Gestão João Doria na prefeitura de São Paulo

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Entre 2017 e 2018, a cidade de São Paulo foi governada pelo empresário João Doria, segundo prefeito eleito pelo PSDB na cidade. Doria foi eleito no primeiro turno, feito inédito desde a adoção da eleição de dois turnos, tendo recebido mais de 3 milhões de votos (53% dos votos válidos), 2 milhões a mais que Fernando Haddad do PT, que tentava a reeleição. No dia 1º de janeiro de 2017, Doria tomou posse do cargo de prefeito com mandato para até 1º de janeiro de 2021, porém, renunciou ao cargo em 2018 para disputar o governo de São Paulo.

João Doria em março de 2017

João Doria chegou à prefeitura de São Paulo como um outsider político. No primeiro dia de gestão, apareceu na avenida Nove de Julho, no Centro, vestido de gari junto aos secretários, para simbolizar o "trabalho duro" que faria pela cidade.[1] Esse tipo de ação de rua acabou se tornando frequente durante a gestão, com Doria participando da zeladoria urbana e até mesmo andando de cadeira de rodas para testar calçadas.[2]

Com muita influência nas redes sociais, onde frequentemente interagia com os munícipes através de vídeos, fotos e hashtags como #JoãoTrabalhador e #AceleraSP, Doria trouxe à gestão um estilo de governar baseado no marketing digital.[3]

SP Cidade Linda[editar | editar código-fonte]

Uma das primeiras medidas da nova gestão foi o programa de zeladoria urbana SP Cidade Linda, que visava o embelezamento da cidade. Como primeira ação, o programa começou por 'declarar guerra' às pichações na cidade, onde a prefeitura passou a apagar pichações e até grafites.[4] O apagamento de grafites da avenida 23 de Maio e dos Arcos do Jânio, que haviam sido autorizados pela gestão anterior, gerou polêmica, sendo alvo de críticas por parte da coletivos culturais e partidos de oposição.[5][6] Para amenizar as críticas, Doria criou um 'Corredor Verde' na avenida 23 de Maio, com paisagismo, e fez uma reforma completa nos Arcos do Jânio.[7][8]

Aumento da velocidade nas marginais[editar | editar código-fonte]

O aumento da velocidade de tráfego permitida nas marginais Tietê e Pinheiros para 90 e 70 km/h foi outra grande polêmica dos primeiros meses de gestão. A gestão anterior havia diminuído a velocidade em vias de grande circulação, com a justificativa de que isso reduziria o número de acidentes em tais vias, além de ser um ponto positivo para a fluidez no trânsito. Porém, enquanto o prefeito anterior (Fernando Haddad, PT) ganhou simpatia de acadêmicos e de associações de ciclistas com a medida, enfrentou também uma enorme rejeição popular à ela. Doria, na campanha, prometeu reverter essa política, e até o nome de sua coligação, Acelera São Paulo, foi um trocadilho oriundo deste tema. Assim que reverteu a medida, associações de ciclistas entraram na Justiça contra a prefeitura, sem sucesso, numa tentativa de abortar a decisão.[9]

Assistência Social[editar | editar código-fonte]

Uma das principais bandeiras da gestão Doria para a população em situação de rua foi a construção dos Centro Temporários de Acolhimento (CTAs), voltados ao acolhimento da população em situação de rua. O 17º CTA foi inaugurado no bairro da Liberdade, dias antes da renúncia de Doria, que abriu mão do mandato de prefeito para disputar o cargo de governador do estado de São Paulo.[10]

"Fim da Cracolândia"[editar | editar código-fonte]

No primeiro ano de governo, Doria encerrou o programa De Braços Abertos, que dava uma auxílio financeiro e um quarto em hotel para dependentes químicos na região da Cracolândia, no Centro, em troca de pequenos serviços de zeladoria urbana, como varrição. Doria criou outros dois programas, o Redenção, que visava a internação dos dependentes, e o Trabalho Novo, que encaminhava a população em situação de rua para o mercado de trabalho. Numa ação conjunta com o governo do Estado, a prefeitura chegou a demolir prédios usados como hotéis para o De Braços Abertos na região. Na ocasião, Doria chegou a afirmar que a Cracolândia havia chegado ao fim, o que não aconteceu.[11][12]

Farinata[editar | editar código-fonte]

No fim de 2017, Doria se envolveu em outra polêmica ao apresentar a Farinata, um biscoito produzido com farinha oriunda do processamento de produtos perto do prazo de vencimento. Na altura, o prefeito afirmou que ela seria incluída na merenda das crianças em escolas e creches municipais, e nas refeições dos centros de acolhida de moradores em situação de rua. Sob fortes críticas, Doria chegou a dizer que "Pobre não tem hábito alimentar, tem fome" para justificar o biscoito, mas acabou recuando da ideia.[13]

Saúde[editar | editar código-fonte]

Uma das principais promessas de campanha de Doria foi o Corujão da Saúde, que visava zerar a fila por exames na cidade, utilizando a estrutura da rede privada durante horários noturnos. Em três meses, o programa realizou 342 mil atendimentos e zerou a fila por espera de exames herdada da gestão anterior.[8]

Poucos dias antes da renúncia, Doria também inaugurou o Hospital Municipal de Parelheiros, no extremo sul da cidade.[14]

Monumento à Imigração Japonesa, de Tomie Ohtake, recuperado durante a gestão Doria.

Privatizações e Concessões[editar | editar código-fonte]

Ainda no primeiro ano de gestão, João Doria lançou um ousado pacote de privatizações e concessões de equipamentos públicos, como o Estádio do Pacaembu, o Autódromo de Interlagos, o Centro de Convenções Anhembi, os mercados municipais, os parques municipais, entre eles o Parque do Ibirapuera, etc.[8] Para conseguir atrair investimento, o prefeito fez viagens internacionais à Ásia.[15]

Doações Privadas[editar | editar código-fonte]

Bem relacionado com o setor privado, Doria também conseguiu atrair investimentos e doações privadas para São Paulo, principalmente a reforma de monumentos históricos, como as praças Ramos de Azevedo e Cidade de Milão, e o monumento à Imigração Japonesa de Tomie Ohtake, mas atraiu também a doação de bens, desde pastas de dente até veículos.[16]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

Ligações externas[editar | editar código-fonte]