Jarabe tapatío

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Jarabe tapatío com a vestimenta tradicional china poblana.

Jarabe tapatío é a dança nacional do México.[1] Originou-se como dança de cortejo em Guadalajara, Jalisco, durante o século XIX, embora seus elementos remontem a danças espanholas como a zambra e o jarabe gitano, que já eram populares durante o tempo do vice-reinado.[2] As mulheres tradicionalmente se vestem no estilo china poblana, enquanto os homens vestem-se como charros.

A música-padrão do jarabe tapatío foi composta por Jesús González Rubio no século XIX, ainda que seu arranjo instrumental mais comumente usado date da década de 1920.[3] No entanto, torna-se confuso com La Raspa, que é uma dança folclórica de Veracruz. Atualmente, sua música é tocada tanto por grupos de mariachi quanto por conjuntos de cordas.

História[editar | editar código-fonte]

A palavra jarabe (do árabe xarab), originalmente significando "mistura de ervas", descreve a combinação de vários ritmos (sones) e danças (zapateados) mexicanas.[4] Tapatío, o denônimo popular relacionado a Guadalajara, reflete a origem desse particular jarabe.[1] Várias outras danças conhecidas como jarabes tiveram existência nos séculos XVIII e XIX, tais como o jarabe de Jalisco, o jarabe de atole e o jarabe moreliano, mas a versão tapatío é de longe a mais conhecida.[4] Discute-se a autenticidade do jarabe tapatío enquanto dança folclórica. O pesquisador Nicolás Puentes Macías, de Zacatecas, declara que os jarabes autênticos estão quase extintos no México, sendo encontrados apenas em pequenas frações de Zacatecas e de Jalisco, e que o jarabe tapatío seria na verdade uma forma de outra dança, chamada "tonadilla".[5]

A primeira evidência documentada da dança é datada do final do século XVIII, sendo originalmente dançada por pares de mulheres de forma a evitar a desaprovação da Igreja. Pouco antes da Guerra de Independência do México os casais começaram a dançá-la, com uma apresentação pública no Teatro Coliseo em 1790 na Cidade do México.[1][6] Logo após essa performance, o jarabe foi banido pelas autoridades coloniais e religiosas sob as alegações de ofensa à moral e aos bons costumes além de desafio ao jugo espanhol. No entanto, isto apenas serviu para aumentar a popularidade dança como forma de protesto e rebelião, com as pessoas continuando a praticá-la ilegalmente em praças públicas e festivais de vizinhança.[1]

Dançarinos de Jarabe nas celebrações do Cinco de Mayo em Los Angeles (1952).

Logo após a Independência, o jarabe e as outras danças cresceram e tiveram sua popularidade aumentada, após o fim das restrições da época colonial. A população festejou o fim da guerra em 1821 com grandes festas, com o jarabe em posição de desaque. O Jarabe e outras danças folclóricas começaram a ser vistas como parte da identidade nacional mexicana em emergência. O jarabe manteria várias formas regionais, mas a associada a Guadalajara é que viria a ganhar status nacional, tornando-se popular não apenas na própria cidade, mas como também na capital nacional, como dança das elites por volta da década de 1860.[1][6] Por volta dessa época, o professor de música de Guadalajara, Jesús González Rubio, compôs a melodia para a dança que viria a se tornar o padrão e símbolo da unidade nacional, levando a dança a se tornar a "dança nacional" do México e que viria a ganhar reconhecimento público.[1][4] À época da Revolução Mexicana, a dança já se tornara popular entre todas as classes sociais.[1] Sua fama internacional veio quando a dançarina russa Anna Pavlova a adicionou ao seu repertório permanente após uma visita ao México em 1919.[4]

O jarabe permaneceu em alta no México até por volta de 1930, especialmente na Cidade do México.[4] Ela permanece sendo ensinada em quase todas as escolas de educação básica do país.[1]

Performance[editar | editar código-fonte]

Dançarinos de Jarabe na Universidade Yale.
O jarabe tapatío começa com a dança em volta de um sombrero.

A dança representa a corte de um homem a uma mulher, com esta de início rejeitando os avanços do primeiro, mas depois aceitando-os.[6] O componente sexual é claramente definido, ainda que metafórico, tendo sido esta a razão original de sua desaprovação pelas autoridades.[1]

Conforme a dança perdeu seu status controverso e ganhou reputação de dança nacional, os dançarinos vieram a se vestir num estilo que fosse altamente representativo das mulheres e homens mexicanos.[6] Para as mulheres, o estilo mais tradicional é denominado "China Poblana."[4] A combinação de blusa e saia originou-se de uma indiana que veio ao México no Galeão de Manila para trabalhar como criada no início do século XIX. Seu vestido asiático foi imitado e depois adaptado no estado de Puebla, com a saia sendo altamente bordada e decorada com imagens patrióticas. A vestimenta tradicional para os homens é a do charro, geralmente decorada com detalhes prateados.[1][4]

A música tocada para marcar dança foi originalmente composta para se dançada tanto por bandas de mariachi quanto por conjuntos de cordas, com vários tipos de violões, harpas e violinos.[1][5]

Adaptações contemporâneas[editar | editar código-fonte]

A popularidade da composição de Jesús González Rubio levou-a a ser utilizadas em várias formas de mídia. Por exemplo em The Simpsons, o personagem Bumblebee Man (Abelhão) um personagem mexicano estereotipado, é representado através dessa música.

O jarabe também aparece no balé de Aaron Copland, Billy the Kid, tocado em tempo , com um trompete solo e acompanhamento de orquestra.[7]

Referências

  1. a b c d e f g h i j k Pedelty, Mark. Musical Ritual in Mexico City : From the Aztec to NAFTA. [S.l.: s.n.] ISBN 978-0-292-70231-8 
  2. Shay, Anthony; Sellers-Young, Barbara (2016). The Oxford Handbook of Dance and Ethnicity. [S.l.: s.n.] ISBN 9780190493936 
  3. Tatum, Charles M. (2013). Encyclopedia of Latino Culture. [S.l.: s.n.] ISBN 9781440800993 
  4. a b c d e f g «Jarabe Tapatío» [(Mexican hat dance)] (em Spanish) 
  5. a b «El jarabe tapatío ni es jarabe ni es tapatío: Nicolás Puentes Macías» [The jarabe tapat+io is not jarabe or from Guadalajara: Nicolás Puentes Macías] (em Spanish) 
  6. a b c d «El Jarabe Tapatío (Jalisco)» [(Mexican hat dance)Jalisco] (em Spanish) 
  7. Elizabeth Bergman Crist (11 de dezembro de 2008). Music for the Common Man: Aaron Copland during the Depression and War. [S.l.: s.n.] ISBN 9780199888801