Intra-Áustria

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Mapa da província intra-austríaca de Habsburgo, do final do século XVIII
  Ducado da Estíria
  Ducado da Caríntia
  Ducado de Carníola com a Marca da Ístria
  Condado Principesco da Gorizia e Gradisca
  Cidade Imperial de Trieste

Intra-Áustria ou Áustria Interior (em alemão: Innerösterreich) foi um termo usado do final do século XIV até o início do século XVII para designar as terras hereditárias da Monarquia de Habsburgo, ao sul do Passo de Semmering, referindo-se aos ducados imperiais de Estíria, Caríntia e Carníola, e as terras do litoral austríaco. A residência dos arquiduques e estatuders da Intra-Áustria ficava no complexo do castelo do burgo, em Graz.

Geografia[editar | editar código-fonte]

O território intra-austríaco se estendia desde a fronteira norte, divisa com o Arquiducado da Áustria, na principal cadeia alpina, além da Alta Estíria e da Baixa Estíria, até Carniola, onde as terras da Baixa Carníola e da Carníola Branca (antiga Marca Eslováquia) faziam fronteira com o Reino da Croácia. No ocidente, as terras da Caríntia se estendiam até o Arcebispado de Salzburgo e o Condado do Tirol, enquanto no oriente, o Rio Mur fazia fronteira com o Reino da Hungria.

Ao sul, o Condado da Gorizia, que havia passadoà  Casa de Habsburgo, em 1500, e Duino fazia fronteira com o Domini di Terraferma, de Veneza. A Imperial Cidade Livre de Trieste, na Costa Adriática, conectava os vários domínios menores na Marca da Ístria, em torno de Pazin e da zona franca de Rijeka (mais tarde corpus separatum de Fiume), na Libúrnia.

História[editar | editar código-fonte]

As terras da Estíria já tinham sido governadas em união pessoal, pelos duques da Casa de Babemberga, da Áustria, a partir 1192, e finalmente foram tomadas com as terras austríacas, pelo rei Rodolfo I da Germânia na vitória da Batalha de Marchfeld, em 1278 . Em 1335, o neto de Rodolfo, o Duque Alberto II da Áustria, também recebeu o Ducado da Caríntia a adjacente Marca de Carníola, nas mãos do Sacro Imperador Luís da Baviera, como feudos imperiais.

Áustria (abaixo e acima do Rio Enns), Intra-Áustria e Alta Áustria (Tirol e Vorarlberg)

Quando, em 1365, o filho do Duque Alberto, Rodolfo IV, morreu repentinamente, aos 26 anos de idade, o Imperador Carlos IV investiu seus irmãos mais novos, Alberto III e Leopoldo III, que, no entanto, começaram a disputar a herança habsburga. Por volta de 1379, com o Tratado de Neuberg, eles, finalmente, dividiram os territórios de Rodolfo: A linhagem albertina, mais velha, governaria o Arquiducado da Áustria (às vezes, chamada de "Baixa Áustria", mas abrangendo a moderna Baixa Áustria e a maior parte da Alta Áustria), enquanto a linhagem leopoldina, mais jovem, governaria os ducados da Estíria, Caríntia e Carníola, então, agrupados sob a denominação de "Intra-Áustria". Naquele tempo, sua parte também incluía Tirol e os domínios dos Habsburgo originais, na Suábia, chamado Áustria Anterior. Ambas chamadas de "Alta Áustria" (Oberösterreich) nesse contexto, não devem ser confundidas com o estado moderno de mesmo nome.

Quando Leopoldo III foi morto Batalha de Sempach, de 1386, contra a Antiga Confederação Helvética, a herança leopoldina ficou para seu filho mais velho, o Duque Guilherme da Áustria, que, na morte de seu tio Alberto III, em 1395, também levantou reivindicações ao Arquiducado da Áustria contra o filho único e herdeiro de Alberto, o Duque Alberto IV. Ambos os lados chegaram a um acordo para manter a divisão de Neuberg, mas também para afirmar o governo comum sobre as terras habsburgas. Portanto, a partir de 1404, Guilherme atuou como regente austríaco para seu sobrinho, menor de idade, Alberto V (II da Germânia). As terras de Tirol e Áustria Anterior passaram para o irmão mais novo de Guilherme, o Duque Leopoldo IV, o Gordo. Quando o Duque Guilherme morreu sem deixar descendência, em 1406, a linhagem leopoldina foi dividida entre seus irmãos mais jovens: enquanto Leopoldo IV assumiu a regência na Áustria, os territórios da Intra-Áustria passaram a Ernesto de Ferro, enquanto Tirol/Áustria Anterior passaram ao irmão mais novo, Frederico IV.

Em 1457, a linhagem leopoldina pôde, novamente, assumir o governo sobre o arquiducado austríaco, quando o filho de Ernesto, o Duque Frederico V da Intra-Áustria, sucedeu seu primo albertino, Ladislaus V, que morreu sem filhos. O ano de 1490 viu a reunificação de todos as linhagens Habsburgo, quando o Arquiduque Sigismundo da Áustria Anterior e Tirol renunciou em favor do filho de Frederico, Maximiliano I. Em 1512, os territórios habsburgos foram incorporados ao Círculo Imperial Austríaco.

Pátio do Castelo de Graz

A dinastia, no entanto, foi dividida, novamente, em 1564, entre os filhos do falecido Imperador Fernando I de Habsburgo. Sob o comando da linhagem intra-austríaca, fundada pelo seu filho mais novo, o Arquiduque Carlos II, as terras se tornaram um centro da Contrarreforma, realizada pelos jesuítas, com grande determinação. O ramo cadete prevaleceu novamente, quando o filho de Carlos, sucessor como regente da Intra-Áustria, o Arquiduque Fenando II, foi coroado Rei da Boêmia em 1617, Rei da Hungria em 1618, e, finalmente, sucedeu a seu primo, Matias, no Arquiducado da Áustria (como Fernando III), e como Imperador Romano-Germânico em 1619. Suas intenções de levar as políticas absolutistas e anti-reformistas da Intra-Áustria para a Coroa da Boêmia provocou a Guerra Dos Trinta Anos.

A linhagem da Áustria Anterior/Tirol, do irmão mais novo de Fernando, o Arquiduque Leopoldo V, sobreviveu até a morte de seu filho, Sigismundo Francisco, no ano de 1665, depois do qual todos os territórios voltaram, definitivamente, para o controle em comum com as outras terras habsburgas austríacas. A administração política da Intra-Áustria foi centralizada em Graz, em 1763.[1] Os estatuders da Intra-Áustria vieram a governar até os dias da Imperatriz Maria Teresa, no século XVIII.

A administração de 1748[editar | editar código-fonte]

Ducados da Estíria, Caríntia, Carníola, etc. Mapa de 1657, por Joan Blaeu

Governantes da Intra-Áustria[editar | editar código-fonte]

Linhagem leopoldina[editar | editar código-fonte]

Nome Retrato Nascimento Casamento(s) Morte
Leopoldo III (o Justo)
1379–1386
1 de novembro de 1351
Viena
Quarto filho de Alberto o Sábio e Joana de Ferrette
Viridis Visconti
23 de fevereiro de 1365
Viena
Seis filhos
9 de julho de 1386
Sempach
idade 34
Guilherme (o Cortês)
1386–1406
por volta de 1370
Viena
Filho mais velho de Leopoldo III e Viridis Visconti
Joana II de Nápoles
13 de novembro de 1401
Viena
Sem descendentes
15 de julho de 1406
Viena
idade 36
Leopoldo IV (o Gordo)
1406–1411
por volta de 1371
Viena
Segundo filho de Leopoldo III e Viridis Visconti
Catarina de Borgonha
15 de agosto de 1393
Viena
Sem descendentes
3 de junho de 1411
Viena
idade 40
Ernesto de Ferro
1406–1424
por volta de 1377
Bruck an der Mur
Terceiro filho de Leopoldo III e Viridis Visconti
(1) Margarida da Pomerânia
14 de janeiro de 1392
Bruck an der Mur
Sem filhos

(2) Cimburga da Mazóvia
25 de janeiro de 1412
Cracóvia
Nove filhos
10 de junho de 1424
Bruck an der Mur
idade 47
Frederico III (o Pacífico)
1457–1493
21 de setembro de 1415
Insbruque
Primeiro filho de Ernesto de Ferro e Cimburga da Mazóvia
Leonor de Portugal
16 de março de 1452
Roma
Cinco filhos
19 de agosto de 1493
Linz
idade 77


Frederico tornou-se Arquiduque da Áustria em 1457. Os territórios habsburgos se uniram em 1490.

Linhagem intra-austríaca[editar | editar código-fonte]

Nome Retrato Nascimento Casamento(s) Morte
Carlos II da Áustria
1564–1590
3 de junho de 1540
Viena
Quarto filho de Fernando I Do Sacro Império e Ana Jagelão
Maria Ana da Baviera
26 de agosto de 1571
Viena
Quinze filhos
10 de julho de 1590
Graz
idade 50
Fernando III
1590–1637

sob regência de
Ernesto da Áustria (1590–1593)
Maximiliano III (1593–1595)
9 de julho de 1578
Graz
Segundo filho de Carlos II da Áustria e Maria Ana da Baviera
(1) Maria Ana
23 de abril de 1600
Graz
Sete filhos

(2) Leonor Gonzaga
2 de fevereiro de 1622
Insbruque
Sem filhos
15 de fevereiro de 1637
Viena
idade 58


Fernando se tornou Arquiduque da Áustria em 1619. Todos os territórios habsburgos se uniram, novamente, em 1655.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Prothero, GW; Great Britain. Foreign Office. Historical Section (1920). Carniola, Carinthia and Styria. Col: Peace handbooks. [S.l.: s.n.]