Herpes neonatal

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Herpes neonatal
Herpes neonatal
Vírus da herpes simples
Sinónimos Herpes congénita, herpes simples neonatal
Especialidade pediatria
Sintomas Lesões na pele, nenhuns
Início habitual 85% durante o parto
Tipos Herpes localizada, herpes disseminada, herpes do sistema nervoso central[1]
Causas Vírus do herpes simples transmitido entre a mãe e o recém-nascido[2]
Prognóstico Morbilidade e mortalidade elevadas[3]
Frequência 1 em cada 3000-20000 nados-vivos (EUA)[4]
Classificação e recursos externos
CID-10 P35.2
CID-11 788102641
eMedicine 964866
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Herpes neonatal é uma doença rara e grave geralmente causada pela transmissão do vírus do herpes simples (VHS) entre a mãe e um recém-nascido.[2] Existem três subtipos: herpes localizada (pele, olhos e boca), herpes disseminada e herpes do sistema nervoso central.[1] A herpes localizada (SEM) é caracterizada por lesões externas sem envolvimento de órgãos internos.[5] A herpes disseminada afeta os órgãos internos, principalmente o fígado. A herpes do sistema nervoso central é uma infeção do sistema nervoso e do cérebro que pode resultar em encefalite e cujos sintomas mais comuns são crises epiléticas, tremores, letargia, irritabilidade, dificuldade em alimentar-se, temperatura corporal instável e protuberância da fontanela.[6]

A maioria dos casos (85%) ocorre durante o parto, quando o recém-nascido entra em contacto com as secreções vaginais do canal de parto.[7] Os fatores de risco maternos para a transmissão do VHS-1 incluem etnia branca não-hispânica,[8] idade materna inferior a 25 anos, infeção primária durante o primeiro trimestre[9] , primeira gravidez, seronegativa para VHS,[6][10] parceiro infetado,[11][9] e sexo oral recetivo no terceiro trimestre.[12] Os fatores de risco para a transmissão de VHS-2 incluem etnia negra,[13] idade materna inferior a 21 anos,[6][9] parceiro infetado, primeiro episódio de infeção primária ou não primária no terceiro trimestre,[14] quatro ou mais parceiros sexuais ao longo da vida,[13] menor escolaridade,[13] antecedentes de infeções sexualmente transmissíveis, antecedentes de interrupção da gravidez e primeira gravidez.[6][9] A infeção genital assintomática por VHS-1 tem maior potencial de transmitir a doença para o bebé do que o VHS-2.[6][15]

A deteção e prevenção são complicadas, uma vez que em 60 a 98% dos casos não manifestam sintomas.[7] Recomenda-se que os partos de grávidas com lesões ativas de herpes genital sejam feitos por cesariana. As grávidas cuja herpes esteja dormente podem ser tratadas com aciclovir.[16] O tratamento consiste na administração de antivirais como a vidarabina e o aciclovir.[1][17][18][19] A morbilidade e mortalidade são elevadas, uma vez que 20-40% dos recém-nascidos não apresenta lesões visíveis e a doença só é diagnosticada quando já é muito tarde para que os antivirais fazerem efeito.[3][20]

Estima-se que a doença afete entre 1 em cada 3000 ou 1 em cada 20000 nados-vivos nos Estados Unidos. Cerca de 22% das grávidas norte-americanas foram previamente expostas ao VHS-2 e 2% adquiriram o vírus durante a gravidez, taxas semelhantes às da população em geral.[4] O risco de transmissão para o filho é de 30-57% nos casos em que a mão adquiriu uma infeção primária no terceiro trimestre. O risco de transmissão por uma mãe com anticorpos para o VHS-1 e VHS-2 é muito menor (1-3%).[6][21] A herpes neonatal por VHS-1 é extremamente rara nos países em vias de desenvolvimento porque o desenvolvimento de anticorpos geralmente acontece na infância ou adolescência.[7]

Referências

  1. a b c Kimberlin DW, Whitley RJ (2005). «Neonatal herpes: what have we learned». Semin Pediatr Infect Dis. 16 (1): 7–16. PMID 15685144. doi:10.1053/j.spid.2004.09.006 
  2. a b Bloomberg News (14 de julho de 2009). «Neonatal herpes simplex». Boston Children's Hospital. Consultado em 2 de fevereiro de 2014 
  3. a b Jacobs RF (1998). «Neonatal herpes simplex virus infections». Semin. Perinatol. 22 (1): 64–71. PMID 9523400. doi:10.1016/S0146-0005(98)80008-6 
  4. a b Brown ZA, Gardella C, Wald A, Morrow RA, Corey L (2005). «Genital herpes complicating pregnancy». Obstet Gynecol. 106 (4): 845–56. PMID 16199646. doi:10.1097/01.AOG.0000180779.35572.3a 
  5. Prober CG (1997). Long SS, Pickering LK, Prober CG, eds. Herpes simplex virus. [S.l.]: Churchhill Livingstone, New York. p. 1138 
  6. a b c d e f Brown ZA, Wald A, Morrow RA, Selke S, Zeh J, Corey L (2003). «Effect of serologic status and cesarean delivery on transmission rates of herpes simplex virus from mother to infant». JAMA. 289 (2): 203–9. PMID 12517231. doi:10.1001/jama.289.2.203 
  7. a b c Kropp RY.; Wong T; et al. (2006). «Neonatal Herpes Simplex Virus Infections in Canada: Results of a 3-Year National Prospective Study». Pediatrics. 117 (61): 1955–1962. PMID 16740836. doi:10.1542/peds.2005-1778 
  8. Xu F, Markowitz LE, Gottlieb SL, Berman SM (janeiro de 2007). «Seroprevalence of herpes simplex virus types 1 and 2 in pregnant women in the United States». Am. J. Obstet. Gynecol. 196 (1): 43.e1–6. PMID 17240228. doi:10.1016/j.ajog.2006.07.051 
  9. a b c d Whitley R (junho de 2004). «Neonatal herpes simplex virus infection». Curr. Opin. Infect. Dis. 17 (3): 243–6. PMID 15166828. doi:10.1097/00001432-200406000-00012 
  10. Nahmias AJ (agosto de 2004). «Neonatal HSV infection Part II: Obstetric considerations -- a tale of hospitals in two cities (Seattle and Atlanta, USA)». Herpes. 11 (2): 41–4. PMID 15955267 [ligação inativa]
  11. Baker DA (dezembro de 2005). «Risk factors for herpes simplex virus transmission to pregnant women: a couples study». Am. J. Obstet. Gynecol. 193 (6): 1887–8. PMID 16325587. doi:10.1016/j.ajog.2005.08.007 
  12. Nahmias AJ (agosto de 2004). «Neonatal HSV infection Part I: continuing challenges» (PDF). Herpes. 11 (2): 33–7. PMID 15955265 
  13. a b c Mertz GJ (dezembro de 1993). «Epidemiology of genital herpes infections». Infect. Dis. Clin. North Am. 7 (4): 825–39. PMID 8106731 
  14. Gardella C, Brown ZA, Wald A, et al. (agosto de 2005). «Poor correlation between genital lesions and detection of herpes simplex virus in women in labor». Obstetrics and gynecology. 106 (2): 268–74. PMID 16055574. doi:10.1097/01.AOG.0000171102.07831.74 
  15. Brown ZA, Gardella C, Malm G, Prober CG, Forsgren M, Krantz EM, Arvin AM, Yasukawa LL, Mohan K, Brown Z, Corey L, Wald A (2007). «Effect of maternal herpes simplex virus (HSV) serostatus and HSV type on risk of neonatal herpes». Acta Obstet Gynecol Scand. 86 (5): 523–529. PMID 17464578. doi:10.1080/00016340601151949 
  16. Ch. 6, "Medical Disorders during Pregnancy," in Harrison's Principles of Internal Medicine, 16th ed., 2005
  17. Kesson AM (2001). «Management of neonatal herpes simplex virus infection». Paediatr Drugs. 3 (2): 81–90. PMID 11269641. doi:10.2165/00128072-200103020-00001 
  18. «The Merck Manual, Neonatal Herpes Simplex Virus (HSV) Infection» 
  19. Brocklehurst P, Kinghorn GA, et al. (1998). «randomised placebo controlled trial of suppressive acyclovir in late pregnancy in women with recurrent genital herpes infection». Br J Obstet Gynaecol. 105 (3): 275–80. PMID 9532986. doi:10.1111/j.1471-0528.1998.tb10086.x 
  20. Caviness AC, Demmler GJ, Selwyn BJ (maio de 2008). «Clinical and laboratory features of neonatal herpes simplex virus infection: a case-control study». Pediatr. Infect. Dis. J. 27 (5): 425–30. PMID 18360301. doi:10.1097/INF.0b013e3181646d95 
  21. Brown ZA, Benedetti J, Ashley R, Burchett S, Selke S, Berry S, Vontver LA, Corey L (maio de 1991). «Neonatal herpes simplex virus infection in relation to asymptomatic maternal infection at the time of labor». N Engl J Med. 324 (18): 1247–52. PMID 1849612. doi:10.1056/NEJM199105023241804