Desastre aéreo de Santa Cruz de La Sierra

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Desastre aéreo de Santa Cruz de La Sierra
Acidente aéreo
Desastre aéreo de Santa Cruz de La Sierra
A aeronave em 1968, quando ainda operava sob as cores da TWA..
Sumário
Data 13 de outubro de 1976
Causa erro da tripulação
Local Bolívia arredores do Aeroporto El Trompillo, Santa Cruz de La Sierra
Origem Bolívia Aeroporto El Trombillo, Santa Cruz de la Sierra
Destino Estados Unidos Miami
Passageiros 0
Tripulantes 3
Mortos 3 + 104[1]
Feridos c. 100
Sobreviventes 0
Aeronave
Modelo Estados Unidos Boeing 707
Operador Estados Unidos Jet Power; alugado pelo Bolívia Lloyd Aéreo Boliviano
Prefixo Estados Unidos N 730JP
Primeiro voo 14 de julho de 1959

O Desastre aéreo de Santa Cruz de la Sierra ocorreu em 13 de outubro de 1976, quando um Boeing 707 cargo caiu sobre um bairro da cidade de Santa Cruz de la Sierra poucos minutos após decolar do aeroporto El Trompillo. A queda da aeronave causou uma grande explosão, que destruiu várias casas, uma escola e parte do estádio Willy Bendeck (atual estádio Ramón Tahuichi Aguilera). Os 3 tripulantes e mais 104 pessoas em terra morreram, enquanto centenas ficaram feridas, no que é considerado o pior acidente aéreo da história da Bolívia.[2][3]

Aeronave[editar | editar código-fonte]

O Boeing 707 foi ao lado do Douglas DC-8 e do Sud Aviation Caravelle um dos primeiros jatos de passageiros do mundo a operar com grande sucesso. Seu primeiro voo foi realizado em 15 de julho de 1954, e a nova aeronave entrou em serviço no ano seguinte. As maiores companhias aéreas de passageiros do mundo passaram a encomendar e operar o 707, que se transformou na aeronave mais empregada da década de 1960. No final daquela década, as primeiras aeronaves eram vendidas para companhias menores e adaptadas para o transporte de cargas.[4]

A aeronave destruída no acidente havia sido construída em 1959 e vendida para a TWA, onde foi entregue em 14 de julho daquele ano, sendo registrada N 744TW. Após transportar passageiros durante toda a década de 1960, a aeronave foi vendida em 1971 para a companhia israelense IAI, que efetuou sua conversão para transprotar cargas. Na década de 1970, a aeronave voou pelas companhias aéreas Phoenix AW e Jet Power, que cedia a aeronave (registrada como N-730JP) por meio de leasing para outras companhias aéreas.[5]No momento do acidente, a Jet Power havia cedido o Boeing 7070 N730JP para o Lloyd Aéreo Boliviano.[5]

Acidente[editar | editar código-fonte]

O Boeing 707 N730JP da companhia Jet Power decolou de Houston com destino a Santa Cruz de la Sierra. A aeronave transportava equipamentos para prospeção de petróleo e havia sido contratada pelo Lloyd Aéreo.[6]O Boeing pousou no fim da manhã de 13 de outubro no aeroporto El Trompillo, Santa Cruz.

Algumas horas depois, foi preparada para efetuar o voo de regresso para Miami, sede da companhia. A aeronave decolou por volta das 13h30 da pista 32. Poucos segundos após decolar, o Boeng não conseguia subir e uma de suas asas colidiu com o 2º andar de uma escola, que desabou; embora não houvesse aulas ali , o desabamento matou o caseiro da escola e toda sua família. Desgovernada, a aeronave desceu e foi colidindo com diversas residências até bater no estádio Willy Bendeck onde seus tanques de combustível se romperam, causando uma grande explosão.[7]

Os tripulantes e 104 pessoas em terra morreram instantaneamente, a maioria queimada pelo combustível da aeronave e por querosene que eram vendida em uma empresa distribuidora localizada nos arredores do estádio. Naquela tarde, centenas de pessoas formavam uma fila na porta da empresa distribuidora para comprar querosene e gás, enquanto que crianças disputavam um jogo em um dos campos do complexo esportivo do estádio Willy Bendeck. Os mortos em terra estavam nesses lugares no momento do acidente.[7] O aeroporto El Trombillo, localizado em meio a uma zona residencial de Santa Cruz, não contava com serviços de resgate e ou ambulâncias ,de forma que o socorro aos ferios foi feito de forma lenta.[8]

Investigações[editar | editar código-fonte]

As investigações foram coordenadas pelo National Transport Safety Board (NTSB) e pela autoridades bolivianas. Poucos dias após o acidente, o escritório boliviano da Braniff International recebeu uma carta de duas páginas exigindo US$ 100 mil. Os responsáveis pela carta anunciavam que a queda do Boeing 707 era um atentado e que a Braniff deveria pagar o valor pedido por eles, do contrário eles sabotariam outra aeronave, desta vez da referida empresa aérea. A carta foi remetida pelo responsável da Braniff na Bolívia para a embaixada americana em La Paz.[9] A amaeça foi levada a sério e devidamente investigada, onde se concluiu que a mesma era inverídica, pois a queda do Boeing havia sido causada pro erro da tripulação[8]

Posteriormente surgiram outras versões sobre a queda na imprensa sul americana, como a de que a aeronave havia sido reabastecida com combustível contaminado com água no aeroporto de Santa Cruz e ou que havia caído por excesso de peso, por possivelmente transportar carga de contrabando. [10]

As investigações foram dificultadas por conta da caixa preta da aeronave estar desativada na época do acidente. Assim, a possível causa da queda foi investigada através de dados da torre de controle e comunicações de rádio. Assim foi determinado que a aeronave caiu por conta de erros da tripulação que não selecionou corretamente o empuxo e a velocidade necessárias para que o Boeing 707 decolasse com segurança. Esses erros foram causados por possível fadiga dos membros da tripulação, que tinham descansado apenas 2 horas (conforme os registros do hotel em Santa Cruz) após o voo de 5 horas de duração entre a decolagem em Houston e o pouso em Santa Cruz.[8]

Consequências[editar | editar código-fonte]

Após o acidente, setores da imprensa e da sociedade civil cobraram o encerramento do aeroporto El Trompillo, que se localiza em meio a uma área urbana. O governo boliviano contratou o projeto de um novo aeroporto para Santa Cruz, porém as obras só foram iniciadas no final dos anos 1970. Ao custo de US$ 70 milhões (financiados através de bancos japoneses), o Aeroporto Internacional Viru Viru foi inaugurado em 12 de julho de 1984 e substituiu o velho aeroporto de El Trompillo que passou a receber apenas voos regionais e militares.[11]

Referências

  1. AP (15 de outubro de 1976). «A 104 ascienden muertos por tragédia aérea en Bolivia». La Nación (Costa Rica), Ano , Edição, página 18A. Consultado em 7 de dezembro de 2013 
  2. «ASN Aviation Safety Database». Aviation Safety Network. Consultado em 7 de dezembro de 2013 
  3. «Avião cai em escola na Bolívia». Folha de S. Paulo, Ano LVI, edição 17360, página 14. 14 de outubro de 1976. Consultado em 7 de dezembro de 2013 
  4. «707 family». Boeing. Consultado em 7 de dezembro de 2013 
  5. a b «JetPhotos.Net Aircraft Census Database». Jetphotos. Consultado em 7 de dezembro de 2013. Arquivado do original em 11 de abril de 2015 
  6. BBC (2005). «1976: Bolivian plane crashes in Santa Cruz». BBC On this day. Consultado em 7 de dezembro de 2013 
  7. a b Cecilia Dorado N. (9 de outubro de 2011). «No se borra el recuerdo del peor desastre aéreo». El Deber (Santa Cruz de la Sierra). Consultado em 7 de dezembro de 2013. Arquivado do original em 11 de dezembro de 2013 
  8. a b c «Power loss and crew fatigue suspected in Santa Cruz inquiry». Flight International, número 3556, volume 111, página 1235. 7 de maio de 1977. Consultado em 7 de dezembro de 2013 
  9. «Memorando confidencial (desclassificado) da embaixada americana na Bolívia para o Departamento de estado (Washington)». National Archives and Records Administration (NARA). 20 de outubro de 1976. Consultado em 7 de dezembro de 2013 
  10. «Desastre aéreo: Santa Cruz de la Sierra, 1976». Diário La Opinion (Argentina). 12 de novembro de 2011. Consultado em 7 de dezembro de 2013. Arquivado do original em 12 de dezembro de 2013 
  11. Jonathan R. Olguin. «Aeródromos en el Departamento de Santa Cruz de la Sierra». AviaciónBoliviana.Net. Consultado em 7 de dezembro de 2013. Arquivado do original em 9 de agosto de 2013 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]