Alberto Ángel Zanchetta

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Alberto Ángel Zanchetta (c. 1946[1]) é um padre católico argentino. Estudou no Seminário Metropolitano de Buenos Aires e na Faculdade de Direito Canônico da Universidade Católica da Argentina, onde obteve a licenciatura em Direito Canônico. Foi ordenado sacerdote em 1973. É mestre em Ética pela Universidade Popular Autônoma do Estado de Puebla (México). Foi professor de Teologia na Universidade Católica Argentina, entre 1978 e 1983, e na Universidade Católica de La Plata, em 2010 (campus San Andrés - San Martín).

Ingressou na Marinha argentina em 1º de abril de 1984, conforme o Decreto nº 1450/84.[2]

Na Marinha, atingiu o posto de capitão de fragata.[3]

Publicou vários artigos no boletim do Centro Naval, dois dos quais foram vencedores do prêmio "Domingo Faustino Sarmiento", concedido pelo próprio Centro Naval.[4] É também autor do livro Raíces de la Doctrina Social de la Iglesia.[5]

Atividades dentro da Igreja[editar | editar código-fonte]

Zanchetta exerceu vários cargos, na Marinha, e finalmente foi nomeado Chefe do Serviço Religioso do Comando de Operações Navais na Base Puerto Belgrano. Foi também chanceler e secretário-geral do bispado militar, entre 2003 e 2004. Em 2005, o então bispo Antonio Baseotto o enviou ao Haiti, para apoiar espiritualmente as tropas argentinas da MINUSTAH. Por seu trabalho e desempenho, Zanchetta foi condecorado pela ONU.

Mas, em 2009, sua trajetória profissional sofreu um sério revés, quando o Ministério da Defesa ordenou à Marinha que o exonerasse de suas funções, tendo em vista as repercussões de uma reportagem do jornal Página/12. Na sequência, Zanchetta retornou à jurisdição da sua arquidiocese, em Buenos Aires, tornando-se vigário paroquial de San Pedro Telmo.[6]

Logo partiria para a Itália, lá permanecendo por alguns meses, num curso sobre ação pastoral. Ao retornar, em 2010, passou a atuar na diocese de San Martín, na paróquia de Nuestra Señora de la Merced de Caseros, a principal do município de Tres de Febrero, província de Buenos Aires. Porém, o mal-estar de alguns parentes de antigos presos desaparecidos fez com que ele interrompesse sua colaboração com aquela paróquia. O bispo de San Martín, Guillermo Rodríguez Melgarejo, confiou-lhe, então, uma outra paróquia, dentro de sua diocese. Assim, em 6 de março de 2011, Zanchetta assumiu o cargo de administrador da paróquia María Inmaculada de San Martín. Mas, duas semanas depois, um escracho da Juventude Peronista Evita pôs um fim na sua colaboração - não só com a paróquia mas com toda a diocese de San Martín.[7]

Passados alguns anos, em 26 de abril de 2015, a administração do Hospital Italiano de Buenos Aires anunciou que Zanchetta havia sido nomeado capelão do Hospital. Diante da notícia, os trabalhadores da instituição se mobilizaram, distribuindo panfletos a afixando cartazes, com a frase Fuera Zancheta del HI. Afinal, dias depois, a administração do Hospital desistiu da nomeação.[1]

A controvérsia sobre o papel dos capelães na "guerra suja"[editar | editar código-fonte]

Um dos poucos relatos sobre o papel dos capelães militares durante a chamada guerra suja na Argentina pode ser lido no livro El vuelo, de Horacio Verbitsky. Nesse livro, o ex-capitão Adolfo Scilingo, um dos poucos militares que descreveu a mecânica do terrorismo de Estado a partir de dentro, conta que, após o primeiro vôo em que ele jogou prisioneiros vivos, adormecidos, no mar,sentiu-se mal e foi falar com o capelão da Escola, que encontrou uma explicação cristã para o que havia feito, usando a metáfora da separação do joio e do trigo.[6]

O historiador Lucas Bilbao e o sociólogo Ariel Lede, autores do primeiro estudo sistemático sobre o vicariato castrense a partir dos diários do provigário Victorio Bonamín,[8] escrevem, num informe entregue à Procuraduría de Crimes contra a Humanidade que "pelo menos 102 sacerdotes exerceram seu trabalho pastoral em unidades militares onde funcionaram centros clandestinos" e advertem sobre a "participación necessária", em delitos de lesa-humanidade, daqueles que, a soldo do Estado, sedavam as consciências dos torturadores e os ajudavam a obter informações dos sequestrados.[9]

Referências

  1. a b Martínez, Diego (8 de maio de 2015). Un capellán repudiado en el hospital. Página/12
  2. Boletín del Vicaríato Castrense nº 77, página 66, junho de 1984
  3. Padre que abençoava voos da morte é denunciado durante missa. IHU-Unisinos, 28 de março de 2011.
  4. Alberto A. Zanchetta (maio–agosto de 2007). «The professional and ethical challenge of military life» (PDF). Boletín del Centro Naval. pp. 209–217 
  5. Zanchetta, Alberto. Raíces de la Doctrina Social de la Iglesia. Cuestiones modernas. Ediciones Credo, 2018. ISBN 978-620-2-47860-1
  6. a b Veiras, Nora (27 de março de 2011). «Piedra libre para Zanchetta». Página/12 
  7. Vales, Laura (27 de março de 2011). La misa del asesino. Página/12.
  8. Bilbao, Lucas; Lede, Ariel. Profeta del genocidio : El Vicariato castrense y los diarios del obispo Bonamín en la última dictadura. Buenos Aires:Sudamericana, 2016, 600p.
  9. Las sotanas del terrorismo de Estado. Página/12, 27 de julio de 2015


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