Verônica de Jerusalém

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Santa Verônica
Verônica de Jerusalém
Santa Verônica
Nascimento Século I d.C.
Cesareia de Filipe ou Jerusalém, Palestina
Morte Século I d.C.
?
Veneração por Cristianismo
Festa litúrgica 12 de julho
Atribuições mulher segurando um véu ou um pano com a imagem de Jesus
Padroeiro lavadores e lavadeiras; fotógrafos[1]
Portal dos Santos

Santa Verônica ou Berenice, de acordo com o "Acta Sanctorum" publicado pelos bolandistas[2], foi uma mulher piedosa de Jerusalém que, comovida com o sofrimento de Jesus ao carregar a cruz até o Gólgota, deu-lhe seu véu para que ele pudesse limpar seu rosto. Jesus aceitou a oferta e, após utilizá-lo, devolveu-o à Verônica. E então, a imagem de seu rosto estava milagrosamente impresso nele[3][4][5]. Este véu é conhecido como "Véu de Verônica".

O nome "Verônica" em si é uma forma latinizada de Berenice, um nome macedônio que significa "portador da vitória" (correspondente à em grego: phere-nikē). A etimologia popular atribui sua origem às palavras para "verdade" (em latim: vera) e "imagem" (em grego: eikon), inclusive a Enciclopédia Católica[6].

A origem do relato

A Encyclopaedia Britannica diz o seguinte sobre a relato:

Eusébio conta como em Cesareia de Filipe vivia uma mulher a quem Cristo havia curado de um problema de hemorragia (Mateus 9:20–22). A lenda não demorou em dar a ela um nome. No ocidente, ela foi identificada com Marta de Betânia. No oriente, ela foi chamada de Berenike, ou Beronike, o nome aparecendo em obras tão antigas quanto os "Atos de Pilatos", cuja primeira versão é do século IV d.C. É interessante notar que a divertida derivação do nome Verônica das palavras Vera e Icon (eikon) "verdadeira imagem" também é antiga e aparece em "Otia Imperialia" (iii, 25) de Gervásio de Tilbury (fl. 1211), que diz:
"Est ergo Veronica pictura Domini vera."
 

A Enciclopédia Católica de 1913 diz o seguinte sobre o crescimento do relato:

A crença na existência de imagens autênticas de Cristo está ligada com a velha lenda do rei de Edessa, Abgar, e o texto apócrifo conhecido como "Mors Pilati" ("A morte de Pôncio Pilatos"). Para distiguir em Roma a mais conhecida e mais antiga destas imagens, ela foi chamada de vera icon (imagem verdadeira), que na língua comum se transformou em "verônica".

É assim referenciada em diversos textos medievais mencionados pelos bolandistas (ex.: um antigo missal de Augsburgo tem um missa "De S. Veronica seu Vultus Domini", ou "Santa Verônica, a Face do Senhor") e Mateus de Westminster fala de uma impressão da imagem do Salvador que é chamada de Veronica: "Effigies Domenici vultus quae Veronica nuncupatur" ("Éfige da face do Senhor que é chamada de Veronica"). Gradualmente, a imaginação popular tomou a palavra como sendo o nome de uma pessoa e ligou a ela uma série de lendas que variam de acordo com o país.

 

A referência ao rei Abgar está relacionada à uma lenda muito similar ao relato, popular no oriente, chamada Imagem de Edessa, e ligada às tradições de São Tadeu.

O relato de Verônica

Santa Verônica.
De Robert Campin, atualmente no Stдdelsches Kunstinstitut, Frankfurt.

Não há referência à história de Santa Verônica e seu véu nos Evangelhos canônicos. A história que chega mais perto é o milagre já relatado sobre a mulher que foi curada de uma hemorragia em Mateus 9:20–22 e Lucas 8:43–48. O nome dela foi identificado como sendo Verônica nos Atos de Pilatos, uma obra apócrifa do século IV d.C. A história foi depois mais elaborada com a adição da história de Cristo dando a ela um auto-retrato num tecido com o qual ela posteriormente curou o imperador romano Tibério ("Cura de Tibério"). A ligação disto com Jesus carregando a cruz na Paixão e a aparição milagrosa da imagem só ocorreu por volta de 1380, num livro internacionalmente famoso na época chamado de "Meditações sobre a vida de Cristo"[8]

A história de Verônica é celebrada na sexta estação da Via Crúcis.[9].

De acordo com a Enciclopédia Católica, o Véu de Verônica era considerado nos tempos medievais como a imagem verdadeira, a representação de Jesus anterior ao Sudário de Turim[6].

Sexta estação.
Século XIX.

Santa Verônica foi mencionada nas visões de Jesus pela irmã Maria de São Pedro, uma freira carmelita que viveu em Tours, na França, e iniciou a devoção da Santa Face de Jesus. Em 1844, a irmã Maria relatou que numa visão, ela viu Santa Verônica limpando o cuspe e a poeira da face de Jesus com seu véu no caminho do Calvário. Ela afirmou ainda que os atos sacrílegos e blasfemos de hoje em dia estão adicionando cuspe e poeira no rosto de Jesus. De acordo com ela, Jesus teria pedido a devoção de sua Face Sagrada como reparação, que seriam então comparáveis ao ato de Verônica limpando o rosto de Jesus[10][11].

A devoção à Santa Face de Jesus terá sido aprovada pelo Papa Leão XIII em 1885 e novamente por Pio XII em 1958[12].

Santa Verônica é comemorada na "Terça-feira gorda", a terça-feira antes da quarta-feira de cinzas, o mesmo dia da comemoração da Santa Face.

Verônica na cultura popular

No filme de Mel Gibson, A Paixão de Cristo (2004) inclui um episódio de Verônica limpando o rosto de Jesus, ainda que ela não seja mencionada nominalmente no filme (ela foi creditada como "Seraphia").

Ver também

Referências

  1. «Patron Saints Index: Saint Veronica» (em inglês) 
  2. Harper, Douglas (2001). Online Etymology Dictionary. Veronica (em inglês). [S.l.: s.n.] Consultado em 23 de janeiro de 2011 
  3. LondresNotes and Queries (em inglês). 6. 252 páginas. Jul/dez 1852  Verifique data em: |ano= (ajuda)
  4. UKThe Archaeological journal (em inglês). 413 páginas. 1850  Parâmetro desconhecido |Volume= ignorado (|volume=) sugerido (ajuda); Em falta ou vazio |título= (ajuda)
  5. Butler, Alban (2000). Lives of the Saints (em inglês). [S.l.: s.n.] 84 páginas. ISBN 0-86012-256-5 
  6. a b c  Herbermann, Charles, ed. (1913). «St. Veronica». Enciclopédia Católica (em inglês). Nova Iorque: Robert Appleton Company 
  7. «18». História Eclesiástica. The Statue which the Woman with an Issue of Blood erected. (em inglês). VII. [S.l.: s.n.]  |nome1= sem |sobrenome1= em Authors list (ajuda)
  8. Wilson, Ian (1991). Holy Faces, Secret Places (em inglês). Garden City: Doubleday. 175 páginas. ISBN 9780385261050 
  9. «Sexta estação» (em inglês). Site do Vaticano. Consultado em 23 de janeiro de 2011 
  10. Dorothy Scallan (1994). The Life & Revelations of Sr. Mary of St. Peter (em inglês). [S.l.: s.n.] ISBN 0-89555-389-9  Parâmetro desconhecido |co-autor= ignorado (ajuda)
  11. Joan Carroll Cruz, OCDS (2003). Saintly Men of Modern Times (em inglês). [S.l.: s.n.] ISBN 1-931709-77-7 
  12. Joan Carroll Cruz, OCDS, 2003, Saintly Men of Modern Times ISBN 1-931709-77-7 page 200

Ligações externas


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