Manuel José Barjona

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Manuel José Barjona
Nascimento 16 de junho de 1760
Coimbra
Morte 16 de novembro de 1831
Lisboa
Cidadania Reino de Portugal
Alma mater
Ocupação professor, político, cientista

Manuel José Barjona (Coimbra, 16 de Junho de 1760[1]Lisboa, 16 de Novembro de 1831) foi doutor e lente da Faculdade de Filosofia da Universidade de Coimbra, onde se dedicava ao ensino da história natural, sendo autor de alguns manuais, entre os quais o manual de mineralogia que era usado pela Universidade. Introduziu em 1801 o ensino da história natural na Universidade de Coimbra e foi autor dos primeiros livros de mineralogia editados em Portugal[2]. De pendor liberal, foi preso e expulso da docência pelos miguelistas, morrendo na miséria em Lisboa, cidade onde se refugiara[3].

Biografia[editar | editar código-fonte]

Foi baptizado na paroquial de São Tiago a 16 de Junho de 1760, filho do licenciado Simão Rodrigues de Carvalho e de Josefa Maria. Formou-se em filosofia na Universidade de Coimbra, graduado em 1786, ingressando na docência universitária, na mesma Faculdade, em 1791, como lente substituto.

Em 1801 passou a lente proprietário (catedrático) da cadeira de zoologia e mineralogia, disciplinas que a par da metalurgia lhe coube introduzir no currículo da Universidade de Coimbra. O livro Metallurgiae Elementa[4] foi a primeira e mais antiga publicação sobre metalurgia editado em Portugal, tendo sido originalmente publicada em latim. A sua edição, no reitorado de D. Francisco Rafael de Castro e por mandato da Secção de Filosofia criada pelos estatutos pombalinos da Universidade, destinava-se a uso escolar e a versar matérias então integradas nos planos curriculares de cursos então criados. Com este compêndio o Dr. Manuel Barjona antecipou a criação da cadeira de Metalurgia, cujas matérias se integravam no então curso de Química e Metalurgia, esta então com um significado muito mais abrangente que o actual[5].

Aderente à liberal, não assinou o auto de aclamação de D. Miguel I de Portugal que se fez na Universidade de Coimbra. Em consequência, apesar de já septuagenário, foi preso na cadeia da Universidade, em Junho de 1828, e acusado de revolucionário e desafecto ao governo miguelista. Foi então demitido do seu lugar de professor, mas não chegou a ser enviado para responder perante a Alçada do Porto, pois por influência e protecção de um realista seu discípulo e amigo foi-lhe concedido ser julgado em Coimbra, e não no Porto, como lhe estava destinado[3].

Não tendo sido produzida prova bastante para ser condenado, foi libertado, mas ficou vigilância policial e impedido de trabalhar na Universidade, pois foi-lhe aplicada a pena de demissão, com perda do ordenado de lente, conservando apenas uma pensão anual de 90$000 ou 100$000 réis como compensação pela utilização dos compêndios de metalurgia e mineralogia que eram propriedade sua e que a Faculdade de Filosofia adoptara para o ensino das respectivas cadeiras[3].

Sem meios que lhe permitissem viver, e sem o auxílio do filho, o médico António Joaquim Barjona, que fugira para a Galiza e depois se exilara em França por ter aderido à causa liberal, foi obrigado a vender tudo o que possuía e a endividar-se, acabando por sobreviver com a ajuda de amigos, incluindo alguns realistas, que apreciavam o seu mérito e qualidades. Acabou por procurar refúgio em Lisboa, onde faleceu na freguesia de São Cristóvão no dia 16 de Novembro de 1831. Não terá chegado a mendigar publicamente, mas faleceu na miséria.

Foi cavaleiro da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa e avô do estadista Augusto César Barjona de Freitas.

Notas

  1. Data de baptismo na paroquial de São Tiago de Coimbra.
  2. BARJONA, Manuel José (1760 - 1831) Arquivado em 26 de março de 2013, no Wayback Machine..
  3. a b c BARJONA, Manuel José.
  4. Metallurgiœ Elementa, quœ amplissimi Philosophici Ordinis jussu ad usum academicien elucubravit. Conimbriæ, Typ. Acad. 1708. 8.º de XII+302 páginas, com quatro estampas.
  5. Apresentação da reedição da obra Metallurgiae Elementa.

Obras publicadas[editar | editar código-fonte]

  • Taboas mineralogicas. Coimbra : Imprensa da Universidade, 1835. - 256 p.
  • Metallurgiae elementa, quae amplissimi philosophici ordinis iussu ad usum academicum / elucubravit Emmanuel Iosephus Barjona. Conimbricae : Typis Academicis, 1798. - 302 p.
  • Elementos de Metalurgia / Metallurgiae Elementa (1798) (reedição em versão bilingue latim/português pela Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra (2001; ISBN 9789729754845)

Referências[editar | editar código-fonte]

  • Pereira & Rodrigues, Portugal Diccionario, 1904.
  • Portugal Ferreira, M., "Dr. Manuel José Barjona (1758-1831), autor dos primeiros livros de Mineralogia editados em Portugal", Memórias e Notícias, n.º 110 (1990), 77-102.