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Abstração-Criação

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Abstração-Criação (em francês, Abstraction-Création) foi uma associação internacional de artistas plásticos estabelecida em Paris em 1931, com a proposta de superar a arte figurativa e apoiar o exercício da criatividade no campo do abstracionismo. A associação publicou cinco anuários entre 1932 e 1936 e organizou diversas exposições, chegando a congregar cerca de 400 artistas, a maioria da Europa e dos Estados Unidos.[1][2]

As origens da associação remontam ao movimento Círculo e Quadrado,[2] agrupamento de artistas de tendências construtivistas e abstratas, fundado em Paris, em janeiro de 1929, pelo escritor e artista plástico belga Michel Seuphor e pelo pintor uruguaio Joaquín Torres García. Além de propor a discussão e divulgação das ideias e trabalhos de artistas ligados aos conceitos do construtivismo, o movimento visava contrabalancear a influência do poderoso grupo surrealista liderado por André Breton. Contando com cerca de oitenta participantes, o grupo Círculo e Quadrado teve curta duração, cessando em 1931. Durante esse período, organizou uma exposição e publicou três números de uma revista chamada Cercle et Carré - nome que posteriormente passaria a identificar o próprio movimento.[3][4]

Apesar da existência efêmera, o movimento Círculo e Quadrado deu fundamental impulso à arte abstrata e seus propósitos seriam retomados pouco tempo depois pela associação Abstração-Criação.[4] Outra influência importante para o surgimento da associação seria a publicação do Manifesto da Arte Concreta (1930) de Theo van Doesburg, que definia o concretismo como uma manifestação da arte abstrata liberta de quaisquer associações simbólicas com a realidade. A associação foi estabelecida oficialmente em Paris, no dia 15 de fevereiro de 1931, tendo como membros fundadores os pintores franceses Auguste Herbin e Jean Hélion e o escultor belga Georges Vantongerloo.[2]

O grupo se organizaria de forma bastante livre, agregando artistas das mais diferentes tendências não-figurativas (construtivismo, neoplasticismo, expressionismo abstrato, abstracionismo geométrico, etc.) e de diversas nacionalidades, incluindo alguns dos antigos membros do movimento Círculo e Quadrado. Deu continuidade também ao propósito de barrar o ressurgimento da tendência figurativa na década de 1920,[4] que havia sido impulsionada pelo surrealismo e que havia motivado o surgimento do grupo anterior.[5] Em seu ápice, a associação Abstração-Criação chegou a contar com cerca de 400 integrantes. Dentre eles, destacaram-se Jean Arp, Albert Gleizes, František Kupka, Léon Tutundjian, Georges Valmier, Robert Delaunay, Max Bill, Alexander Calder, Piet Mondrian, Naum Gabo, Wassily Kandinsky, Ben Nicholson, Barbara Hepworth, Kurt Schwitters e Tarō Okamoto, entre outros.[1][2]

A associação realizou inúmeras exposições coletivas na Europa e publicou, entre 1932 e 1936, cinco anuários denominados Abstraction-création: Art non-figuratif. Embora fosse mais numeroso e tenha tido maior duração que o movimento Círculo e Quadrado, o Abstração-Criação não causou o mesmo impacto que o grupo que o antecedeu, em parte porque teve de conviver com outras vertentes estéticas surgidas ou consolidadas na década de 1930, como por exemplo a art decó. Apesar disso, a repercussão de suas atividades acabaria por resultar na formação de grupos menores, como o Unit One de Londres (1933), o Aliança, fundado por Max Bill em Zurique (1936), o American Abstract Artists (AAA), nos Estados Unidos (1936) e o Salon Réalités Nouvelles, na França (1946), contribuindo definitivamente para a assimilação das correntes não-figurativas na arte do século XX.[2][5]

Referências

  1. a b Grande Enciclopédia Larousse Cultural, 1998, pp. 27.
  2. a b c d e «Abstraction-Création». Enciclopédia Itaú Cultural de Artes Visuais. Consultado em 30 de março de 2010 
  3. «Cercle et Carré». Enciclopédia Itaú Cultural de Artes Visuais. Consultado em 30 de março de 2010 
  4. a b c «Cercle et Carré». Museu de Arte Contemporânea da USP. Consultado em 30 de março de 2010. Arquivado do original em 6 de dezembro de 2011 
  5. a b «Abstracion-Création». Museu de Arte Contemporânea da USP. Consultado em 30 de março de 2010. Arquivado do original em 16 de março de 2016 
  • Morais, Frederico (1991). Panorama das artes plásticas séculos XIX e XX. I 2 ed. São Paulo: Itaú Cultural. 27 páginas 
  • Vários (1998). Grande Enciclopédia Larousse Cultural. I. Santana do Parnaíba: Plural. 27 páginas