Stegouros

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Stegouros
Intervalo temporal: Cretáceo Superior
74,9–71,7 Ma
Classificação científica edit
Domínio: Eukaryota
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Clado: Dinosauria
Clado: Ornithischia
Clado: Thyreophora
Subordem: Ankylosauria
Clado: Parankylosauria
Gênero: Stegouros
Soto-Acuña et al., 2021
Espécies:
S. elengassen
Nome binomial
Stegouros elengassen
Soto-Acuña et al., 2021

Stegouros é um gênero de dinossauros ornitísquios do grupo dos Anquilossauros, nativo da formação Dorotea, da Patagônia Chilena. Essa formação data do Cretáceo Superior, durante o Campaniano-Maastrichtiano, cerca de 74.9 a 71.7 milhões de anos atrás. Até o momento, somente uma espécie foi nomeada, Stegouros elengassen. O gênero significa cauda com telhado, em referência a estrutura peculiar encontrada na cauda do animal.[1]

Esse é o quarto gênero de dinossauros oficialmente descrito do Chile e o primeiro Ankylosauria nomeado na América do Sul.

Descoberta e Nomeação[editar | editar código-fonte]

Reconstrução esquelética e fotos do material original de Stegouros elengassen.
Reconstrução de Stegouros elengassen em seu habitat, na formação Dorotea.

O holótipo do gênero, CPAP-3165, consiste em um esqueleto praticamente completo, com a cauda, sacro, cintura pélvica e membros traseiros completos e articulados, além de outros elementos desarticulados, como vértebras dorsais, cervicais e o áxis, coracoides, membros anteriores (com a manus direita parcialmente articulada), ostedermas e vários elementos cranianos desarticulados. Todos esses ossos são parte de um único indivíduo e representam um animal adulto. O espécime foi encontrado no vale do Río de las Chinas na Fazenda Cerro Guido da Região e bacia de Magallanes, parte da Patagônia Chilena. As rochas dessa localidade são parte do segmento inferior da Formação Dorotea, que data do fim do Cretáceo, entre o fim do Campaniano e início do Maastrichtiano, cerca de 74.9 a 71.7 milhões de anos atrás.[1]

O nome Stegouros vem das palavras gregas Stegos e Uros, que significam Telhado e cauda, respectivamente. O título de cauda telhado faz referência a estrutura única encontrada na parte distal da cauda do táxon, batizada de Macuahuitl, uma antiga clava de guerra Asteca. Já o epíteto específico S.elengassen vem de uma fera encouraçada mitológica do povo Aónik'enk, nativo dessa região da Patagônia.[1]

Descrição e Paleobiologia[editar | editar código-fonte]

Como todos os Ankylosauria, Stegouros elengassen era um dinossauro herbívoro e quadrúpede, coberto por várias linhas de osteodermas em sua pele, como uma tartaruga ou tatu, e tinha aproximadamente 2,5 metros de comprimento, que o faz um anquilossauro de porte pequeno. Porém diferente dos seus parentes do norte, Stegouros possuía membros longos, cauda curta e armadura corporal mais esparsa. Essas características condizem com a posição basal que ocupa no cladograma dos anquilossauros e inclusive apresenta algumas características típicas de estegossauros, que agora se mostram comuns ao clado mais abrangente Eurypoda.[1]

A cauda é a característica mais emblemática deste táxons, apresentando uma estrutura totalmente diferente dos outros táxons do grupo, com sete pares de osteodermas cobrindo a região distal da cauda e as últimas cinco vértebras fusionadas a essa estrutura, formando uma verdadeira massa de batalha, como a Macuahuitl.[1]

Ecologia[editar | editar código-fonte]

O paleoambiente hoje representado pela formação Dorotea é interpretado como um ambiente costeiro e apresenta fósseis de terópodes, ornitíquios e saurópodes ainda não descritos, Elasmossauros e Aristonectíneos indeterminados, além de peixes, insetos, tartaguras, mamíferos e outros tipos de invertebrados.[2]

Essa região do Chile tinha uma fauna semelhante a da Antártida, pois eram constantemente ligadas por pontes de terra.[1]

Classificação[editar | editar código-fonte]

Na análise realizada por Soto-Acuña et al Stegouros foi encontrado como parte de um novo grupo de anquilossauros, os paranquilossauros, composto por outros dois gêneros da Antártida e Austrália, Antarctopelta e Kunbarrasaurus. Esse grupo é um dos mais basais, divergindo antes do surgimento dos nodossaurídeos e anquilossaurídeos. Essa posição basal cria uma linhagem fantasma de cerca de 50 milhões de anos, do fim do Jurássico Médio até o final do Cretáceo Inferior.[1]

Stegouros elengassen é o mais completo Paranquilossauro descoberto até o momento, e deve ser levado como parâmetro para a reconstrução dos outros membros desse clado.[1]

Filogenia por Soto-Acuña (2021)[1]:

Lesothosaurus

Scutellosaurus

Emausaurus

Scelidosaurus

Eurypoda
Stegosauria

Huayangosaurus

Stegosauridae

Ankylosauria
Parankylosauria

Kunbarrasaurus

Antarctopelta

Stegouros

Euankylosauria

Nodosauridae

Liaoningosaurus

Gobisaurus

Shamosaurus

Ankylosaurinae

Referências

  1. a b c d e f g h i Soto-Acuña, Sergio; Vargas, Alexander O.; Kaluza, Jonatan; Leppe, Marcelo A.; Botelho, Joao F.; Palma-Liberona, José; Simon-Gutstein, Carolina; Fernández, Roy A.; Ortiz, Héctor (1 de dezembro de 2021). «Bizarre tail weaponry in a transitional ankylosaur from subantarctic Chile». Nature (em inglês): 1–5. ISSN 1476-4687. doi:10.1038/s41586-021-04147-1. Consultado em 2 de dezembro de 2021 
  2. Alarcón-Muñoz, Jhonatan; Soto-Acuña, Sergio; Manríquez, Leslie M. E.; Fernández, Roy A.; Bajor, Dániel; Guevara, Juan Pablo; Suazo Lara, Felipe; Leppe, Marcelo A.; Vargas, Alexander O. (1 de outubro de 2020). «Freshwater turtles (Testudines: Pleurodira) in the Upper Cretaceous of Chilean Patagonia». Journal of South American Earth Sciences (em inglês). 102652 páginas. ISSN 0895-9811. doi:10.1016/j.jsames.2020.102652. Consultado em 2 de dezembro de 2021