat Major" ("Major do Bode").[1][12]

Rebaixamento temporário[editar | editar código-fonte]

Em 16 de junho de 2006, uma parada na base de Episcópi, próximo a Limassol, no Chipre, foi organizada para celebrar o 80° aniversário da Rainha Elizabeth.[10][11] Entre os dignitários convidados estavam embaixadores da Espanha, Países Baixos e Suécia, além do comandante argentino das forças das Nações Unidas no Chipre.[13]

O posicionamento em Chipre com o 1° Batalhão foi a primeira missão além-mar de Billy, e apesar de ordenado a se manter em fila, ele se recusou a obedecer.[11] O major do bode, o cabo de lança Dai Davies, não foi capaz de mantê-lo sob controle, e Billy falhou em conservar-se no passo, tentando ainda dar cabeçadas em um tocador de tambor.[13][14]

Billy foi acusado de "comportamento inaceitável",[10] "falta de decoro" e "desobediência de uma ordem direta",[13] tendo de comparecer diante de seu oficial comandante, o tenente-coronel Huw James.[10][15] Após uma audiência disciplinar, ele foi rebaixado a fuzileiro.[1][13] A mudança significava que os outros fuzileiros do regimento não precisavam mais prestar continência a Billy quando ele passasse.[11]

Um grupo canadense de defesa dos direitos dos animais protestou então contra o Exército Britânico, afirmando que Billy estava meramente "agindo como um bode" e pedindo que sua patente fosse devolvida. Três meses depois, em 20 de setembro e no mesmo local da parada, Billy reassumiu sua posição hierárquica durante o desfile de Alma Day, que celebra a vitória do Royal Welsh na Guerra da Crimeia. O capitão Simon Clarke declarou que "Billy apresentou-se excepcionalmente bem, ele teve todo o verão para refletir sobre seu comportamento no aniversário da Rainha e claramente fez por merecer a patente que ganhou".[10]

Billy recebeu sua promoção do comandante do Royal Welsh Regiment, o brigadeiro Roderick Porter. Como resultado de reassumir sua patente, ele também voltou a ganhar acesso ao rancho dos oficiais.[10]

Aposentadoria e substituição[editar | editar código-fonte]

Em 20 de maio de 2009, após oito anos de serviço honroso,[12] Billy aposentou-se devido à sua idade.[1] Os soldados do batalhão formaram uma linha no caminho de sua cabana até o trailer no qual ele deixou o acampamento pela última vez, usando um traje cerimonial que incluía um toucado de prata presenteado pela rainha em 1955.[1][16] Billy foi transportado para o Zoológico de Whipsnade,[1] onde os cuidadores declararam que ele levaria uma vida confortável na Fazenda para Crianças.[17]

Em 15 de junho de 2009, trinta integrantes do 1° Batalhão partiram para Great Orme, esperando encontrar os bodes em estado dócil.[18] A equipe, liderada pelo tenente-coronel Nick Lock, incluía um major do bode e diversos veterinários. De acordo com um porta-voz do exército, o major Gavin O'Connor, eles procuravam um animal "que seja calmo sob pressão e saiba trabalhar em equipe".[19]

Os implantes de hormônio usados anteriormente para controlar o número de bodes não estava mais disponível, então durante a seleção de um animal substituto o batalhão ajudou a pesquisar um método alternativo de controle de natalidade, patrocinado parcialmente pelo RSPCA.[20]

Com alguma dificuldade, um bode de cinco meses de idade foi escolhido, recebendo o número de registro 25142301.[21] O novo membro do 1° Batalhão também foi batizado de William Windsor, começando como fuzileiro enquanto era treinado para a vida militar. Como parte de sua alimentação, come dois cigarros por dia e, quando for mais velho, poderá consumir Guinness.[20]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c d e f Retiring army goat's new zoo home, BBC News, 20 de maio de 2009, consultado em 24 de julho de 2013 
  2. Item: GTJ18644, Royal Welch Fusiliers Regimental Museum, Gwynedd. Copy at Gathering the Jewels, website for Welsh heritage and culture Arquivado em 2 de agosto de 2009, no Wayback Machine.
  3. British regiment bids goodbye to goat mascot, MSNBC, Associated Press, 20 de maio de 2009, consultado em 24 de julho de 2013 
  4. «1st Battalion Royal Welsh regimental goat William Windsor retires at Dale Barracks, Chester», Chester Chronicle, 21 de maio de 2009, consultado em 24 de julho de 2013 
  5. «Famous names in the First World War», The National Archives, DocumentsOnline, consultado em 3 de setembro de 2009, arquivado do original em 5 de abril de 2012 
  6. Arjomand, Said Amir (1989), The Turban For the Crown, ISBN 0-19-504258-1, New York: Oxford University Press, pp. xi, consultado em 23 de maio de 2009 
  7. a b Farwell, Byron (1987), Mr. Kipling's Army, ISBN 0-393-30444-2, New York: W. W. Norton & Company, pp. 40–41, consultado em 23 de julho de 2013 
  8. «Pill option to control goat population», BBC News (Wales), 26 de abril de 2011, consultado em 24 de julho de 2013 
  9. «Outbreak prevents Orme goat move», BBC News, Wales, North West Wales, 17 de setembro de 2007, consultado em 24 de julho de 2013 
  10. a b c d e f g «Demoted British army goat redeemed after royal blunder», The Australian, AFP, 27 de setembro de 2006, consultado em 24 de julho de 2013 
  11. a b c d Poor marching demotes army goat, CBBC, 25 de junho de 2006, consultado em 24 de julho de 2013 
  12. a b Royal Welsh regimental goat retires, The British Army News, consultado em 21 de maio de 2009, arquivado do original em 7 de março de 2009 
  13. a b c d Gruff justice as Billy is demoted, BBC News, 23 de junho de 2006, consultado em 24 de julho de 2013 
  14. «Billy butts back into officer class», HighBeam Research, Western Mail (Wales), 28 de setembro de 2006, consultado em 24 de julho de 2013, arquivado do original em 25 de outubro de 2012 
  15. Army battalion has got their goat, The Metro, 28 de setembro de 2006, consultado em 24 de julho de 2013, arquivado do original em 30 de setembro de 2012 
  16. Wilkes, David (20 de maio de 2009), «Billy the goat retires as Royal Welsh Regiment mascot... with full military honours», Londres, Daily Mail, consultado em 24 de julho de 2013 
  17. William Windsor retires, Hemel Today, 28 de maio de 2009, consultado em 24 de julho de 2013, arquivado do original em 31 de maio de 2009 
  18. Contraceptives to curb goat herd, BBC News (Wales, North West), 15 de junho de 2009, consultado em 24 de julho de 2013 
  19. No kidding about when soldiers select new goat, WalesOnline, 15 de junho de 2009, consultado em 24 de julho de 2013 
  20. a b Soldiers choose regimental goat, BBC News (Wales, North West), 12 de maio de 2009, consultado em 24 de julho de 2013 
  21. Royal Welsh tackle Great Orme to find regimental goat, North Wales Weekly News, 18 de junho de 2009, consultado em 24 de julho de 2013 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]