Francisco Maria do Prado Lacerda

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Francisco Maria do Prado Lacerda
Francisco Maria do Prado Lacerda
Nascimento 1 de janeiro de 1827
Morte 23 de dezembro de 1891 (64 anos)
Cidadania Reino de Portugal
Ocupação padre, diácono, bispo católico
Religião Igreja Católica

Francisco Maria de Sousa do Prado de Lacerda (Chamusca, 1 de Janeiro de 1827 — Chamusca, Chamusca, 23 de Fevereiro de 1892) foi o 29.º bispo da Diocese de Angra, tendo-a governado de 1889 a 1891.

Biografia[editar | editar código-fonte]

D. Francisco Maria do Prado Lacerda foi pároco da sua vila natal, tendo a seu cargo a Igreja Matriz de São Brás. Na sequência de um pedido do 28.º bispo de Angra, D. João Maria Pereira de Amaral e Pimentel, que se sentia cansado e pedia um coadjutor, o governo português apresentou-o 1885, tendo a Santa Sé confirmado no ano seguinte a sua eleição como coadjutor com direito de sucessão, concedendo-lhe o título de bispo de Nilópolis.

Foi sagrado na Sé Catedral de Lisboa a 4 de Abril de 1886, partindo de imediato para a sede episcopal de Angra do Heroísmo, cidade em que deu solene entrada a 10 de Abril de 1886, sendo aí recebido no cais pelo prelado efectivo que lhe proporcionou honras na Sé.

Na sua ida para os Açores foi acompanhado pelo seu irmão, o padre António Maria do Prado Lacerda, que exercia as funções de seu secretário. Esta situação foi de pouca dura, já que pouco depois nomeou seu secretário o padre José dos Reis Fisher, pessoa que teria profunda influência futura na diocese.

Embora como coadjutor tenha exercido uma importante acção, o relacionamento com o titular diocesano foi mau, levando a que nas palavras irónicas do cónego José Augusto Pereira fazendo tudo, mesmo o que não lhe competia e até o que devia supor era contra a vontade do Coadjuvado.[1] Lançou editais, pastorais e provisões sobre a vida da diocese e interessou-se pela disciplina eclesiástica. De carácter inflexível, dirigiu censuras e exigiu a obrigação do Breviário, então já há muito esquecida, sob pena de sujeição a exame de reza. Também não permitia que os clérigos, qualquer que fosse a indumentária, não ostentassem o cabeção eclesiástico.

Na vertente pastoral, publicou uma provisão sobre o suicídio e intensificou a doutrinação cristã dos nubentes. Também regulou os serviços que então se prestavam no coro e no baptistério da Sé Catedral de Angra.

Tentou obter a aquisição do antigo Convento da Graça, em Angra, para instalação do Liceu de Angra, então a funcionar conjuntamente com o recém-criado Seminário Episcopal de Angra no extinto Convento de São Francisco de Angra. Esta iniciativa, apesar do empenho pessoal da rainha D. Amélia de Orleães, gorou-se.

Em 1890 foi a Roma em visita ad Sacra Limina. No regresso fez visita pastoral à ilha de Santa Maria, não podendo visitar então a ilha de São Miguel devido a uma epidemia de varíola que então ali grassava.

Sendo um grande devoto de Nossa Senhora de Lourdes, conseguiu que a Sagrada Congregação dos Ritos, por decreto de 17 de Abril de 1891, permitisse a inclusão no calendário diocesano da festa daquela invocação, a celebrar em cada ano a 11 de Fevereiro.

Estando doente, dirigiu-se às Caldas da Rainha para procurar alívio nas termas daquela localidade. Não o conseguindo, faleceu na vila da Chamusca. Segundo a tradição, a doença resultara de um abraço propositadamente forte que por mandado de um fidalgo que não obtivera do Sr. D. Francisco a readmissão de um seminarista expulso, o prelado recebera durante uma visita pastoral à ilha de São Miguel.

Referências

  1. José Augusto Pereira, A Diocese de Angra na História dos seus Prelados, União Gráfica Angrense, Angra do Heroísmo, 1950.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • João José Aguiar, O Bispo de Nilópolis e a ilha Terceira, Angra do Heroísmo, 1887.
  • José Augusto Pereira, A Diocese de Angra na História dos seus Prelados, União Gráfica Angrense, Angra do Heroísmo, 1950.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]