Tufo (dança)

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Grupo de mulheres dançando tufo.

Tufo é uma dança tradicional no norte de Moçambique.[1] É realizada por grupos de mulheres e é encontrada em Maputo, nas províncias de Cabo Delgado e Nampula, bem como na ilha de Moçambique.[2][3] De origem árabe, o tufo é realizado para celebrar festivais e feriados islâmicos.[4][5] A dança é tradicionalmente executada por mulheres, que movem apenas as metades superiores de seus corpos e são acompanhadas por músicas e pandeiretas semelhantes a tambores.

História[editar | editar código-fonte]

As origens do tufo não são claras,[6] embora na ilha de Moçambique uma lenda diga que a dança começou no momento em que o profeta Maomé migrou para Medina. Foi recebido por seus seguidores com canções e danças louvando Alá, sendo acompanhados por pandeiretas. Ai serem aprovadas por Maomé, as danças continuaram a ser realizadas em festivais religiosos. O tufo provavelmente chegou a Moçambique nos anos 1932-1933, trazido por um comerciante de Quíloa chamado Iúçufe.[6] O nome provavelmente deriva de um nome árabe para os pandeiros usados na dança, ad-duff. Em português essa palavra se tornou adufe ou adufo e depois tufo.[7] A dança também foi fortemente influenciada pela cultura matrilinear dos macuas.[8] Apesar das suas origens muçulmanas, o tufo espalhou-se para além das comunidades e do contexto do Islã.[6] Embora ainda se apresentem em festas religiosas, as canções do tufo também podem conter temas sociais ou políticos.[9]

Apresentação[editar | editar código-fonte]

Historicamente, o tufo era executado por dançarinos de ambos os sexos, mas agora homens só dançam em raras ocasiões. Os grupos de dança de tufo compreendem de quinze a vinte mulheres, que são acompanhadas por quatro homens ou mulheres em pandeiretas planas semelhantes a tambores. Todas as dançarinas cantam, embora geralmente haja uma principal. Tradicionalmente, os dançarinos de tufo dançavam enquanto estavam ajoelhados, movendo ritmicamente as metades superiores de seus corpos.[6] Mais recentemente a coreografia evoluiu: os dançarinos agora podem se levantar e movimentar inteiramente os seus corpos.[10]

As músicas de tufo são transmitidas oralmente e podem ser compostas por um dos dançarinos ou pelo poeta do grupo.[7] Geralmente estão na língua macua, mas também podem ser compostas em árabe ou português.[11] Os dançarinos devem usar lenços e capulanas correspondentes, que são um tecido estampado colorido. Cada dança requer uma nova capulana para ser usada.[12][13]

Referências

  1. Simmons 2002.
  2. Cristalis 2005, p. 115.
  3. Fitzpatrick 2000, p. 30; 159.
  4. Buur 2007, p. 146.
  5. Correia 2004.
  6. a b c d Sheldon 2005, p. 247.
  7. a b Arnfred 2004, p. 43.
  8. Arnfred 2004, p. 41.
  9. Arnfred 2004, p. 40; 51; 61-62.
  10. Arnfred 2004, p. 42-43.
  11. Arnfred 2004, p. 42; 61.
  12. Fitzpatrick 2000, p. 21.
  13. Arnfred 2004, p. 42, nota 3.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Arnfred, Singe (2004). «Tufo Dancing: Muslim Women's Culture in Northern Mozambique». Revue Lusotopie (em inglês): 39-65 
  • Buur, Lars; Silva, Teresinha da; Kyed, Helene Maria (2007). State recognition of local authorities and public participation: experiences, obstacles and possibilities in Mozambique (em inglês). Maputo: Ministério da Justiça, Centro de Formação Jurídica e Judiciária 
  • Correia, Amílcar (2004). «L'île magique de Vasco de Gama». Courrier International (em francês) 
  • Cristalis, Irena; Scott, Catherine (2005). Independent women: the story of women's activism in East Timor (em inglês). Londres: Instituto Católico para Relações Internacionais 
  • Fitzpatrick, Mary (2000). Mozambique (em inglês). Franklin, Tennessee: Lonely Planet. ISBN 1-74059-188-7 
  • Sheldon, Kathleen E. (2005). Historical Dictionary of Women in Sub-Saharan Africa (em inglês). Lanham, Marilândia; Toronto, Oxónia: Scarecrow Press 
  • Simmons, Paulanne (2002). «Out of Africa: Mozambique troupe brings blend of traditional & contemporary dance». The Brooklyn Paper (em inglês)