Maria do Carmo Rodrigues

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Maria do Carmo Rodrigues
Maria do Carmo Rodrigues
Nascimento 16 de julho de 1924
Santa Luzia
Morte 5 de maio de 2014
Prazeres
Cidadania Portugal
Ocupação escritora

Maria do Carmo Rodrigues (Funchal, Portugal, 16 de julho de 1924 - Prazeres, 5 de maio de 2014) foi uma escritora madeirense de grande destaque.[1] Dedicou-se sobretudo à literatura infantojuvenil, tendo produzido vários contos e peças de teatro infantis. As suas peças foram maioritariamente transmitidas pela antiga Emissora Nacional. Escreveu também diversas novelas e peças teatrais para leitores adultos. O seu impacto foi notório não só na área da literatura como na área da educação, para a qual contribuiu mediante a participação e elaboração de diversos projetos.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Filha de António Leite Monteiro, médico, e de Maria de França Dória Pimenta Leite Monteiro, nasceu a 16 de Julho de 1924, na freguesia de Santa Luzia. Residiu parte da sua vida em Lisboa, na rua das Amoreiras, a partir de 1979. Na infância, estudou no Colégio da Apresentação de Maria, durante a década de 1930. Iniciou a sua carreira literária em 1941 sob o pseudónimo de Suzana Pobre, que usou até 1953. Após o casamento aos 22 anos com o Dr. José Manuel da Silva Rodrigues, médico e inspetor de saúde no Funchal, começou a assinar as suas obras com o seu nome de casamento "Maria do Carmo Rodrigues".[2]

Além da sua carreira literária, Maria do Carmo Rodrigues teve um papel ativo na promoção de serviços sociais com vista ao apoio às crianças, juventude e idosos. Foi sócia fundadora do Comité Português para a Unicef e do IAC – Instituto de Apoio à Criança - e da Associação Crianças Sem fronteiras. Entre 24 de setembro de 1974 e 5 de maio de 1977, foi presidente da Comissão Distrital de Assistência do Funchal. Sob este cargo, desenvolveu a creche e o jardim de infância da instituição Auxílio Maternal, instalou um lar para idosos na Quinta do Vale Formoso e adaptou o Hospício da Princesa Dona Amélia a Lar de idosos. A 15 de março de 1977 foi nomeada pelo ministro da justiça, Dr. Almeida Santos, diretora do Centro Polivalente do Funchal e a 23 de março de 1979, foi transferida para a Direção Geral dos Serviços Tutelares de Menores como técnica de 3.ª em Lisboa, tendo aí fixado residência.[2]

Foi diretora do do jornal infantil "A Canoa", publicado no Funchal entre 1969 e 1971, colaborou na Biblioteca "O Jardim" e participou em associações como a Associação Lions Clube e na Associação Portuguesa de Escritores.[3]

Na área da educação, contribuiu com a sua participação em inúmeros programas de rádio dirigidos a jovens e educadores.[4] Protagonizou várias sessões de sensibilização à leitura em escolas e bibliotecas públicas pelo país e escreveu contos em colaboração com os alunos.

Morreu nos Prazeres a 5 de Maio de 2014.[4]

A propósito do Dia Internacional do Livro Infantil, o Arquivo Regional e Biblioteca Pública da Madeira (ABM) formalizou a doação do acervo da autora madeirense. A exposição no ABM com o título "Maria do Carmo Rodrigues e a escrita de receção infantojuvenil. A Ilha ao Mundo" percorre a vida e obra da escritora, referindo as suas obras publicadas e os projetos mais notórios da sua carreira. Inclui uma exposição bibliográfica e documental, com exemplos de obras e documentos de arquivo doados. Após a assinatura do auto de doação, segue-se a conferência ‘Cosmovisão da Ilha e do Mundo: Percursos pela escrita de recepção infantojuvenil de Maria do Carmo Rodrigues’, proferida pela Prof.ª Doutora Leonor Coelho.[3] O acervo é entregue à Região pela sobrinha da autora, Maria Antonieta Abreu Castaño. Deste conjunto documental, com datas entre 1919 e 2014, destacam-se alguns textos originais produzidos na década de 40, além de correspondência diversa, contos, novelas e textos para teatro, num total de mais de 300 documentos.[5]

Obra publicada[editar | editar código-fonte]

Da sua produção literária infantojuvenil destacam-se várias obras, entre as quais:

  • "Dona Trabucha", 1964;
  • "O Vencedor", 1970;
  • "Chamo-me Leovigildo", 1974;
  • "Camélias Brancas", 1980;
  • "O Jardim de Rosalina",1988;
  • "Sebastião, o Índio", 1982;
  • "À porta do teu coração", 1988;
  • "A Jóia do Imperador", 1992;
  • "A Mensagem Enigmática", 1993, selecionado para as Olimpíadas da Leitura da Fundação Círculo de Leitores;
  • "Estou a crescer (poemas), 1999;
  • "Como se faz o Vinho", 1999;
  • "Tiago Estrela", 2002,recomendado pelo Plano Nacional de Leitura";
  • "João Gomes do Gato", 2005;
  • "Carlota e o seu amigo Pinheirinho", 2006

Entre as obras dirigidas a leitores adultos, sobressaem a obra "Receitas com Histórias" (2005) e "O Código de Ética do Lionismo" (2008).[2]

Prémios e homenagens[editar | editar código-fonte]

O seu trabalho foi reconhecido em vida tendo sido atribuídos vários prémios e condecorações, entre os quais: Medalha de Louvor da Cruz Vermelha em 1978; Distinção por Mérito Cultural da Região em 1992; e Comenda de Melvin Jones Fellow em 1995.[2]

A 45ª edição da Feira do Livro do Funchal, que teve lugar de 24 de Maio a 2 de Junho de 2019, promoveu a autora em nome do Dia Mundial da Criança.[1]

Após a sua morte em 2014, foi homenageada com dois votos de pesar, aprovados por unanimidade,no plenário da Assembleia Legislativa da Madeira, a 8 de Maio de 2014. As iniciativas foram apresentadas pelas bancadas do Partido Socialista e do partido do Centro Democrático Social (CDS). Maximiano Martins (PS) lembrou a autora como "ser humano maravilhoso" e elogiou as suas contribuições cívicas e culturais, sendo a sua morte uma "dolorosa perda para a Madeira e para o país".[6]

Referências

  1. a b Orlando Drumond. «Maria do Carmo Rodrigues 'presente' na Feira do Livro». www.dnoticias.pt. Consultado em 5 de julho de 2019 
  2. a b c d Gonçalves, Paulo (2018). «Maria do Carmo rodrigues» (PDF). Arquivo Regional e Biblioteca Pública da Madeira. Consultado em 5 de julho de 2019 
  3. a b «ABM inaugura exposição e promove conferência dedicada a Maria do Carmo Rodrigues». JM Madeira. 1 de abril de 2018. Consultado em 5 de julho de 2019 
  4. a b «Morreu a escritora madeirense Maria do Carmo Rodrigues | JM Madeira». Jornal da Madeira. Consultado em 5 de julho de 2019 
  5. Silva, Emanuel (2 de abril de 2018). «Acervo da escritora Maria do Carmo Rodrigues entregue hoje à Região». Funchal Notícias. Consultado em 5 de julho de 2019 
  6. Fern, Miguel; Luís, es. «Aprovados votos de pesar pela morte da escritora Maria do Carmo Rodrigues». www.dnoticias.pt. Consultado em 5 de julho de 2019