Góbio-néon

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Espécie em aquário de Arraial do Cabo, Rio de Janeiro, fotografado vivo em 1992
Espécie em aquário de Arraial do Cabo, Rio de Janeiro, fotografado vivo em 1992
Ilustração do Elacatinus figaro
Ilustração do Elacatinus figaro
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Actinopterygii
Ordem: Gobiiformes
Família: Gobiidae
Subfamília: Gobiinae
Género: Elacatinus
Espécie: E. devillei
Nome binomial
Elacatinus figaro
(Sazima, Moura & Rosa, 1997)

Góbio-néon ou néon[1] (nome científico: Elacatinus figaro) é uma espécie colorida de góbio marinho da família dos gobiídeos (Gobiidae), do Atlântico sudoeste, sendo endêmica das águas costeiras do Brasil. É classificado como vulnerável ou em risco de extinção em várias das listas de conservação dos órgãos de monitoramento.

Descrição[editar | editar código-fonte]

Góbio-néon é de cor escura com listras ventrais e dorsais amarelas e nadadeiras peitorais azuis opacas. Tem boca terminal e as barbatanas pélvicas são fundidas para formar uma ventosa. Têm normalmente de 2,5 a 3,4 centímetros de comprimento.[2]

Ecologia[editar | editar código-fonte]

O góbio-néon é endêmico das águas do Brasil, onde ocorre de Santa Catarina, no sul, até a Pedra do Sal, no Piauí, no norte.[3] É encontrado sobre substratos compostos de corais e rochas, tanto na costa do Brasil continental quanto em ilhas costeiras em profundidades de 3 a 20 metros. Ocorre solitariamente ou em pequenos grupos de até seis peixes sobre corais, entre algas e esponjas incrustantes, ou nas proximidades de ouriços-do-mar, recuando para buscar proteção entre os espinhos caso seja ameaçado. Alimenta-se principalmente limpando outros peixes, por exemplo, Ophioblennius atlanticus, castanheta-das-rochas (Abudefduf saxatilis), Mycteroperca rubra e Mycteroperca acutirostris.[4]

Conservação[editar | editar código-fonte]

A Portaria MMA N.º 444 de 17 de dezembro de 2014[5] e o Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção de 2018 do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) listam o Elacatinus figaro como uma espécie vulnerável,[6] e o último recomenda que se enquadre na categoria vulnerável da Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN / IUCN).[3] A exportação de góbio-néon do Brasil é ilegal, o que significa que os espécimes criados em cativeiro são os únicos que podem ser vendidos legalmente no comércio de aquários.[7] Em 2005, o góbio-néon foi citado como vulnerável na Lista de Espécies da Fauna Ameaçadas do Espírito Santo;[8] em 2010, como regionalmente extinto na Lista das Espécies da Fauna Ameaçada de Extinção em Santa Catarina;[9] em 2014, como ameaçado de sobre-exploração no Livro Vermelho da Fauna Ameaçada de Extinção no Estado de São Paulo;[10] e em 2017, como vulnerável na Lista Oficial das Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção do Estado da Bahia.[11][12]

Etimologia[editar | editar código-fonte]

O nome genérico Elacatinus vem do grego elakatines que significa peixes fusiformes preservados em sal, enquanto o nome específico figaro faz referência ao personagem principal de Pierre Beaumarchais na peça O Barbeiro de Sevilha (1816).[4] O espécime-tipo foi tirado na Pedra do Navio, ilha Anchieta, Ubatuba, São Paulo por I. Sazima, R. Moura e C. Sazima, e a descrição foi publicada em abril de 1997 no Aqua: Journal of Ichthyology and Aquatic Biology Volume 5, Edição 3, pp 33–38.[13]

Referências

  1. «Elacatinus figaro Sazima, Moura & Rocha,1997» (PDF). Universidade Federal do Pará]]. Consultado em 18 de abril de 2022 
  2. «Barber Goby (Elacatinus figaro. Georgia Aquarium. Consultado em 18 de fevereiro de 2017. Arquivado do original em 19 de fevereiro de 2017 
  3. a b Daniel Fernando Almeida; Gabriel Soares Araujo; Marcelo R. Britto; Cláudio Luis Santos Sampaio (2016). «Elacatinus figaro Sazima, Moura & Rosa, 1997 (Gobiiformes: Gobiidae): Distribution extension of a Brazilian endangered endemic reef fish with comments on south-western Atlantic Ocean biogeography». Marine Biodiversity Records. 9 (59). doi:10.1186/s41200-016-0054-1Acessível livremente 
  4. a b Capuli, Estelita Emily; Bailly, Nicolas (2016). Pauly, D., ed. «Elacatinus figaro Sazima, Moura & Rosa, 1997». Fishbase. Consultado em 18 de fevereiro de 2017 
  5. «PORTARIA N.º 444, de 17 de dezembro de 2014» (PDF). Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio), Ministério do Meio Ambiente (MMA). Consultado em 24 de julho de 2021. Cópia arquivada (PDF) em 12 de julho de 2022 
  6. «Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção» (PDF). Brasília: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Ministério do Meio Ambiente. 2018. Consultado em 3 de maio de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 3 de maio de 2018 
  7. «Yellowline (Elacatinus figaro. Oceans, Reefs & Aquariums LLC. Consultado em 18 de fevereiro de 2017 
  8. «Lista de Espécies da Fauna Ameaçadas do Espírito Santo». Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (IEMA), Governo do Estado do Espírito Santo. Consultado em 7 de julho de 2022. Cópia arquivada em 24 de junho de 2022 
  9. Lista das Espécies da Fauna Ameaçada de Extinção em Santa Catarina - Relatório Técnico Final. Florianópolis: Governo do Estado de Santa Catarina, Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável, Fundação do Meio Ambiente (FATMA). 2010 
  10. Bressan, Paulo Magalhães; Kierulff, Maria Cecília Martins; Sugleda, Angélica Midori (2009). Fauna Ameaçada de Extinção no Estado de São Paulo - Vertebrados (PDF). São Paulo: Governo do Estado de São Paulo, Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado de São Paulo (SIMA - SP), Fundação Parque Zoológico de São Paulo. Consultado em 2 de maio de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 25 de janeiro de 2022 
  11. «Lista Oficial das Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção do Estado da Bahia.» (PDF). Secretaria do Meio Ambiente. Agosto de 2017. Consultado em 1 de maio de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 2 de abril de 2022 
  12. «Elacatinus figaro Sazima, Moura & Rosa, 1997». Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira (SiBBr). Consultado em 18 de abril de 2022. Cópia arquivada em 9 de julho de 2022 
  13. «Elacatinus figaro». Encyclopedia of Life. Consultado em 18 de fevereiro de 2017