Agripino de Cartago

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 Nota: Para outras pessoas de mesmo nome, veja Agripino.
Agripino de Cartago
Nascimento século II
Morte Após 220
Nacionalidade
Império Romano
Ocupação Bispo

Agripino de Cartago (em latim: Agrippinus Carthagenensis) foi clérigo romano do final do século II e começo do III que teria exercido a função de bispo de Cartago até ao menos 220.[1] Por sua iniciativa convocar-se-ia o Primeiro Concílio da África em Cartago para se decidir se os convertidos ao catolicismo oriundos de correntes cismáticas ou heréticas deveriam ou não ser batizados. A decisão do concílio gerou reações póstumas.

Vida[editar | editar código-fonte]

Durante o seu episcopado, Agripino lidou com o problema de como tratar os cristãos convertidos de um cisma ou heresia; se fossem anteriormente católicos, a disciplina eclesiástica deixava-os sujeitos à penitência, mas era incerto o proceder para aqueles batizados fora da Igreja, sobretudo quanto a validade do batismo deles. Por iniciativa de Agripino, os bispos da Numídia e África Proconsular foram convocados ao Primeiro Concílio da África em Cartago[2] em 215-217[3] ou 220,[4] com cerca de setenta bispos.[2][5]

O enfoque dos debates era se estes conversos deveriam ser ou não batizados e concílio resolveu tal questão negativamente: segundo V. Saxer, "Juntos deliberaram que só era legítimo o batismo conferido no seio da Igreja católica".[1] Consequentemente, Agripino decidiu que estas pessoas deveriam ser absolutamente batizadas, pois não possuíam a verdadeira fé e não podiam se absolver de seus pecados. Além disso, alegou-se que a água utilizada nos batismos deles não podia livrá-los do pecado.[2]

Tais declarações permitiram que se chegasse a uma conclusão, muito embora ela não tornar-se-ia corrente na Igreja Romana. Apesar da questão ter sido levantada, ela não foi definitivamente decidida e por assumir-se que Agripino e os demais bispos convocados haviam agido de boa fé, eles não foram excomungados. Em meados do século, São Cipriano defendeu que a opinião de Agripino era a "correção de um erro" e mencionou que sua boa reputação como "homem de boa memória" (em latim: bonæ memoriæ vir) persistia. Santo Agostinho, por sua vez, ao escrever contra os donatistas, defendeu que Agripino e Cipriano, apesar de estarem errados, não cismaram com a Igreja.[2][6]

A.J.C.

Referências

  1. a b Saxer 2002, p. 62.
  2. a b c d A'Becket 1907.
  3. São Cipriano 1965, p. 365.
  4. Donaldson 2013, p. 26.
  5. Santo Agostinho 2002, 3.13,14..
  6. Christie 1870, p. 82.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Donaldson, Stuart A. (2013). Church Life and Thought in North Africa AD 200. Cambrígia: Cambridge University Press. ISBN 1107652766 
  • Santo Agostinho (2002). «On Baptism». In: Philip Schaff. The Writings Against the Manichaeans and Against the Donatists. Grand Rapids, MI: Christian Classics Ethereal Library 
  • São Cipriano (1965). Letters (1-81). Washington: Catholic University of American Press 
  • Saxer, V. (2002). «Agripino de Cartago». Dicionário Patrístico e de Antiguidades Cristãs. Petrópolis: Vozes. p. 62