Guilherme de Warenne, 1.º Conde Surrey

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Guilherme de Warenne
1.º Conde Surrey
Seigneur de Varennes
Morte 1088
Esposa Gundred, Condessa de Surrey
Pai Ranulfo I de Warenne
Mãe Beatriz

Guilherme de Warenne, 1.º Conde Surrey, Seigneur de Varennes (nascido em data desconhecida - 1088), foi um nobre normando, que foi criado conde de Surrey sob o reinado de Guilherme II, o Ruivo. Foi uma das poucas pessoas documentadas estando presente com Guilherme, o Conquistador, na Batalha de Hastings em 1066. No Domesday Book mantinha extensas terras em treze condados, incluindo a Rape de Lewes, em Sussex (atual East Sussex).

Início de carreira[editar | editar código-fonte]

Guilherme era filho de Ranulfo I de Warenne e sua primeira esposa Beatriz (cuja mãe foi, provavelmente, irmã da duquesa Gunora, esposa do duque Ricardo I).[nota 1] Da mesma forma, Orderico Vital o descreveu como o consanguineus (literalmente "primo") de Rogério, geneticamente mais um termo de parentesco próximo, mas não normalmente usado para descrever irmãos, e Rogério de Mortimer parece ter sido uma geração mais velho que Guilherme de Warenne, seu suposto irmão.[2] Cartas relataram vários homens anteriores associados com Warenne. Um Ranulfo de Warenne aparece em uma carta datada entre 1027 e 1035, e em uma de cerca de 1050 com uma esposa chamada Beatriz, enquanto em 1059, Ranulfo e sua esposa Ema aparecem junto com seus filhos Ranulfo e Guilherme. Estas ocorrências têm sido normalmente tomadas para representar esposas sucessivas de um único Ranulfo, com Beatriz sendo a mãe de Guilherme e, portanto, idêntica à sobrinha Gunnorid,[3] apesar de uma carta de 1059 nomear explicitamente Ema como sua mãe.[4] Uma reavaliação das cartas sobreviventes levou Katherine Keats-Rohan a sugerir que, como ele parece ter feito em outros lugares, Roberto de Torigni tem comprimido duas gerações em uma, com um Ranulfo (I) e Beatriz sendo pais de Ranulfo (II) de Warenne e de Rogério de Mortimer (um Rogério filho de Ranulfo de Warenne aparece em uma carta datada de 1040/1053), e Ranulfo (II) e Ema foram, então, os pais de Ranulfo (III), o herdeiro, na Normandia, e Guilherme, como atesta a carta de 1059. Associações com Vascœuil levaram à identificação da progenitora de Warenne com uma viúva Beatriz, filha de Tesselin, vicomte de Ruão, aparecendo lá em 1054-1060. Como Roberto de Torigni é mostrado como um vicomte de Ruão por ter se casado com uma sobrinha de Gunora, isso talvez explique a tradição de uma relação com Gunnorid.[5][nota 2] No início do reinado do duque Guilherme II, Ranulfo II não era um grande proprietário de terras e, como segundo filho, Guilherme de Warenne não ficou para herdar pequenas propriedades da família. Durante as rebeliões de 1052-1054, provou ser leal ao duque e desempenhou um papel significativo na Batalha de Mortemer para o qual ele foi recompensado com terras confiscadas de seu tio, Rogério de Mortemer, incluindo o Castelo de Mortimer e a maioria das terras circundantes.[12] Mais ou menos ao mesmo tempo, adquiriu terras em Bellencombre incluindo o castelo que se tornou o centro de suas terras na Normandia.[7]

Conquista da Inglaterra[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Conquista normanda da Inglaterra
Brasão de Armas de Warenne, Conde de Surrey

Guilherme estava entre os barões normandos convocados para um conselho do duque Guilherme II quando foi tomada a decisão de se opor à adesão do rei Haroldo II ao trono da Inglaterra.[7][13] Lutou na Batalha de Hastings e foi bem recompensado com numerosas terras. O Domesday Book registra suas terras estendidas sobre treze condados e contou com a importante Rape de Sussex, vários feudos em Norfolk, Suffolk e Essex, o significativo feudo de Conisbrough em Yorkshire e o Castelo Acre em Norfolk, que se tornou seu caput.[7][8] Ele é um dos poucos companheiros comprovados de Guilherme, o Conquistador, conhecidos por ter lutado na Batalha de Hastings em 1066.[14][15][16] Ele lutou contra os rebeldes na Ilha de Ely em 1071, onde mostrou um desejo especial em caçar Herevardo, o Vigilante que tinha matado seu cunhado Frederico no ano anterior.[17][18] É suposto que Herevardo o tenha derrubado com um disparo de flecha.[19]

Carreira posterior[editar | editar código-fonte]

Em algum momento entre 1078 e 1082,[20] Guilherme e sua esposa Gundred viajaram a Roma visitando mosteiros ao longo do caminho. Na Borgonha eles foram incapazes de ir mais longe devido a uma guerra entre o Imperador Henrique IV e o Papa Gregório VII. Eles visitaram a Abadia de Cluny e ficaram impressionados com os monges e sua dedicação. Guilherme e Gundred decidiram fundar um convento de Cluny em suas próprias terras na Inglaterra. Restaurou edifícios para uma abadia. Eles contactaram Hugo, o abade de Cluny, para os monges virem à Inglaterra em seu mosteiro. A casa que fundaram foi o Priorado de Lewes dedicada a São Pancrácio,[21][22] o primeiro convento de Cluny na Inglaterra.[23]

Era leal a Guilherme II,[17] e foi, provavelmente, no início de 1088 que foi criado conde de Surrey.[24] Foi mortalmente ferido no primeiro cerco do Castelo de Pevensey e morreu em 24 de junho de 1088 em Lewes, Sussex, e foi enterrado ao lado de sua esposa Gundred na sala do capítulo do Priorado de Lewes.[25][26]

Família[editar | editar código-fonte]

Casou-se pela primeira vez, antes de 1070, com Gundred, filha de Guilherme, o Conquistador, e sua esposa Matilda. Isso é mostrado em uma carta de Guilherme referindo-se a Gundrada (Gundred em latim) como "Filae Meae" (minha filha),[27][28] irmã de Gerbod, o Flamengo, primeiro conde de Chester. Orderico Vital fez muitos erros em sua História Eclesiástica da Inglaterra e Normandia, que escreveu um século após a conquista. Vital era um homem de setenta anos de idade, com uma intensa antipatia por normandos e continuamente cometeu erros em sua história (veja Reverend Thomas Warren: History of the Warren Family), desde o momento em que numerosos historiadores ingleses tentaram autenticar seu relato do duque Guilherme e sua família, mas não conseguiram. Gundred de Warenne foi enterrada no Castelo de Lewes. Seu túmulo ainda existe com uma placa de mármore do mesmo design exato como o da placa de túmulo de sua mãe, que também possuí um mármore decorado em preto. O DNA é susceptível de provar que Gundred e Matilda eram mãe e filha. Tal foi o desagrado inglês aos normandos, que eles roubaram tanto a placa de túmulo de Guilherme de Warenne e a de sua esposa para colocar sobre os seus próprios túmulos.[29][30][31]

Guilherme se casou pela segunda vez com uma irmã de Ricardo Goulet, que lhe sobreviveu.[32]

Descendência

Com Gundred Guilherme, Conde de Surrey teve:

Surrey, por sua segunda esposa, não teve descendência.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Notas

  1. O cronista Roberto de Torigni relatou, em suas adições ao Gesta Normannorum Ducum de Guilherme de Jumièges, que Guilherme de Warenne e o barão anglo-normando Rogério de Mortimer eram filhos de uma sobrinha sem nome de Gunora. Infelizmente, genealogias de Roberto são um pouco confusas (em outros lugares elas o indicam como filho de Guilherme, e mais uma vez faz com que ambos sejam filhos de Valter de São Martinho), e vários dos escritos familiares de Roberto parecem conter muito poucas gerações.[1]
  2. Nas genealogias de Roberto, veja também Eleanor Searle, Guilherme era de Varenne,[6][7][8] Ducado da Normandia, hoje, na comuna de Bellencombre, Sena Marítimo.[9][10][11]

Referências

  1. K. S. B. Keats-Rohan, "Aspects of Torigny's Genealogy Revisited", Nottingham Medieval Studies 37:21-7
  2. Lewis C. Loyd, "The Origins of the Family of Warenne", Yorkshire Archaeological Journal, 31: 97-113; Keats-Rohan, "Aspects", op.cit.
  3. Observações em desaprovação de um casamento de mentira de Guilherme de Warren, conde de Surrey com uma filha [...] de Guilherme, o Conquistador, Archaeological Journal, 3:1-12; G. H. White, "The Sisters and Nieces of Gunnor, Duchess of Normandy", Genealogist, n.s. 37:57-65
  4. Keats-Rohan, "Aspects", op.cit.
  5. K. S. B. Keats-Rohan, "Aspects", op.cit.
  6. Predatory Kinship and the Creation of Norman Power, 840-1066, pp. 100-105; Elisabeth M. C. van Houts, "Robert of Torigni as Genealogist", Studies in Medieval History presented to R. Allen Brown, p.215-33, and Kathleen Thompson, "The Norman Aristocracy before 1066: the Example of the Montgomerys", Historical Research 60:251-63.
  7. a b c d G. E. Cokayne, The Complete Peerage, Vol. XII/1 (Londres: The St. Catherine Press, 1953), p. 493
  8. a b William Farrer; Charles Travis Clay, Early Yorkshire Charters, Volume VIII; The Honour of Warenne (The Yorkshire Archaeological Society, 1949), p. 3
  9. K.S.B. Keats-Rohan, Domesday People, a Prosopography of Persons Occurring in English Documents 1066-1166 (Woodbridge: The Boydell Press, 1999), p. 480
  10. Lewis C. Loyd, The Origins of Some Anglo-Norman Families, ed. Charles Travis Clay; David C. Douglas (Baltimore: Genealogical Publishing Co., 1992) pp. 111-12
  11. G. E. Cokayne, The Complete Peerage, Vol. XII/1 (Londres: The St. Catherine Press, 1953), p. 491
  12. David C. Douglas, William the Conqueror (Berkeley; Los Angeles: University of California Press, 1964), p. 100
  13. Elisabeth M.C. van Houts, 'The Ship List of William the Conqueror',Anglo-Norman Studies X; Proceedings of the Battle Conference 1987, ed. R. Allen Brown (Woodbridge: Boydell Press, 1988), pp. 159, 161
  14. The Gesta Guillelmi of William of Poitiers, ed & trans. R.H.C. Davis and Marjorie Chibnall (Nova Iorque: Oxford University Press, 1998), pp. 134-5
  15. G. E. Cokayne, The Complete Peerage, Vol. XII/1 (Londres: The St. Catherine Press, 1953), Appendix L, 'Companions of the Conqueror' pp. 47-8
  16. A. Duchesne, Historiae Normannorum Scriptores Antiqui (Lutetiae Parisiorum 1619), pp. 202,204 (one of 12 nobles named by William of Poitiers)
  17. a b  William Hunt (1899). «Warenne, William (d.1088)». In: Lee, Sidney. Dictionary of National Biography. 59. Londres: Smith, Elder & Co. pp. 372–373 
  18. van Houts, 'Frederick, Brother-in-Law of William of Warenne,' Anglo-Saxon England, Nova Iorque, Vol. 28 (1999), p. 218
  19. Appleby, Outlaws in Medieval and Early Modern England (2009), pp. 28-9
  20. William Farrer; Charles Travis Clay, Early Yorkshire Charters, Volume VIII; The Honour of Warenne (The Yorkshire Archaeological Society, 1949), p. 4
  21. Brian Golding, 'The Coming of the Cluniacs', Anglo-Norman Studies III; Proceedings of the Battle Conference 1980, Vol. III ( Woodbridge: Boydell Press,1981), pp. 65, 67
  22. William Farrer; Charles Travis Clay, Early Yorkshire Charters, Vol. VIII; The Honour of Warenne (The Yorkshire Archaeological Society, 1949), pp. 50-55
  23. David Knowles, The Monastic Order in England, Second Ed. (Cambridge University Press, 1966), pp. 151-2
  24. C. P. Lewis, The Earldom of Surrey and the Date of the Domesday Book, Historical Research; The Bulletin of the Institute of Historical Research, Vo. 63, Issue 152 (outubro de 1990), p. 335 (entre o final de 1087 e 24 de março de 1088)
  25. G. E. Cokayne, The Complete Peerage, vol. xii/1 (The St. Catherine Press, Londres, 1953), pp. 494-5
  26. Hyde Abbey, Liber Monasterii de Hyda: Comprising a Chronicle of the affairs of England, ed. Edward Edwards (Longmans, Green, Reader, and Dyer, Londres, 1866), p. 299
  27. G. E. Cokayne, The Complete Peerage, Vol iv (The St. Catherine Press, Londres, 1916), p. 670
  28. David C. Douglas, William The Conqueror (University of California Press, Berkeley & Los Angeles, 1964) pp. 267, 392
  29. Trans. Thomas Forester, Volume II (Henry G. Bohn, Londres, 1854), p. 47.
  30. Frederick of Oosterzele-Scheldewindeke.
  31. Elisabeth van Houts, 'Frederick, Brother-in-Law of William of Warenne', Anglo-Saxon England, Vol. 28 (1999). pp. 218-220
  32. G. E. Cokayne, The Complete Peerage, vol. xii/1 (The St. Catherine Press, Londres, 1953), p. 494 & nota (l)
  33. G. E. Cokayne, The Complete Peerage, vol. xii/1 (The St. Catherine Press, Londres, 1953), pp. 495-6
  34. a b G. E. Cokayne, The Complete Peerage, vol. xii/1 (The St. Catherine Press, Londres, 1953), p. 494 nota (b)
  35. Detlev Schwennicke, Europäische Stammtafeln: Stammtafeln zur Geschichte der Europäischen Staaten, Neue Folge, Band III Teilband 4 (Marburg, Alemanha: J. A. Stargardt, 1989), Tafel 699
  36. K. S. B. Keats-Rohan, Domesday Descendants: A Prosopography of Persons Occurring in English Documents 1066-1166, Vol. II (UK, Rochester, NY: Boydell & Brewer, 2002), p. 408

Leitura adicional[editar | editar código-fonte]

  • Loyd, L. C.,'The Origin of the Family of Warenne', Yorkshire Archaeological Journal vol. xxxi (1933) pp. 97–113

Precedido por
criado
Conde de Surrey
até 1088
Sucedido por
Guilherme de Warenne II