Oó-de-kauai

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O último oó-de-kauai era um macho, e seu canto foi gravado para o Laboratório de Ornitologia Cornell. O macho foi gravado cantando uma canção de acasalamento, para uma fêmea que nunca viria. Ele morreu em 1987.
O último oó-de-kauai era um macho, e seu canto foi gravado para o Laboratório de Ornitologia Cornell. O macho foi gravado cantando uma canção de acasalamento, para uma fêmea que nunca viria. Ele morreu em 1987.
Estado de conservação
Extinta
Extinta  (1987) (IUCN 3.1) [1]
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Aves
Ordem: Passeriformes
Família: Mohoidae
Género: Moho
Espécie: M. braccatus
Nome binomial
Moho braccatus
(Cassin, 1855)

O oó-de-kauai[2] (nome científico: Moho braccatus), conhecido localmente em havaiano como kauaʻi ʻōʻō ou ʻōʻōʻāʻā, é uma espécie extinta de ave passeriforme que era endêmica do Havaí, foi o último membro vivo do grupo dos oós (gênero Moho e família Mohoidae). Foi descrito cientificamente pelo ornitólogo John Cassin em 1855.[3] Já foi classificado juntamente aos papa-méis (família Meliphagidae).[4] Seu nome também é grafado como o’o-de-kauai e ’o’o-de-kauai, com devidas variações.[5]

Essa espécie era endêmica da ilha de Kauai, sendo comum nas florestas subtropicais da ilha até o início do século XX, quando começou seu declínio. Foi visto pela última vez em 1985 e ouvido pela última vez em 1987. As causas de sua extinção incluem a introdução de predadores (como o rato-do-pacífico, o mangusto-indiano-pequeno e o porco-doméstico), doenças transmitidas por mosquitos e destruição de hábitat.[3]

Foi o último membro sobrevivente da família Mohoidae, que se originou há mais de 15-20 milhões de anos atrás durante o Mioceno, com a extinção do oó-de-kauai marcando a extinção de uma família aviária inteira nos tempos modernos ("moderno" significa pós-1500 dC).

Etimologia[editar | editar código-fonte]

Os havaianos nativos chamavam o pássaro de ʻōʻō ʻāʻā, da palavra havaiana ʻō'ō, um descritor onomatopeico pelo som de seu chamado, e `āʻā, que significa pequeno ou anão.[6]

Descrição[editar | editar código-fonte]

Moho braccatus adulto e juvenil

Este pássaro estava entre os menores oós, se não a menor espécie, com pouco mais de 20 centímetros de comprimento.[6] A cabeça, as asas e a cauda eram pretas. O restante das partes superiores eram marrom-ardósia, tornando-se avermelhado na rabadilha e nos flancos. A garganta e o peito eram pretos com estrias brancas, o que era particularmente proeminente nas fêmeas. As penas centrais da cauda eram longas e havia um pequeno tufo de penas cinzentas sob a base da asa. Enquanto o bico e as pernas eram pretos, o calção era de um rico amarelo dourado. Foi o único oó conhecido por ter olhos com íris amarelas. Assim como os papa-méis, tinha um bico afiado e ligeiramente curvado para sugar o néctar. Suas fontes de néctar preferidas eram as espécies do gênero Lobelia e a árvore Metrosideros polymorpha. Esta espécie também foi observada forrageando em árvores Cheirodendron. Também alimentava-se de pequenos invertebrados e frutas. O oó-de-kauai era muito vocal, fazendo chamados ocos, erráticos, parecidos com flautas. Tanto os machos quanto as fêmeas eram conhecidos por cantar.[7]

Extinção[editar | editar código-fonte]

Espécime empalhado, Bishop Museum, Honolulu

O ninho era feito numa cavidade oca dentro de uma árvore, entre os cânions densamente florestados de Kauai. Todos os seus parentes também foram extintos, como o oó-de-havaí (Moho nobilis), oó-de-molokai (M. bishopi) e o oó-de-oahu (M. apicalis). Relativamente pouco se sabe sobre essas aves extintas. O oó-de-kauai foi extinto devido a uma grande variedade de problemas, incluindo doenças transmitidas por mosquitos (o que fez com que a espécie se movesse para terrenos mais altos, em última análise, recuando para florestas montanhosas de alta altitude), introdução de predadores mamíferos e desmatamento.[8] As florestas de altitude mais alta não têm cavidades nas árvores, então poucos ninhos puderam ser feitos. A partir do início dos anos 1960, a ave tinha uma população estimada de cerca de 34 indivíduos vivos. Na década de 1970, a única filmagem conhecida da espécie foi gravada por John L. Sincock e várias gravações de áudio também foram feitas (com Harold Douglas Pratt Jr. sendo uma das pessoas envolvidas nestas gravações).[9] Em 1981, um casal foi encontrado.[10]

O golpe final foram dois furacões, Iwa e Iniki, com um intervalo de dez anos um do outro. Esses desastres naturais destruíram muitas das árvores antigas com cavidades e interferiram no crescimento de novas árvores, fazendo com que a espécie desaparecesse. Como resultado, a última fêmea desapareceu (provavelmente morta pelo furacão Iwa em 1982). O último macho foi avistado pela última vez em 1985, e a última gravação sonora foi feita em 1987 por David Boynton.[11][12] Após expedições falhas em 1989 e o furacão Iniki em 1992, a espécie foi declarada extinta pela IUCN em 2000. Alguns acreditam que a espécie pode ainda estar viva e apenas não foi detectada, já que a ave já havia sido declarada extinta duas vezes anteriormente: uma vez na década de 1940 (posteriormente redescoberto em 1960) e novamente no final dos anos 1960 ao início dos anos 1970, sendo redescoberta pelo biólogo de vida selvagem John Sincock.[13] No entanto, tem um canto alto e distinto, e pesquisas intensivas que ocorreram de 1989 a 2000 não conseguiram encontrar nenhum indivíduo vivo desde 1987.[14]

Referências

  1. BirdLife International (2016). «Moho braccatus». Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas. 2016: e.T22704323A93963628. doi:10.2305/IUCN.UK.2016-3.RLTS.T22704323A93963628.enAcessível livremente. Consultado em 5 de outubro de 2022 
  2. Paixão, Paulo (Verão de 2021). «Os Nomes Portugueses das Aves de Todo o Mundo» (PDF) 2.ª ed. A Folha — Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias. ISSN 1830-7809. Consultado em 5 de outubro de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 23 de abril de 2022 
  3. a b Flannery, Tim; Peter Schouten (2001). A Gap in Nature: Discovering the World's Extinct Animals. Atlantic Monthly Press. pp. 30, 110. ISBN 978-0-87113-797-5.
  4. Fleischer, Robert C.; James, Helen F.; Olson, Storrs L. (11 de dezembro de 2008). «Convergent Evolution of Hawaiian and Australo-Pacific Honeyeaters from Distant Songbird Ancestors». Current Biology: 1927–1931. ISSN 1879-0445. PMID 19084408. doi:10.1016/j.cub.2008.10.051 
  5. «Moho braccatus ('o'o-de-kauai) - Avibase». avibase.bsc-eoc.org. Consultado em 8 de outubro de 2022 
  6. a b DENNY, Jim (1999). The Birds of Kauaʻi. [S.l.]: University of Hawai'i Press. p. 24. ISBN 0824820975. OCLC 39695505. The Hawaiian word ʻāʻā means "dwarf" or "small" and was given to the Kaua'i species because it was smaller than the three races found on the other islands. 
  7. «Moho braccatus ('o'o-de-kauai) - Avibase». avibase.bsc-eoc.org. Consultado em 5 de outubro de 2022 
  8. «The IUCN Red List of Threatened Species». IUCN Red List of Threatened Species. Consultado em 9 de agosto de 2022 
  9. «ML: Macaulay Library». www3.macaulaylibrary.org. Consultado em 20 de fevereiro de 2022 
  10. Banko, Winston E. (Dezembro de 1981). History of endemic Hawaiian birds. Part I. Population histories – species accounts. Forest birds: 'Ō'ō, and Kioea (Report). CPSU-UH Avian History Report. Vol. 7B. pp. 175–185. hdl:10125/346.
  11. Brooks, T.; Khwaja, N.; Mahood, S.; Amrtin, R. (20 de dezembro de 2020) [2011]. «Kauai Oo Moho braccatus». birdlife.org (em inglês). Kaua'i, Hawaii, USA: Birdlife International. Consultado em 5 de outubro de 2022 – via QPQ Software Ltd 
  12. «The Extinction of the Kauai ʻōʻō». Island Conservation (em inglês). 3 de agosto de 2018. Consultado em 5 de outubro de 2022 
  13. Lewis, Daniel (2018). Belonging on an island : birds, extinction, and evolution in Hawaiʻi. New Haven: [s.n.] OCLC 1030892985 
  14. SYKES, JR., PAUL W.; KEPLER, ANGELA K.; KEPLER, CAMERON B.; SCOTT, J. MICHAEL (2000). «Kauai Oo (Moho braccatus)». The Birds of North America Online. ISSN 1061-5466. doi:10.2173/bna.535. Consultado em 5 de outubro de 2022 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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