Pyrosoma

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Como ler uma infocaixa de taxonomiaPyrosoma
Colónia de Pyrosoma atlanticum.
Colónia de Pyrosoma atlanticum.
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Subfilo: Tunicata/Urochordata
Classe: Thaliacea
Ordem: Pyrosomida
Pyrosomatida
Família: Pyrosomatidae
Género: Pyrosoma
Espécies
Ver texto.
Colónia juvenil de Pyrosoma (Atauro, Timor)
(comprimento c. 1 cm).
Secção através da parede de um pirossoma (aumentado) mostrando uma única camada de ascidiozoóides; br) orifício branquial; at) orifício atrial; tp) processo do ; br s) saco branquial.

Pyrosoma é um género de tunicados coloniais pelágicos da família Pyrosomatidae,[1] ordem Pyrosomida, classe Thaliacea,[2] que ocorrem nas camadas superficiais das regiões oceânicas de águas quentes, embora ocasionalmente ocorram a maiores profundidades. As colónias são cilíndricas ou cónicas, com tamanho que varia desde alguns centímetros até 8 m de comprimento, agrupando centenas de milhar de indivíduos (os zoóides) interligados por uma matriz gelatinosa, cada um deles com apenas alguns milímetros de comprimento.

Descrição[editar | editar código-fonte]

Os Pyrosoma são tunicados coloniais caracterizados pela formação de colónias planctónicas alongadas, por vezes com vários metros de comprimento, capazes de exibir bioluminescência brilhante, emitindo pulsos de luz de coloração azul-esverdeada pálida, visível a muitas dezenas de metros de distância na água. O nome Pyrosoma tem como etimologia o grego pyro = "fogo" e soma = "corpo", uma referência à sua bioluminescência. Os Pyrosoma são filogeneticamente próximos das salpas, com as quais partilham diversas características morfológicas, sendo por vezes designados por "salpas-de-fogo". Quando navegando durante a noite em mares calmos das regiões oceânicas, os marinheiros são por vezes surpreendidos pela presença de pirossomas luminosos, visíveis através da superfície das águas.

As colónias das espécies do género Pyrosoma apresentam uma morfologia típica, tendendo para formas tubulares, por vezes com terminação cónica, sendo em geral longos cilindros ocos constituídos por centenas de milhar de indivíduos, conhecidos por zoóides. As colónias variam em tamanho de menos de um centímetro a vários metros de comprimento.

Cada zoóide tem apenas alguns milímetros de comprimento, mas estão embebidos numa túnica gelatinosa que os une numa estrutura tubular comum. A estrutura é em geral flexível, mantendo a sua forma, com ambos os extremos abertos, devido à imersão. Contudo, algumas colónias apresentam algum grau de rigidez, mantendo a forma mesmo quando retiradas do mar.

Todos os zoóides apresentam uma abertura para o exterior do «tubo» e outra para o interior, aspirando água do exterior pela abertura externa, fazendo-a atravessar uma estrutura filtradora designada por «saco branquial» na qual são retidas as partículas e as células microscópicas de plâncton (essencialmente fitoplâncton) que servem de alimento ao organismo. A água filtrada é expelida pela abertura interna para o interior do «cilindro» da colónia. A colónia apresenta um aspecto granuloso no exterior, com cada pequena protuberância a corresponder a um zoóide, mas lisa na face interna, apesar de perfurada com uma multiplicidade de aberturas, uma por cada zoóide.

Os Pyrosoma são planctónicos, sendo os seus movimentos essencialmente controlados pelas correntes, marés e ondas. Apesar disso, numa escala menor, cada colónia pode movimentar-se lentamente por um processo de propulsão a jacto, criado no interior do «tubo» pela batida coordenada dos cílios dos sacos branquiais de todos os zoóides, o qual também cria as correntes que provocam a advecção dos materiais alimentares até à abertura externa e a correspondente corrente de saída no interior da estrutura da colónia.[3]

Bioluminescência[editar | editar código-fonte]

Apesar de muitos organismos planctónicos serem bioluminescentes, a luminescência do Pyrosoma é pouco comum no seu brilho e período sustentado de emissão luminosa,[4] o que quando avistados no mar pelo cientista Thomas Henry Huxley, em 1849, evocou o seguinte comentário :

«Acabo de assistir à Lua a pôr-se em toda sua glória, e olhei para essas luas menores, os belos Pyrosoma, brilhando como cilindros incandescentes na água».[5]

As colónias de Pyrosoma muitas vezes apresentam ondas de luz que oscilam para a frente e para trás através da colónia, já que cada indivíduo zoóide detecta a luz pela sua vizinhança e, em seguida, emite luz em resposta. Cada zoóide contém um par de órgãos luminescentes localizados perto da superfície exterior da túnica, que são recheados por organelos produtores de luz que podem ser bactérias intracelulares bioluminescentes. As ondas de bioluminescência que se movem dentro de uma colónia, aparentemente, não são propagadas por meio de neurónios, mas por um processo fótico.[6]

Quando os zoóides emitem impulsos luminosos não só estimulam os outros zoóides dentro da colónia para bioluminescerem, mas também as colónias próximas exibem bioluminescência em resposta. As colónias bioluminescem em resposta a estimulação mecânica (táctil), bem como à luminosa.[4]

Espécies[editar | editar código-fonte]

Pyrosoma morto, encontrado a flutuar no Golfo do México.

As seguintes espécies de Pyrosoma são consideradas como validamente descritas pelo World Register of Marine Species:[7]

A informação taxonómica contida na base de dados Catalogue of Life permite construir o seguinte cladograma:[1]

Pyrosomatidae 
 Pyrosoma 

Pyrosoma aherniosum

Pyrosoma atlanticum

Pyrosoma godeauxi

Pyrosoma ovatum

Pyrosoma spinosum

Pyrosomella

Pyrostremma

Referências

  1. a b Bisby F.A., Roskov Y.R., Orrell T.M., Nicolson D., Paglinawan L.E., Bailly N., Kirk P.M., Bourgoin T., Baillargeon G., Ouvrard D. (red.) (2011). Species 2000: Reading, UK., ed. «Species 2000 & ITIS Catalogue of Life: 2011 Annual Checklist.». Consultado em 24 de setembro de 2012 
  2. Bone, Q. editor (1998) The Biology of Pelagic Tunicates. Oxford University Press, Oxford. 340 pp.
  3. André Beaumont & Pierre Cassier, Biologie animale, les cordés : Anatomie comparée des vertébrés, 9.eme édition, Dunod, 2009 (ISBN 978-2-10-051658-2).
  4. a b Bowlby, M.R.; E.A. Widder; J.F. Case (1990). «Patterns of stimulated bioluminescence in two pyrosomes (Tunicata: Pyrosomatidae)». Marine Biological Laboratory. Biological Bulletin. 179 (3): 340–350. JSTOR 1542326. doi:10.2307/1542326 
  5. Huxley, J. (1936). T.H. Huxley's Diary of the Voyage of H.M.S. Rattlesnake. Garden City, New York: Doubleday 
  6. Mackie, G.O.; Bone, Q. (1978). «Luminescence and associated effector activity in Pyrosoma (Tunicata: Pyrosomida)». Proceedings of the Royal Society B. 202 (1149): 483–495. doi:10.1098/rspb.1978.0081 
  7. «Pyrosoma». World Register of Marine Species. Consultado em 13 de abril de 2015 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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