Igreja do Divino Espírito Santo (Recife): diferenças entre revisões

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Igreja do Divino Espírito Santo
Igreja do Divino Espírito Santo (Recife)
Tipo igreja
Estilo dominante neoclássico
Arquiteto Antonio Fernandes de Matos e outros
Início da construção 18 de dezembro de 1686
Inauguração 17 de dezembro de 1690
Religião católica
Diocese Olinda e Recife
Geografia
País Brasil
Cidade Recife
Coordenadas 8° 03' 56.5" S 34° 52' 37.0" O
Mapa
Localização em mapa dinâmico

A Igreja do Divino Espírito Santo do Recife, consagrada a Nossa Senhora do Ó (por isso também denominada Igreja de Nossa Senhora do Ó), que fez parte do Colégio Jesuítico do Recife construído entre 1686 e 1690 sobre a Igreja Calvinista dos Franceses do Recife (erigida em 1642), é um templo católico, situado no Parque Dezessete da Ilha de Antônio Vaz, no atual Bairro de Santo Antônio do Recife, no litoral do estado de Pernambuco, no Brasil pertencente à Venerável Irmandade do Divino Espírito Santo do Recife.[1][2][3][4][5]

História

A Igreja do Divino Espírito Santo foi construída sobre a igreja calvinista dos franceses, erigida em 1642, e que existiu até 1654. A igreja calvinista da Cidade Maurícia havia sido construída em ação conjunta do Conde Maurício de Nassau e do Conselho dos XIX (da Companhia das Índias Ocidentais), a pedido dos reverendos franceses La Riviere e Auton, sendo representada sob a letra F na gravura Boa Vista, de Frans Post (c. 1647), como "Templum Gallicum".[1][2][3][4]

Igreja calvinista dos franceses do Recife, representada sob a letra F na gravura Boa Vista, de Frans Post (c. 1647), como "Templum Gallicum".

Após a Insurreição Pernambucana, em 1654, os padres da Companhia de Jesus de Olinda solicitaram ao Rei de Portugal a instalação de um colégio no Recife. As instalações, doadas pelo mestre de campo Francisco Barreto em 1655, compreendiam “duas moradas de caza [sic] de sobrado, fabricadas por Flamengos com suas lojas e da igreja dos franceses que os mesmos flamengos tinham feito por detraz daquellas cazas [sic]”.[1][2][3][4]

Antigo Colégio dos Jesuítas do Recife, a partir de 1855 convertido na Igreja do Divino Espírito Santo.

O Padre Gonçalo do Couto entregou a obra ao arquiteto português Antonio Fernandes de Matos, que lançou a pedra fundamental da Igreja a 18 de dezembro de 1686 que, dia de Nossa Senhora do Ó, a quem foi consagrada: "[...] teve início a partir da sacristia com as capelas e a nave central. Além da capela-mor, havia quatro laterais, duas no cruzeiro e duas no corpo da igreja, possuindo o templo 60 palmos de largura por 120 palmos de comprimento. A fachada da igreja dos jesuítas era diversa da de hoje, avançada em relação às torres, formando assim um pórtico, ou nártex, [...]" (SILVA, 2002).[1][2][3][4]

A inauguração deu-se em 17 de dezembro de 1690, funcionando como Colégio Jesuítico do Recife até 1759, quando o o Marquês do Pombal realizou a expulsão dos Jesuítas de Portugal e suas colônias. A partir dessa data, a Igreja e o Colégio passaram a ter vários usos, entre eles como palácio para "[...] Tribunal de Relação, Sala de Audiências; Repartição de Vacina; Faculdade de Direito; Correios; depósito do Arsenal de Guerra e até Teatro daSociedade Dramática Natalense, servindo de palco a própria capela-mor [...]; e, em 1816, o Colégio dos Jesuítas, depois de saqueado, serviu para nele guardarem, por algum tempo, um imenso elefante [...]" (PIO, 1960, p. 24).[1][2][3][4]

O colégio jesuítico foi construído em quadra, com a igreja no ângulo direito. Um desenho de André de Campos de Alvarenga, que reconstituiu a imagem original da fachada da igreja e do Colégio Jesuítico foi publicado por Anna Maria Fausto Monteiro de Camargo, que estudou a configuração que teve o edifício nos séculos XVII, XVIII e XIX. Em 30 de outubro de 1823, no entanto, o Governo de Pernambuco determinou a demolição do pórtico e recuo da fachada, para aumentar o tamanho do pátio do palácio (atual Parque Dezessete), ação comprovada por escavação do IPHAN em 1977, que encontrou os antigos alicerces.[1][2][3][4]

Lateral da Igreja do Divino Espírito Santo, tomada da Avenida Imperador Pedro II.

Devido aos seus múltiplos usos pelo Governo de Pernambuco, o Colégio Jesuítico chegou arruinado à década de 1850. Por tal razão, a Irmandade do Divino Espírito Santo recebeu o Colégio Jesuítico do presidente da província de Pernambuco, José Bento da Cunha e Figueiredo em 27 de julho de 1855, com a condição de restaurar a Igreja e receber, no segundo andar do Colégio, a cadeia e o Tribunal da Relação. Após as primeiras obras, em 8 de setembro de 1855, “transladou a Irmandade do Divino Espírito Santo da Igreja da Conceição dos Militares para a sua própria, o seu divino padroeiro, em solene procissão, conduzido o S.S. (Santíssimo) sob o palio e exposto no trono do Espírito Santo durante o Te Deum, ao recolher da procissão” (PIO, 1960, p. 33).[1][2][3][4]

Segundo Virgínia Barbosa, a Igreja do Divino Espírito Santo testemunhou muitos fatos marcantes da história do Recife, entre eles "a visita do Imperador Dom Pedro II (1859); a procissão de penitência durante a epidemia de peste (1860); a festa abolicionista, com celebração de missa, promovida pela Sociedade Patriótica Bahiana Dous de Julho, em 2 de julho de 1870; a recepção a Bispos; e a cerimônia fúnebre de Joaquim Nabuco, em 18 de abril de 1910".[1][2][3][4]

Até a entrada do século XX, ainda existia a metade esquerda do Colégio Jesuítico (que se observa nas fotografias do período), demolida para o prolongamento da Avenida Imperador Pedro II.[1][2][3][4]

Praça Dezessete

Igreja do Divino Espírito Santo e Praça Dezessete.

A atual Praça Dezessete, cujo nome é homenagem à Revolução Republicana de 1817, originalmente construída como adro calvinista da igreja dos franceses, a partir de 1686 foi denominada Pátio do Colégio. Após a construção do Cais às margens do Rio Capibaribe, em 1839, pelo engenheiro francês Júlio Boyer, o antigo Pátio do Colégio passou a ser conhecido como Cais do Colégio, tendo recebido em 1846 um chafariz de mármore fabricada por italianos de Gênova, com a escultura de uma índia representando a nação brasileira, período no qual o espaço foi ajardinado.[6]

Após o recebimento da igreja pela Venerável Irmandade do Divino Espírito Santo do Recife em 1855, o espaço passou a ser chamado Largo do Espírito Santo. Por ser aberto ao Rio Capibaribe, por ele desembarcou D. Pedro II e sua comitiva em 22 de novembro de 1859, ocasião na qual essa borda passou a ser conhecida como Cais do Imperador e o antigo Largo do Espírito Santo como Praça Dom Pedro II.[6]

No século XX, após a abertura da Avenida Imperador Pedro II, todo o conjunto, Cais e Praça, consolidaram-se como espaço público único, denominado Praça Dezessete, remodelada na década de 1930, quando, recebeu, em 1936, os jardins distribuído em seis quadras pelo paisagista Burle Marx.[6]

A praça está relacionada tanto à Igreja do Divino Espírito Santo quanto ao antigo Grande Hotel, hoje Fórum Tomaz de Aquino. Decreto Municipal nº 29.537, de 23 de março de 2016, reconheceu a Praça Dezessete como um dos 15 “Jardins Históricos de Burle Marx”.[6]

Ver também

Ligações externas

Referências

  1. a b c d e f g h i CARVALHO, Anna Maria Fausto Monteiro de. O Colégio de Jesus do Recife e Igreja de Nossa Senhora de Ó (PDF). [S.l.: s.n.] Consultado em 7 de abril de 2019 
  2. a b c d e f g h i BARBOSA, Virgínia. «Igreja do Divino Espírito Santo, Recife, PE.». Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Consultado em 7 de abril de 2019 
  3. a b c d e f g h i Perfil (6 de maio de 2016). «Igreja do Divino Espírito Santo – Recife, Pernambuco». Histórias, fotografias e significados das igrejas mais bonitas do Brasil. Consultado em 7 de abril de 2019 
  4. a b c d e f g h i «Igreja do Divino Espírito Santo». Visit Recife. Consultado em 7 de abril de 2019 
  5. Pernambuco, Os Novos Exploradores De (1 de março de 2019). «VER PERNAMBUCO +: IGREJA DO DIVINO ESPIRITO SANTO NO RECIFE». VER PERNAMBUCO +. Consultado em 7 de abril de 2019 
  6. a b c d «Leis Municipais». leismunicipais.com.br. Consultado em 7 de abril de 2019