Palácio de Linderhof

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Palácio de Linderhof
Apresentação
Tipo
Fundação
Arquiteto
Georg von Dollmann (en)
Proprietário
Estatuto patrimonial
monumento do patrimônio arquitetônico da Baviera (d)Visualizar e editar dados no Wikidata
Website
Localização
Localização
Altitude
943 m
Coordenadas
Mapa

O Palácio de Linderhof (Schloss Linderhof) é um palácio real na Alemanha, construído entre 1869 e 1878. Fica localizado nas proximidades de Oberammergau e da Abadia de Ettal, no sudoeste da Baviera.

É o menor dos três palácios construídos pelo Rei Luis II da Baviera, mas o único que o monarca viu concluído.

Desenvolvimento do edifício[editar | editar código-fonte]

Luís II já conhecia a área em volta de Linderhof desde a sua juventude, quando acompanhava o seu pai, o Rei Maximiliano II da Baviera, nas suas viagens de caça pelos Alpes Bávaros. Quando Luís se tornou Rei, em 1864, herdou de seu pai o chamado Königshäuschen, tendo começado a ampliar o velho edifício a partir de 1869. Em 1874 decidiu derrubar o Königshäuschen e reconstruí-lo na localização do parque onde ainda pode ser encontrado actualmente. Ao mesmo tempo, três novas salas e a escadaria foram acrescentas ao restante complexo em forma de U, tendo o primitivo exterior em madeira sido recoberto por fachadas de pedra. O edifício foi desenhado ao estilo do segundo período rococó.

Fundo simbólico[editar | editar código-fonte]

Pormenor da fachada do Palácio de Linderhof.

Apesar de muito menor que o Château de Versailles, ninguém pode negar que o palácio do Rei-Sol francês, Luís XIV (que era um ídolo para Luís II) foi padrinho de Linderhof. A escadaria, por exemplo, é uma redução da famosa Escadaria dos Embaixadores de Versailles, a qual seria copiada em tamanho real no Palácio de Herrenchiemsee. Pelo menos o símbolo do Sol, que pode ser visto por todo o lado na decoração das salas, recorda o absolutismo francês. Aos olhos de Luís II, este regime havia sido a perfeita incorporação do ideal de um Deus dando monarquia com total poder Real, o que já não poderia ser possível para ele, enquanto Rei europeu a governar na segunda metade do século XIX.

O quarto de Luís XIV de França, usado para dar a sua primeira (léver – levantar) e última (coucher – deitar) audiências do dia, desempenhava uma parte importante no cerimonial deste monarca absoluto. Deste modo, o quarto é a maior câmara do Palácio de Linderhof. A sua orientação para norte, no entanto, é a completa negação do significado simbólico do quarto de Versailles, mostrando a auto-imagem de Luís II como um "Rei-Noite".

A localização do palácio, próximo da Abadia de Ettal, representa uma vez mais um ponto interessante. Devido à sua arquitectura, Luís II viu a igreja do mosteiro como a sala onde o Santo Graal estava preservado. Este facto liga a ideia de um palácio barroco com a de um castelo medieval, como o Castelo de Neuschwanstein, e recorda as óperas de Richard Wagner, de quem Luís II era patrono.

As salas[editar | editar código-fonte]

Linderhof, em comparação com outros palácios, possui uma atmosfera privada. De facto, apenas possui quatro salas com funções Reais.

A Galeria dos Espelhos[editar | editar código-fonte]

Esta sala era usada pelo Rei como uma espécie de sala de estar. Gostava de sentar-se no nicho, por vezes lendo ali durante toda a noite. Uma vez que o Rei o usava para dormir durante o dia e para estar acordado durante a noite, os espelhos criavam um efeito inimaginável para ele, quando reflectiam a luz das velas um milhar de vezes. A localização paralela de alguns espelhos evoca a ilusão de uma avenida sem fim.

Candelabro de marfim

Equipamentos:

  • Um tapete feito de plumas de avestruz.
  • Um candelabro de marfim com 16 braços, na alcova.
  • Duas lareiras cobertas com lapis-lazuli e decoradas com ornamentos em bronze dourado.

Câmaras das Tapeçarias Este e Oeste[editar | editar código-fonte]

As duas câmaras das tapeçarias são quase idêncticas entre si, não tendo qualquer função específica. A do lado oeste é, por vezes, chamada de "Sala de Música", devido ao Aeolodion (um instrumento que combina o piano e o harmónio) que lá se encontra. Só as cortinas e a cobertura das mobílias são realmente produto da Manufactura Parisiense de Gobelin. As cenas nas paredes foram pintadas em telas rudes, com o propósito de imitarem verdadeiras tapeçarias.

Câmara de Audiência[editar | editar código-fonte]

A Câmara de Audiência está localizada a este do palácio e é flanqueada pelos gabinetes amarelo e lilás. Os gabinetes foram apenas usados como antecâmaras para as salas maiores. Luís II nunca usou esta sala para receber uma audiência. Isso iria contradizer o carácter privado do Palácio Linderhof e a sala seria muito pequena para tal fim. Em vez de câmara de audiência, o monarca usou-a como estúdio, onde pensava sobre os novos projectos de construção. No entanto, a existência de uma câmara de audiências em Linderhof recorda a demanda do Rei por uma monarquia absoluta.

Equipamentos:

  • Baldaquino do trono com grupos de penas de avestruz (como um símbolo oriental de poder Real).

Sala de Jantar[editar | editar código-fonte]

Esta sala fica localizada na parte este do palácio, sendo flanqueada pelos gabinetes cor-de-rosa e azul. O gabinete cor-de-rosa, ao contrário dos outros, tem uma função Real. Luís II usava-o como sala de paramentos. A Sala de Jantar é famosa pelo seu desaparecido monta-cargas chamado "Tischlein deck dich". Este mecanismo foi instalado para que o Rei pudesse jantar ali sozinho. No entanto, a criadagem tinha que pôr a mesa para, pelo menos, quatro pessoas, pois diz-se que o Rei costumava falar com pessoas imaginárias, como Luís XV de França, Madame de Pompadour ou Maria Antonieta, enquanto comia. Para Luís II gozar da companhia destas pessoas e poder admirá-las, foram dispostos retratos delas nos gabinetes, além de cenas das suas vidas por todo o lado nas salas do palácios.

Equipamentos:

Quarto[editar | editar código-fonte]

O modelo para este quarto não foi o quarto de Luís XIV em Versailles, mas sim o quarto das Salas Ricas na Residência de Munique. Esta sala foi totalmente reconstruída em 1884, e não foi possível acabá-la antes da morte do Rei, dois anos depois.

A própria posição da cama, em degraus na alcova, fechada por uma balaustrada dourada, dá-lhe uma aparência de altar e dest forma glorifica o reino noite de Luís II.

Equipamentos:

  • Um candelabro de vidro com 108 velas.
  • Duas consolas em porcelana de Meissen (a porcelana favorita do Rei).

O parque[editar | editar código-fonte]

Templo de Vénus no jardim de Linderhof.

Os jardins que rodeiam o Palácio de Linderhof são considerados uma das mais belas criações na história do desenho de jardins. O parque combina elementos formais do estilo barroco ou de jardins do renascimento italiano, com secções paisagísticas semelhantes ao Jardim Inglês.

Jardins formais[editar | editar código-fonte]

O palácio está rodeado por jardins formais subdivididos em cinco secções. Estas subdivisões estão decoradas com esculturas alegóricas dos continentes, das estações e dos elementos:

  • a parte norte é caracterizada por uma cascata de trinta degraus de mármore. O fundo da cascata é formada pela fonte de Neptuno, e no topo existe um Pavilhão de Música;
  • o centro do parterre ocidental é formado por um tanque com com a figura dourada da "Fama". A oeste existe um pavilhão com o busto de Luís XIV. Em frente deste vê-se uma fonte com a escultura dourada do "Amor com golfinhos". O vaso está decorado com quatro vasos de majólica;
  • a coroação do parterre oriental é feita por um pavilhão de madeira contendo o busto de Luís XVI. 24 abaixo deste está o tanque de uma fonte com uma escultura dourada representando o "Amor disparando uma flecha". Uma escultura de "Vénus e Adônis" está colocada entre o tanque e o palácio;
  • o parterre de água em frente do palácio é dominado por um largo tanque contendo a fonte dourada do grupo "Flora e puttos". A própria fonte tem quase 25 metros de altura;
  • os jardins em terraço formam a parte sul do parque e correspondem à cascata a norte. No terreno do primeiro patamar encontra-se a "fonte de Náiade", a qual consiste em três tanques e nas esculturas de ninfas da água. No meio arco do nicho pode ver-se o busto de Maria Antonieta de França. estes jardins são coroados por um templo redondo com a estátua de Vénus, formada a partir d euma pintura de Antoine Watteau (O embarque para Citera).

Jardim paisagístico e estruturas no parque[editar | editar código-fonte]

Jardim no inverno
Hotel

O jardim paisagístico cobre uma área com cerca de 50 hectares (125 acres). Está perfeitamente integrado na paisagem alpina natural que o rodeia. Existem vários edifícios, de diferentes aparências, situados no parque.

A Gruta de Vénus.

Gruta de Vénus

O edifício é totalmente artificial e foi construído para o Rei como uma ilustração do primeiro acto do Tannhäuser, de Wagner. Luís II gostava de ser passeado pelo lago no seu barco-concha dourado mas, ao mesmo tempo, queria a sua própria "gruta azul de Capri". Deste modo, foram instalados 24 dínamos e, já no tempo de Luís II, era possível iluminar a grutas com cores que se iam alterando.

Cabana de Hunding

Esta cabana foi inspirada na direcção de Richard Wagner para o Primeiro Acto de Die Walküre. Luís costumava celebrar banquetes germâmicos nesta casa.

Ermitério Gurnemanz

Luís vinha até aqui, para a contemplação, todos os anos na Sexta-Feira Santa. Para este dia queria um prado florido. Se tal prado ainda não existia devido à neve, o director do jardim tinha que plantar um para o Rei.

Estas três estruturas, "Gruta de Vénus", "Cabana de Hunding" e o "Ermitério Gurnemanz", recordam as óperas de Richard Wagner. No entanto, entre esta influência e a arquitectura barroca, Luís também estava interessado no mundo oriental.

Kioske Mourisco

Este edifício foi desenhado pelo arquitecto berlinense Karl von Diebitsch para a Exibição Internacional de Paris em 1867. Luís II queria comprá-lo mas foi ultrapassado pelo rei dos caminhos de ferro Bethel Henry Strousberg. Luís comprou o pavilhão depois da bancarrota de Strousberg. A peça de mobiliário mais chamativa deste edifício é o trono em forma de pavão.

Casa Marroquina

Esta casa já havia sido construída em Marrocos para a Exibição Internacional de Viena em 1873. O rei comprou-a em 1878 e fê-la decorar numa via mais Real.

Custos[editar | editar código-fonte]

Entre 1863 e 1886, foi gasto um total de 8.460.937 Marcos[1] na construção de Linderhof. Uma moeda de '20 Marcos' em ouro, de 1890, continha 0,2304 onças troy (medida para pesar metais preciosos) de ouro. Deste modo, 8.460.937 Marcos corresponderia a 97.470 onças de ouro, o que, aos preços actuais do ouro (Março de 2007), equivaleria aproximadamente a $63.355.496 USD.

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. Dr. Michael Petzet, König Ludwig II und die Kunst" (Rei Luís II e as Artes), Munique, Alemanha, 1963.

Literatura[editar | editar código-fonte]

Fachada do Palácio Linderhof.
  • Krückmann, Peter O.: Linderhof. Munique/Londres/Nova Iorque 2000.
  • Hojer, Gerhard. Schmid, Elmar D.: Palácio Linderhof. Guia oficial. Munique 1999.
  • Rauch, Alexander: Linderhof. König Ludwig II. und seine Schlösser. Band III aus der Reihe "Gebaute Geschichte". Munique 1997. (edição alemã)
  • Schick, Afra: Mobilia para o Sonho do Rei. Luís II e o Fabricante de Armários da Corte Anton Pössenbacher. Estugarda 2003. (edição bilingu alemão/inglês)

Ver também[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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