Lúcio Múmio Acaico

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Lúcio Múmio (em latim Lucius Mummius) foi um militar e político romano do século II a.C. Após o seu consulado, recebeu o cognome de Acaico (Achaicus) como conquistador da Liga Aqueia.

Após ocupar o cargo de pretor na Hispânia,[1] foi eleito cônsul em 146 a.C., junto com Cneu Cornélio Lêntulo,[2] e encarregado da direção da Quinta Guerra Macedônica, substituindo a Quinto Cecílio Metelo Macedônico.

A Liga Aqueia, mesmo após várias derrotas diante de Cecílio Metelo, se levantou contra Roma, liderada por Corinto, e Múmio foi nomeado para substituir Metelo na campanha.[3]

Após forçar a passagem de Leucóptera, venceu a Dieu e ocupou Corinto. Todos os homens foram passados pela espada; as mulheres e as crianças, vendidos como escravos; as obras de arte, espoliadas e repartidas entre as cidades gregas e romanas, e posteriormente o local ficou reduzido a cinzas. Contudo, ao menos dois autores antigos oferecem relatos segundo os quais Corinto não seria totalmente destruída.[4]

A destruição de Corinto ocorreu no mesmo ano que a de Cartago,[5] tendo Corinto sido fundada novecentos e cinquenta e dois anos antes por Aletes, filho de Hipos,[5] e Cartago seiscentos e setenta e dois anos antes.[2]

Esta crueldade aparentemente desnecessária, que não encaixa com o caráter do personagem que a efetuou, é explicada por Mommsen como uma consequência de instruções enviadas pelo senado romano, empurrado pelo partido com maiores interesses mercantis, cujo fim era acabar com um perigoso rival comercial. Segundo Políbio, foi devido à sua incapacidade de aguentar a pressão que exerciam os que o rodeavam. Os dois conquistadores [Nota 1] foram honrados com os títulos das raças conquistadas, respectivamente, Africano e Acaio.[5]

A destruição de Corinto marcou o final da política tradicional de Roma na Grécia, benevolente até então, pela fascinação que produzia a cultura grega. Considera-se, geralmente, como um dos crimes menos perdoáveis de Roma, mas o senado visava a dar um escarmento exemplar, uma vez desouvidos os seus conselhos de moderação pela Liga Aqueia. O resultado foi o fim das Ligas gregas, a anexação da província da Acaia e a vigilância do restante da Grécia pelo governador romano da Macedônia.

Nos eventos posteriores, Múmio demonstrou uma capacidade administrativa considerável, e um alto grau de justiça e integridade, o que lhe deu o respeito dos habitantes. Em especial, Múmio absteve-se de ofendê-los em matérias religiosas.

À sua volta a Roma recebeu as honras de um triunfo. Em 142 a.C. seria eleito censor com Públio Cornélio Cipião Emiliano, com quem teve frequentes conflitos pela sua severidade.

Lúcio Múmio foi o primeiro homo novus de origem plebeia que obteve um cognome por serviços militares.[5] A sua indiferença pelas obras de arte e a ignorância do seu valor foram postas ao manifesto na sua observação a respeito dos encarregados do transporte de pinturas e estátuas feitas pelos melhores artistas: "Se as perderem ou danarem, terão que repô-las por obras novas".[6] Por outro lado, erigiu para as festividades teatrais um teatro que melhorou as condições acústicas e os assentos, seguindo o modelo grego, o que implicou um avanço na construção deste tipo de estruturas de entretenimento.

Notas e referências

Notas

  1. Cipião Emiliano Africano, que destruiu Cartago, e Múmio

Referências

  1. Manuel de Faria e Sousa, (1730), Historia del reyno de Portugal, dividida en cinco partes, pág. 42
  2. a b Marco Veleio Patérculo, Compêndio da História romana, i. 12. § 5
  3. Marco Veleio Patérculo, Compêndio da História romana, i. 12. § 1
  4. Cícero em Tusc. 3.53 e Dião Cássio 21
  5. a b c d Marco Veleio Patérculo, Compêndio da História romana, i. 13. § 2
  6. Marco Veleio Patérculo, Compêndio da História romana, i. 13. § 4

Bibliografia

  • Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em castelhano cujo título é «Cneo Lucio Mummio».

Precedido por
Públio Cornélio Cipião Emiliano Africano e Caio Lívio Druso
Cônsul da República Romana
com Cneu Cornélio Lêntulo

146 a.C.
Sucedido por
Quinto Fábio Máximo Emiliano e Lúcio Hostílio Mancino