N-metilfenetilamina

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
(Redirecionado de NMPEA)
N-metilfenetilamina
Alerta sobre risco à saúde
Nome IUPAC N-metil-2-fenetilamina
Outros nomes N-metilfenetilamina
N-metil-β-fenetilamina
Identificadores
Número CAS 589-08-2
PubChem 11503
SMILES
Propriedades
Fórmula química C9H13N
Massa molar 135.21 g mol-1
Aparência Líquido incolor
Densidade 0.93 g/mL
Ponto de ebulição

203

Página de dados suplementares
Estrutura e propriedades n, εr, etc.
Dados termodinâmicos Phase behaviour
Solid, liquid, gas
Dados espectrais UV, IV, RMN, EM
Exceto onde denotado, os dados referem-se a
materiais sob condições normais de temperatura e pressão

Referências e avisos gerais sobre esta caixa.
Alerta sobre risco à saúde.

A N-metilfenetilamina (NMPEA) é uma amina traço neuromoduladora derivada da fenetilamina (PEA). É um composto produzido naturalmente pelo organismo de humanos.[1] A substância é detectada na urina humana (<1μg/24horas),[2] e sua produção ocorre pela enzima feniletanolamina N-metiltransferase por catálise de fenetilamina. PEA e NMPEA são alcaloides encontrados também em várias espécies de plantas diferentes.[3] Algumas espécies do gênero Acacia contêm níveis elevados de NMPEA (em torno de 2300–5300 ppm), a exemplo da A. rigidula.[4] B aixas concentrações de NMPEA (<10 ppm) também estão presentes em uma ampla variedade de alimentos.[5]

A N-metilfenetilamina é um isômero estrutural da anfetamina.[6]

Biossíntese[editar | editar código-fonte]

N-metilfenetilamina, composto endógeno em humanos,[7] é um isômero da anfetamina que atua principalmente no mesmo alvo biomolecular, sendo um forte antagonista do receptor 1 associado a amina humana (hTAAR1) que está acoplada à proteína G e é responsável por modular a neurotransmissão de catecolaminas.[8]

Química[editar | editar código-fonte]

A NMPEA possui aparência de um líquido incolor. Ela é uma base fraca, com pKa = 10,14; e pK b = 3,86 (valores baseados em Kb).[9] O composto forma um sal cloridrato ao atingir seu ponto de fusão a 162–164 °C.[10]

Embora esteja disponível comercialmente, pode ser sintetizado por vários métodos. Um método pioneiro de síntese foi descrito por Carothers e colegas, que realizaram a conversão de fenetilamina em p-toluenossulfonamida, seguida por N-metilação utilizando iodeto de metilo e, finalmente, pela hidrólise da sulfonamida.[9] Um método mais recente de síntese é por meio da conversão de fenetilamina em seu trifluoroacetato, seguido de N-metilação por iodeto de metilo e, por fim, por hidrólise da amina.[11]

A NMPEA é um substrato tanto para a MAO-A (KM = 58,8 μM) como para a MAO-B (KM = 4,13 μM) em mitocôndrias de cérebros de ratos.[12]

Farmacologia[editar | editar código-fonte]

NMPEA é um alcaloide vasopressor, de modo que eleva a pressão arterial, e possui cerca de 1/350 da potência da epinefrina.[13] Assim como o composto do qual é derivada, a fenetilamina, e seu isômero anfetamina, a NMPEA é um agonista potente do receptor 1 associado a amina humana (hTAAR1).[14] Possui propriedades farmacodinâmicas e toxicodinâmicas comparáveis às da fenetilamina, anfetamina e outras metilfenetilaminas em estudos com ratos.[6]

Tal como acontece com a PEA, a NMPEA é metabolizada de forma relativamente rápida por monoamina oxidases durante o metabolismo de primeira passagem;[14] ambos os compostos são metabolizados preferencialmente por MAO-B.[6]

Toxicologia[editar | editar código-fonte]

Na administração oral em ratos, a dose letal mínima (CLLo) do sal de HCl de NMPEA é 203 mg/kg;[15] a dose letal mediana (LD50) é 685 mg/kg.[16]

Em estudos de toxicidade aguda, a N-metilfenetilamina apresentou um LD50 de 90mg/kg, em administração por via intravenosa em ratos.[17]

Referências

  1. Pendleton RG, Gessner G, Sawyer J (setembro de 1980). «Studies on lung N-methyltransferases, a pharmacological approach». Naunyn Schmiedebergs Arch. Pharmacol. 313: 263–8. PMID 7432557. doi:10.1007/bf00505743 
  2. G. P. Reynolds and D. O. Gray (1978) J. Chrom. B: Biomedical Applications 145 137–140.
  3. T. A. Smith (1977). "Phenethylamine and related compounds in plants." Phytochemistry 16 9–18.
  4. B. A. Clement, C. M. Goff and T. D. A. Forbes (1998) Phytochemistry 49 1377–1380.
  5. G. B. Neurath et al. (1977) Fd. Cosmet. Toxicol. 15 275–282.
  6. a b c Mosnaim AD, Callaghan OH, Hudzik T, Wolf ME (abril de 2013). «Rat brain-uptake index for phenylethylamine and various monomethylated derivatives». Neurochem. Res. 38: 842–6. PMID 23389662. doi:10.1007/s11064-013-0988-1 
  7. Broadley KJ (março de 2010). «The vascular effects of trace amines and amphetamines». Pharmacol. Ther. 125 (3): 363–375. PMID 19948186. doi:10.1016/j.pharmthera.2009.11.005 
  8. Miller GM (janeiro de 2011). «The emerging role of trace amine-associated receptor 1 in the functional regulation of monoamine transporters and dopaminergic activity». J. Neurochem. 116 (2): 164–176. PMC 3005101Acessível livremente. PMID 21073468. doi:10.1111/j.1471-4159.2010.07109.x 
  9. a b W.H. Carothers, C. F. Bickford and G. J. Hurwitz (1927) J. Am. Chem. Soc. 49 2908–2914.
  10. C. Z. Ding et al. (1993) J. Med. Chem. 36 1711–1715.
  11. I. Osamu (1983) Eur. J. Nucl. Med. 8 385–388.
  12. O. Suzuki, M. Oya and Y. Katsumata (1980) Biochem. Pharmacol. 29 2663–2667.
  13. W. H. Hartung (1945) Ind. Eng. Chem. 37 126–137.
  14. a b Lindemann L, Hoener MC (maio de 2005). «A renaissance in trace amines inspired by a novel GPCR family». Trends Pharmacol. Sci. 26: 274–281. PMID 15860375. doi:10.1016/j.tips.2005.03.007. Além da via metabólica principal, os TAs também podem ser convertidos por N-metiltransferase não específica (NMT) e feniletanolamina N-metiltransferase (PNMT) nas aminas secundárias correspondentes (por exemplo, sinefrina, N-metilfeniletilamina e N-metiltiramina), que agem de maneira semelhante no TAAR1tal como os precursores da amina primária. 
  15. A. M. Hjort (1934) J. Pharm. Exp. Ther. 52 101–112.
  16. C. M. Suter and A. W. Weston (1941) J. Am. Chem. Soc. 63 602–605.
  17. A. M. Lands and J. I. Grant (1952). "The vasopressor action and toxicity of cyclohexylethylamine derivatives." J. Pharmacol. Exp. Ther. 106 341–345.