Isabel Alexeievna

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Isabel Alekseievna
Luísa de Baden
Grã-duquesa da Rússia
Imperatriz da Rússia

Retrato de 1813 por Vladimir Borovikovsky, localizado no Museu do Louvre.
Reinado 24 de março de 1801 - 1 de dezembro de 1825
Consorte Alexandre I da Rússia
Coroação 15 de setembro de 1801
Nascimento 24 de janeiro de 1779
  Karlsruhe, Baden
Morte 16 de maio de 1826 (47 anos)
  Beliov, Império Russo
Casa Zähringen
Romanov
Pai Carlos Luís de Baden
Mãe Amália de Hesse-Darmstadt
Filho(s) Maria Alexandrovna
Isabel Alexandrovna

Luísa Maria Augusta de Baden (em russo: Елизавета Алексеевна; Karlsruhe, 24 de janeiro de 1779Beliov, 16 de maio de 1826), foi a imperatriz consorte de Alexandre I da Rússia.

Princesa de Baden

Isabel Alexeievna nasceu em Karlsruhe, no dia 24 de Janeiro de 1779 como Princesa Luísa Maria Augusta de Baden e membro da Casa Real de Zähringen. Era a terceira de sete crianças nascidas de Carlos Luís, Príncipe-herdeiro de Baden e da sua esposa, Amália Frederica de Hesse-Darmstadt. Os seus avós eram os marqueses Carlos Frederico de Baden e Luís IX de Hesse-Darmstadt.

A Princesa Luísa de Baden cresceu num ambiente familiar unido e carinhoso. Ficaria sempre muito chegada à sua mãe com quem manteve uma correspondência intima até à morte. (Luísa morreu antes da mãe). A Princesa tinha apenas 12 anos quando o seu destino foi determinado. A Imperatriz Catarina II, "a Grande" da Rússia andava à procura de uma noiva para o seu neto mais velho, o futuro czar Alexandre I e pôs os olhos nas Princesas de Baden. Depois de receber testemunhos favoráveis sobre elas, Catarina convidou a Princesa Luísa e a sua irmã mais nova, Frederica, a visitarem a Rússia. No Outono de 1792 as duas irmãs chegaram a São Petersburgo.

A Imperatriz Catarina ficou encantada com Luísa, achando-a um modelo de beleza, charme e honestidade.[1] A própria Luísa ficou atraída pelo alto e bonito Alexandre. Primeiro, Alexandre era tímido com a sua futura noiva - sendo muito novo e inexperiente, não sabia como tratá-la - e ela entendeu a sua reserva como aversão. Contudo, o jovem casal depressa se começou a apaixonar. "Dizes-me que tenho nas mãos a felicidade de uma certa pessoa," escreveu ela a Alexandre. "Se isso é verdade, então a sua felicidade está garantida para sempre... esta pessoa ama-me carinhosamente e eu amo-o a ele, e essa será a minha felicidade... podes ter a certeza que te amo mais do que alguma vez conseguirei dizer," acrescentou. Ficaram noivos em Maio de 1793.

A Princesa de Baden aprendeu Russo, converteu-se à Igreja Ortodoxa, recebeu o título de Grã-duquesa da Rússia e mudou de nome para Isabel Alexeievna. O casamento aconteceu no dia 28 de Setembro de 1793.[1] "Foi um casamento entre Psique e Cupido"[1], escreveu Catarina ao Príncipe de Ligne. Isabel tinha apenas 14 anos e o seu marido era um ano mais velho.

Grã-duquesa da Rússia

Isabel enquanto Grã-duquesa da Rússia.

Muito nova quando se casou, tímida e ingénua, Isabel Alexeievna estava mal preparada para a sua nova posição. Ficou oprimida pelo esplendor da corte russa e assustada pelas intrigas perversas que a caracterizavam.[2] Ficou horrorizada pelas intrigas sexuais intensas que floresciam a redor dela numa corte onde o adultério era um entretenimento aceite. A própria Imperatriz, Catarina II, dava o exemplo para os costumes ilícitos da sua corte. O jovem amante de Catarina, Platon Zubov, até chegou a tentar seduzir Isabel Alexeievna.[3]

A Grã-duquesa sentia-se sozinha e tinha saudades de casa, principalmente depois da sua irmã Frederica voltar para Baden. Isabel foi abandonada num mundo alienado onde nunca podia ser ela mesma, mesmo entre os seus criados e damas-de-companhia. A relação com Alexandre era o único conforto. "Sem o meu marido, o único que me faz feliz, teria morrido mil mortes." [1][2]

Os primeiros anos de casamento foram relativamente felizes, mas a Grã-duquesa desapontou Catarina II que não viveu o suficiente para ver um filho nascer do jovem casal. A morte de Catarina, a Grande em Novembro de 1796 levou o sogro de Isabel, Paulo I, ao trono russo. Durante os anos do seu reinado, Isabel evitou a corte de Paulo.[4] Ela não gostava do sogro, reprovava as injustiças do seu governo e a rudeza da sua personalidade.

Os primeiros problemas no casamento de Isabel começaram a aparecer. Não conseguia encontrar satisfação para a sua natureza romântica num marido que não lhe prestava atenção. Foi assim que Isabel foi buscar consolo emocional a outro lado. Primeiro encontrou um refugio para a sua solidão numa amizade intima com a bela Condessa Golovina. Depois começou um caso amoroso com o melhor amigo de Alexandre, o fogoso e inteligente Príncipe Adam Czartoryski. A relação durou três anos.

Depois de mais de cinco anos de casamento sem filhos, Isabel deu à luz uma menina, a Grã-duquesa Maria Alexandrovna, no dia 29 de Maio de 1799. Na corte, muitos disseram que o pai era o amante de Isabel. A criança era morena e tinha olhos escuros e, na cerimónia de baptismo, o czar Paulo I fez questão de expressar a sua admiração por duas pessoas loiras de olhos azuis terem produzido uma criança com o cabelo preto. Não demorou muito para Isabel perder tanto o amante como a filha. Adam Czartoryski foi enviado numa missão diplomática ao estrangeiro e a bebé de Isabel não viveu por muito tempo. "A partir desta manhã já não tenho uma filha, ela morreu", escreveu à sua mãe no dia 27 de Julho de 1800. "Não passa uma hora sem que pense nela e muito menos um dia em que não derrame lágrimas por ela. Não vai ser de outra forma enquanto viver, mesmo que ela fosse substituída por doze crianças." [5]

Personalidade

Isabel Alexeievna tinha uma voz suave e melodiosa, um rosto oval bonito, com feições delicadas, um perfil grego, olhos azuis grandes em forma de amêndoa e cabelo loiro acinzentado encaracolado que costumava deixar ao cumprimento dos ombros. Com a sua figura elegante, porte real e rosto angelical, era vista por muitos como uma das mulheres mais bonitas da Europa e provavelmente a consorte mais bonita da época.

Encantadora, generosa e inteligente, Isabel adorava literatura e arte. Tinha lições de música de Ludwig-Wilhelm Tepper de Ferguson. Infelizmente tinha uma personalidade tímida e reservada que não conseguia agradar nem à corte russa nem à família do marido. Preferia simplicidade e solidão à pompa e cerimónia da vida na corte.

O casamento também não conseguiu trazer-lhe satisfação. Apesar de Isabel amar o marido e o encorajar em várias crises pessoais e políticas, Alexandre não lhe prestava atenção. A relação era harmoniosa, mas distante do ponto de vista emocional, com os dois a envolver-se em casos amorosos fora do casamento.

Imperatriz russa

Isabel depois de se tornar Imperatriz da Rússia.

As excentricidades do czar Paulo I levaram a um golpe que o destronou e colocou Alexandre no trono russo. Isabel estava bem ciente deste esquema e, na noite do assassinato de Paulo, estava junto do marido, apoiando-o.

Assim que Alexandre I se tornou Imperador, Isabel encorajou-o a deixar para trás o trauma com o assassinato de Paulo e a dedicar-se ao serviço da Rússia. Como Imperatriz-consorte participava na vida da corte e em deveres de estado, mas a posição social feminina mais importante estava reservada para a sua sogra, Maria Feodorovna.

Alexandra I tratava a sua esposa indiferentemente. Era educado com ela em cerimónias publicas e esforçava-se por tomar as refeições na sua companhia. Isabel era demasiado branda e plácida para controlar uma alma inquieta e perturbada como era a do seu marido.[6] Em 1803, Alexandre começou um caso amoroso que viria a durar mais de quinze anos com a Princesa polaca Maria Czetwertynska, esposa do Príncipe Dmitri Naryshkin. A Princesa Maria Naryshkina gostava de exibir a sua traição na corte de forma insípida e ruidosa.

Isabel, por seu lado, encontrou consolo na sua relação com Adam Czartoryski que tinha regressado à Rússia após a ascensão de Alexandre I ao trono. Quando esta relação acabou, Isabel começou um caso com um capitão de companhia chamado Alexis Okhotnikov. Toda a correspondência entre Isabel e Alexis (e alguns dos seus diários) foram destruídos pelo czar Nicolau I após a morte dela.

O caso com Okhotnikov teve um final trágico. O capitão morreu em 1807, assassinado. Muitas figuras da época apontaram Alexandre I ou o seu irmão Constantino como responsáveis pela ordem.

No dia 16 de Novembro de 1806, Isabel deu à luz uma segunda filha. Também desta vez apareceram vários rumores, dizendo que a criança não era do czar, mas sim de Okhotnikov. Após a morte dele, Isabel sentiu-se mais abandonada do que nunca e colocou todo o seu afecto na sua filha Isabel, "Lisinka". Contudo, quinze meses depois, a menina morreu subitamente devido a uma infecção nas gengivas. "Agora," escreveu Isabel à sua mãe, "já não valho para nada neste mundo, a minha alma já não tem mais força para recuperar depois deste último golpe."[7]

A morte da filha uniu temporariamente o casal. Apesar de na altura Isabel ainda não ter chegado aos trinta anos, nem ela nem Alexandre tinham esperança de ter uma família e não teriam mais filhos.

Durante as Guerras Napoleónicas, Isabel foi uma grande apoiante das políticas do marido, tal como tinha sido durante outras crises pessoais e políticas.[6] Após a queda de Napoleão juntou-se ao marido e a muitas outras cabeças coroadas da Europa no Congresso de Viena (1814), onde se reuniu com o seu antigo amante, Adam Czartoryski. Ele ainda a amava e perdoou-lhe a traição com Okhotnikov. A reconciliação durou pouco.

Reconciliação com Alexandre

Isabel de luto pelo marido.

Quando chegou aos quarenta anos, a beleza de Isabel perdeu-se rapidamente e ela começou a deixar para trás as suas pretensões românticas. O seu marido também passou por uma transformação pessoal que fez com que o casal se aproximasse mais do que nunca. Em 1819, Alexandre I, profundamente dedicado ao misticismo religioso, terminou a sua longa relação com Maria Narishkina. A partir daí, marido e mulher começaram a passar mais tempo juntos. A Imperatriz simpatizava profundamente com ele e Alexandre encontrou nela o apoio que precisou quando perdeu a sua amada filha ilegítima Sofia. A reconciliação visível entre o Imperador e a Imperatriz causou surpresa geral. "Às vezes reduzo-me ao pensamento de que sou amante do Alexandre ou de que nos casamos em segredo..."[8] escreveu Isabel à sua mãe.

Em 1825 a saúde de Isabel estava já frágil devido a uma doença nos pulmões e uma indisposição nervosa. Os médicos recomendaram que ela descansasse num clima mais temperado e sugeriram a cidade de Taganrog, no sul da Rússia. Sem nenhum palácio confortável na zona, o casal alojou-se numa casa modesta em Taganrog no dia 5 de Outubro do mesmo ano. Foram felizes enquanto viveram intima e simplesmente. No dia 17 de Novembro de 1825, Alexandre regressou a Tanganrog, depois de uma visita à Crimeia, com uma constipação que se desenvolveu para Tifo. Acabaria por morrer em Dezembro, nos braços da mulher. Isabel ficou extremamente afectada com a perda, escrevendo "Não me compreendo, não compreendo o meu destino." E, mais tarde, "O que devo fazer com a minha vontade, que estava inteiramente sujeita a ele, com a minha vida, que adorava dedicar a ele?"[9]

Últimos anos

A agora czarina-viúva estava demasiado fraca para regressar a São Petersburgo para o funeral. Quando Isabel finalmente começou a sua viagem de regresso à capital, sentiu-se tão doente que teve de parar em Belev, apenas algumas horas antes de se encontrar com a sua sogra que estava a viajar para sul para a cumprimentar. Nas primeiras horas do dia 16 de Março de 1826, perto das quatro e meia da manhã, quando as suas damas-de-companhia foram ver como ela estava, encontraram-na morta na cama. Isabel tinha morrido de falha cardíaca.

Três dias depois da morte do marido, Isabel tinha escrito à sua mãe, "Não te preocupes muito comigo, mas, se me atrevesse, gostaria muito de seguir aquele que tem sido a minha própria vida."

Ligações externas

Os Romanov

Referências

  1. a b c d Lincoln, The Romanovs, p. 385
  2. a b Lincoln, The Romanovs, p. 386
  3. Lincoln, The Romanovs, p. 237
  4. Bergamini, The Tragic Dinasty, p. 267
  5. Troyat,, Alexander of Russia, p. 45
  6. a b Bergamini, The Tragic Dinasty, p. 299
  7. Troyat, Alexander of Russia, p. 110
  8. Troyat, Alexander of Russia, p. 279
  9. Troyat, Alexander of Russia, p. 292
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