Jeanne Louise Milde

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Jeanne Louise Milde
Nascimento 15 de julho de 1900
Bruxelas
Morte 1997 (96–97 anos)
Belo Horizonte
Cidadania Bélgica
Alma mater
Ocupação escultora, artista visual

Jeanne Louise Milde (Bruxelas, 15 de julho de 1900Belo Horizonte, 1997), conhecida como Mademoiselle Milde, foi uma escultora belga, que viajou para o Brasil em fevereiro de 1929, a convite do presidente de Minas Gerais, Antônio Carlos Ribeiro de Andrada, compondo a Missão Pedagógica Europeia, constituída por professores europeus que participaram da reforma do ensino em Minas Gerais.[1][2][3][4] Jeanne Louise Milde foi a primeira mulher e artista profissional a se estabelecer Belo Horizonte e uma das precursoras da arte moderna e do movimento modernista em Minas Gerais.[3][4][5]

Formação[editar | editar código-fonte]

Jeanne Louise Milde formou-se na Real Academia de Belas Artes de Bruxelas em 1926, especializando-se em escultura.[3]

Poema de Carlos Drummond de Andrade[editar | editar código-fonte]

(…) :Que vêm fazer essas jovens?

Vêm descobrir coisas
De Decroly, Claparède
Novidades pedagógicas
Segredos de arte e de técnica
Revelados por Hélène Antipoff,
Madame Artus, Mademoiselle Milde,
Mais quem?
A escola novidadeira
Dita de Aperfeiçoamento.

(…)”

Jeanne Louise Milde é citada no poema As moças da Escola de Aperfeiçoamento, de Carlos Drummond de Andrade.[6][7] Jeanne Louise Milde lecionou na Escola de Aperfeiçoamento, juntamente com a psicóloga e pedagoga Helena Antipoff,[8] que permaneceram no Brasil após o fim da Missão Pedagógica Europeia.[3]

O poema é sobre as moças que estudavam na Escola de Aperfeiçoamento, em Belo Horizonte, que capacitava professores que tinham, no mínimo, dois anos de regência nos grupos escolares. Esta formação era dada por educadores europeus.[9]

Prêmios[editar | editar código-fonte]

Exposições[editar | editar código-fonte]

[10]

Exposições coletivas[editar | editar código-fonte]

Exposições póstumas[editar | editar código-fonte]

  • 1997Belo Horizonte (MG) — Jeanne Milde - A arte de uma educadora, no Centro de Referência do Professor[11]
  • 2001Belo Horizonte (MG) — Modernismo em Minas: ícones referenciais, no Itaú Cultural
  • 2001Penápolis (SP) — Modernismo em Minas: ícones referenciais, na Galeria Itaú Cultura

Esculturas[editar | editar código-fonte]

Baixos-relevos[editar | editar código-fonte]

Na entrada principal do edifício do Instituto de Educação de Minas Gerais (outrora Escola Normal Modelo), existem dois baixos-relevos decorativos de Jeanne Louise Milde, de 5 de setembro de 1930,[12] que representam o ensino das ciências naturais e o ensino artístico.[13]

O baixo-relevo da direita é uma alegoria ao ensino das ciências naturais, da geografia, da literatura e da geometria, e o baixo-relevo da esquerda representa uma alegoria ao ensino artístico da Escola Normal, isto é, a escultura, o canto, a música, e a pintura. Sob cada baixo-relevo estão colocadas as efigies de Antônio Carlos Ribeiro de Andrada e de Francisco Campos, que em 1928 recrutou professores estrangeiros especializados, que fundaram a Escola de Aperfeiçoamento.[12]

Painel Alegoria à Indústria[editar | editar código-fonte]

Em 1931, Louis Ensch (siderurgista luxemburguês e engenheiro-diretor da Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira) encomendou um alto-relevo de bronze para Jeanne Louise Milde. O painel "Alegoria à Indústria" retrata o trabalhador, tendo ao fundo um forno siderúrgico, de forma a enaltecer tanto o trabalho, figurado no trabalhador, quanto a indústria, valorizando o homem como a figura mais importante da peça.[14] O painel encontra-se na antiga sede da Belgo-Mineira, em Sabará.[14] A obra pesa cerca de 250 kg e é uma das maiores do gênero no Brasil.[14]

Mausoléu de Achilles Vivacqua[editar | editar código-fonte]

O mausoléu de Achilles Vivacqua, no Cemitério do Bonfim, em Belo Horizonte, possui uma escultura de Jeanne Louise Milde, esculpido conforme vontade de Achilles Vivacqua, que morreu de tuberculose.[15][16]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b «Milde, Jeanne Louise (1900 - 1997)» 
  2. RITA LAGES RODRIGUES (2001). «Eu sonhava viajar sem saber aonde ia... Entre Bruxelas e Belo Horizonte: itinerários da escultora Jeanne Louise Milde de 1900 a 1997.» (PDF). Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG  (Dissertação de Mestrado)
  3. a b c d e f g Ivone Luzia Vieira (julho de 1990). «Jeanne Louise Milde: noventa anos de historia». Educação em Revista, no. 11, p. 81-84. 
  4. a b c d e «JEANNE Louise MILDE». C/Arte 
  5. Rita Lages Rodrigues (2008). «POSSIBILIDADES DE ANÁLISE BIOGRÁFICA NA HISTÓRIA: JEANNE LOUISE MILDE E LUIZ OLIVIERI» (PDF) 
  6. Elis de Almeida CARDOSO e Alessandra Ferreira IGNEZ. «A INTERPRETAÇÃO DOS NEOLOGISMOS LITERÁRIOS: UMA FORMA DE ENTENDER O TEXTO» (PDF) 
  7. Elis de Almeida Cardoso (2007). «A EXPRESSIVIDADE DOS ESTRANGEIRISMOS NA POESIA DE CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE». Revista Eletrônica de Linguística 
  8. Regina Helena de Freitas Campos. «Helena Antipoff: razão e sensibilidade na psicologia e na educação» 
  9. «Especial Museus: Um lugar para aprender sobre educação». Secretaria de Educação de Minas Gerais. 18 de maio de 2011 
  10. a b «Jeanne Louise Milde». taú Cultural. 23 de fevereiro de 2017. Consultado em 7 de julho de 2018 
  11. a b c «Jeanne Louise Milde». C/Arte 
  12. a b «BAIXOS-RELEVOS DO INSTITUTO DE EDUCAÇÃO (BELO HORIZONTE)» 
  13. «Jeanne Louise Milde». Enciclopédia Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras 
  14. a b c «Alto-relevo Alegoria à Indústria (Sabará)» 
  15. «Escultura do mausoléu de Achilles Vivacqua (Belo Horizonte)» 
  16. «Esquema especial é preparado para receber os visitantes dos cemitérios». 30 de outubro de 2012