Kunbarrasaurus

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Kunbarrasaurus
Intervalo temporal: Cretáceo Superior
105,3–99,7 Ma
Reconstruções do crânio
Classificação científica edit
Domínio: Eukaryota
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Clado: Dinosauria
Clado: Ornithischia
Clado: Thyreophora
Subordem: Ankylosauria
Clado: Parankylosauria
Gênero: Kunbarrasaurus
Leahey et al., 2015
Espécies:
K. ieversi
Nome binomial
Kunbarrasaurus ieversi
Leahey et al., 2015

Kunbarrasaurus é um gênero de dinossauros ornitísquios do grupo dos anquilossauros, nativo da formação Allaru, ou lamito Allaru, da Austrália Oriental. Essa formação geológica data do Cretáceo Inferior, especificamente do fim do Albiano e possivelmente início do Cenomaniano, há entre 112 a 100 milhões de anos. Até ao momento, somente uma espécie foi nomeada, Kunbarrasaurus ieversi. O nome do gênero significa lagarto escudo, em referência as osteodermas presentes na pele do animal.[1]

Kunbarrasaurus ieversi é o terceiro gênero de anquilossauro descrito da Austrália, junto de Minmi e Serendipaceratops.

Descoberta e Nomeação[editar | editar código-fonte]

Localidades de origem dos Thyreophora Sul-Americanos, origem de Kunbarrasaurus representada pelo algarismo 8

O holótipo do gênero, QM F1801, consiste em um esqueleto praticamente completo, com crânio e mandíbula, além de grande parte do esqueleto pós-craniano articulado. O espécime foi encontrado a leste de Richmond, no nordeste do estado de Queensland, na Austrália em 1989. As rochas dessa localidade são parte da formação Allaru ou Lamito Allaru, e datam do fim do Albiano e possivelmente início do Cenomaniano, de 112 a 100 milhões de anos atrás.[1]

O nome Kunbarrasaurus vem da união das palavras Kunbarra, que significa escudo na língua Mayi, e saurus, que significa lagarto em grego, criando o lagarto escudo. Esse título faz referência às osteodermas presentes na pele do animal, que funcionavam como um escudo. Já o epíteto específico K.ieversi homenageia Mr. Ian Ievers, o descobridor do holótipo. A combinação final significa "Lagarto Escudo de Ievers".[1]

Descrição e Paleobiologia[editar | editar código-fonte]

Assim como todos os outros Ankylosauria, Kunbarrasaurus ieversi era um dinossauro herbívoro e quadrúpede, coberto por várias linhas de osteodermas em sua pele, do mesmo modo que um tatu ou tartaruga. Era um animal pequeno, de cerca de 2 metros de comprimento, porte pequeno para os padrões dos anquilossauros.[1]

Cavidades nasais de Panoplosaurus mirus e Euoplocephalus tutus, notavelmente mais complexas que as presentes em Kunbarrasaurus ieversi.
Vias aéreas de Kunbarrasaurus ieversi

Ressonâncias magnéticas da região nasal de Kunbarrasaurus revelaram cavidades nasais relativamente complexas, porém mais simples e basais que as dos Nodossaurídeos e Anquilossaurídeos, conhecidas por terem vários loops e estruturas complexas.[2] Essas cavidades e reentrâncias provavelmente ajudavam o animal a emitir sons únicos, possivelmente usados para relações sociais intra-espécie, além de aquecer e umedecer o ar, prevenindo lesões pulmonares.[2] Os canais da orelha interna também são únicos, com grandes partes das regiões ventrais e mediais não ossificados, características incomum a animais fora da fase embrionária.[1]

O holótipo de Kunbarrasaurus não representa um indivíduo em estado embrionário, e essas características são neoformações. A ontogenia do espécime QM F1801 foi brevemente discutida por Leahey et al, 2015, onde o indivíduo foi interpretado como um sub-adulto ou adulto, porém sem conclusão completa a respeito da ontogenia.[1]

Ecologia[editar | editar código-fonte]

A formação Allaru é composta de ambientes marinhos rasos de pouca energia, provavelmente costeiros. A fauna encontrada nos lamitos Allaru é composta de Anquilossauros como Kunbarrasaurus e outros espécimes não nomeados, previamente atribuídos a Minmi sp (QM F33565 & QM F33566), ornitópodes rhabdodontomorfos como Mutaburrasaurus sp e Saurópodes somphospondyli não-titanosauria, como Austrosaurus mckillopi, além de pterossauros.[1]

Classificação[editar | editar código-fonte]

Originalmente Kunbarrasaurus ieversi foi tratado como parte do gênero Minmi, e descrito como Minmi sp. Posteriormente, após novas análises, foi atribuído a um novo gênero na base de Ankylosauridae. A exata posição filogenética de Kunbarrasarus não era resolvida e o táxon constantemente variava de posição na base dos principais clados, até a descrição de Stegouros elegassen, um anquilossauro chileno. Na descrição desse gênero, um novo clado de anquilossauros nativos de Gondwana foi criado, Parankylosauria, composto por Kunbarrasaurus, Antarctopelta e Stegouros.[1][3]

Filogenia por Soto-Acuña et al(2021)[3]:

Lesothosaurus

Scutellosaurus

Emausaurus

Scelidosaurus

Eurypoda
Stegosauria

Huayangosaurus

Stegosauridae

Ankylosauria
Parankylosauria

Kunbarrasaurus

Antarctopelta

Stegouros

Euankylosauria

Nodosauridae

Liaoningosaurus

Gobisaurus

Shamosaurus

Ankylosaurinae

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c d e f g h Leahey, Lucy G.; Molnar, Ralph E.; Carpenter, Kenneth; Witmer, Lawrence M.; Salisbury, Steven W. (8 de dezembro de 2015). «Cranial osteology of the ankylosaurian dinosaur formerly known as Minmi sp. (Ornithischia: Thyreophora) from the Lower Cretaceous Allaru Mudstone of Richmond, Queensland, Australia». PeerJ: e1475. ISSN 2167-8359. PMC 4675105Acessível livremente. PMID 26664806. doi:10.7717/peerj.1475. Consultado em 3 de dezembro de 2021 
  2. a b Bourke, Jason M.; Porter, Wm Ruger; Witmer, Lawrence M. (19 de dez de 2018). «Convoluted nasal passages function as efficient heat exchangers in ankylosaurs (Dinosauria: Ornithischia: Thyreophora)». PLOS ONE (em inglês) (12): e0207381. ISSN 1932-6203. PMID 30566469. doi:10.1371/journal.pone.0207381. Consultado em 3 de dezembro de 2021 
  3. a b Soto-Acuña, Sergio; Vargas, Alexander O.; Kaluza, Jonatan; Leppe, Marcelo A.; Botelho, Joao F.; Palma-Liberona, José; Simon-Gutstein, Carolina; Fernández, Roy A.; Ortiz, Héctor (1 de dezembro de 2021). «Bizarre tail weaponry in a transitional ankylosaur from subantarctic Chile». Nature (em inglês): 1–5. ISSN 1476-4687. doi:10.1038/s41586-021-04147-1. Consultado em 3 de dezembro de 2021