Usuário(a):AdriDaqui/Imigração haitiana no Chile

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

A imigração haitiana no Chile é o movimento migratório do Haiti para o Chile.

História[editar | editar código-fonte]

Nos últimos anos teve início uma onda migratória de haitianos para o Chile, sobretudo após o Terramoto do Haiti de 2010. Dentre tantos fatores, atribui-se a busca pelo Chile devido a presença de tropas chilenas na missão de estabilização após a Crise do Haiti de 2004 - e posteriormente como parte dos capacetes azuis na Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti - o que provocou uma aproximação entre a população haitiana com a população militar chilena.

Demografía[editar | editar código-fonte]

Vivem preferencialmente na Grande Santiago, em comunas como Quilicura, Recoleta, Independência e Estação Central. Quilicura inclusive foi apelidada de «petit Haiti», «a pequena Haiti» ou «Haiticura».[1] É uma das migrações que mais tem crescido no Chile nos últimos anos, com uma estimativa de +731% entre 2013 e 2016, período em que estima-se a chegada de 41 000 pessoas.[2] Antes de 2013 estimavam-se 4000 imigrantes haitianos, enquanto que no censo de 2002 a população haitiana residente no Chile era de apenas 50 pessoas.[3][4]

Durante o ano de 2016 ingressaram ao todo 43 898 haitianos no Chile e desde janeiro até 26 julho de 2017 ingressaram 44 289 pessoas.[5]

No ano 2016 a migração de haitianos à Região Metropolitana representou o maior crescimento em relação ao ano 2015, com um incremento de 6,3%, seguida pela imigração de venezuelanos, com 5,4% segundo dados da Associação de Municipalidades do Chile.[6]

Segundo dados dos vistos concedidos entre os 2005 e 2015, 68% dos migrantes haitianos são homens e 32% mulheres; 7% tem entre 0 e 14 anos, 44% entre 15 e 29 anos, 44% entre 30 e 44 anos, e 4% entre 45 e 49 anos.[7]

O trajeto migratório se dá de forma direta do Haiti ou de comunidades imigrantes haitianas existentes no Brasil e República Dominicana.

Juntamente às comunidades colombiana e dominicana, são as chamadas «comunidades emergentes», dado seu grande crescimento na década de 2010 e por sua busca por melhores condições de vida.[8] Os filhos de imigrantes haitianos de raça negra nascidos no Chile, bem como os filhos de cidadãos chilenos com afrohaitianos, têm produzido uma geração de afrochilenos ou mulatos historicamente quase inexistentes no país.[9]

A barreira do idioma e os esforços de integração[editar | editar código-fonte]

Diferentemente de outras populações latino-americanas, os haitianos não são falantes nativos da língua espanhola e muitos não conhecem o idioma, o que tem levado a diversas organizações a criar cursos de espanhol para estes.[10][11] Em comunas onde a população haitiana é expressiva, existem intérpretes (também chamadas mediadores ou facilitadores) nos consultorios médicos e nas escolas.[12][13][14] Também está sendo levado a cabo a capacitação de matronas do Serviço de Saúde Metropolitano Central no idioma crioulo haitiano.[15]

Durante o Censo de 2017 existia um formulário de respostas em crioulo haitiano e houve intérpretes voluntários de nacionalidade haitiana que apoiaram os recenseadores.[16][17][18]

Controvérsias[editar | editar código-fonte]

Solicitação de visto[editar | editar código-fonte]

Devido ao explosivo aumento da imigração haitiana no Chile, e com o objetivo de controlar este alto fluxo de imigrantes, o chanceler Heraldo Muñoz anunciou que, a pedido da Comissão de Relações Exteriores da Câmara de Deputados, encontra-se em estudo a exigência de visto consular para a entrada de cidadãos haitianos no Chile, tal qual como se implementou em 2012 com os cidadãos da República Dominicana.[19] A autoridade afirmou que a chegada em massa de haitianos "tem gerado situações de violação de direitos aos mesmos migrantes, problemáticas de convivência local, bem como delicadas situações de trato de pessoas e tráfico ilegal de imigrantes".[20][21]

Suposto tráfico de imigrantes[editar | editar código-fonte]

Em agosto de 2016, depois de receber uma denúncia da Polícia de Investigações, o Ministério Público decidiu abrir uma investigação a respeito da eventual participação da empresa aérea Latin American Wings em um caso de tráfico de migrantes, dada a massiva entrada de cidadãos haitianos como turistas (paradoxalmente provenientes do país mais pobre de América) mas que em realidade ingressam com fins de residência no Chile. A Promotoria informou que alguns destes passageiros chegavam ao Chile com cartas de convite falsas compradas de religiosos de igrejas cristãs por até US$ 300. Alguns imigrantes haitianos têm afirmado que compram cartas de convite para ingressar ao país e contratos de trabalho falsos para obter residência temporária e definitiva.[22][23]

Suposto primeiro caso de lepra no Chile continental[editar | editar código-fonte]

Em julho de 2017, o Ministério de Saúde do Chile confirmou a detecção, em Valdivia, de um caso de lepra num cidadão haitiano, doença da qual não havia registros no Chile continental (anteriormente houve casos na Ilha de Páscoa, no entanto a doença encontrava-se oficialmente erradicada).[24][25][26] No entanto o Ministério de Saúde desmentiu que fosse o primeiro caso de lepra no Chile continental, a doença já havia sido detectada em outras ocasiões, mas sempre em visitantes de outros lugares do mundo, nunca por contágio local.[27]

Cultura[editar | editar código-fonte]

Atividades[editar | editar código-fonte]

Dentro das atividades realizadas pela comunidade haitiana encontra-se a celebração do dia da independência do Haiti, em 1 de janeiro, a qual celebram tomando sopa de Zapallo, como símbolo da liberdade conquistada durante a Independência do Haiti, participando tanto em rituais cristãos, como de vodu dependendo das crenças da pessoa.[28] Ademais celebram o dia da bandeira (18 de maio).[29][30]

Também participam das festas pátrias do Chile e se vestem com os trajes típicos chilenos.[31][32]

Esportes[editar | editar código-fonte]

Tanto no Haiti como no Chile, o esporte mais popular é o futebol, além de ter como referência o jogador chileno de ascendência haitiana Jean Beausejour, a comunidade tem formado vários clubes de futebol amador, como o clube de futebol chamado FC Cruz Azul de Haiti inspirado na equipe mexicana de mesmo nome.

Haitianos famosos residentes no Chile[editar | editar código-fonte]

O jogador de futebol Jean Beausejour é filho de pai haitiano e mãe chilena de origem mapuche.
  • Rétélie Beauchamp, modelo.
  • Pierre Desarmes, músico.
  • Gyvens Laguerre, músico.
  • David Versaille, músico.

Chilenos famosos descendentes de haitianos[editar | editar código-fonte]

Veja também[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Referências[editar | editar código-fonte]

2

  1. «Así vive la "petit Haití" de Santiago» 
  2. «Haitianos en Chile: una gran comunidad de migrantes que busca una oportunidad» 
  3. Víctor Farinelli. «"Little Haiti": Chilean city attracts recent wave of Haitian immigration» (em inglês) 
  4. «Información de personas nacidas en el extranjero residentes en Chile de acuerdo a los datos del XVII Censo de Población de 2002» (PDF) 
  5. «Cifra de inmigrantes haitianos en 2017 superó el total del año pasado» 
  6. «Haitianos y venezolanos lideran alza de inmigrantes en la Región Metropolitana» (em espanhol) 
  7. «Boletín N°1 "Migración Haitiana en Chile"» (PDF) 
  8. «El "sueño chileno": Colombianos, haitianos y dominicanos en la calles de nuestro país» 
  9. «Nacimientos de hijos de madres extranjeras en Chile se triplicaron en los últimos 12 años» 
  10. «Así aprenden español los haitianos del Barrio Yungay» 
  11. «Hola, soy haitiano». Universidad San Alberto Hurtado 
  12. «Traductora haitiana apoya labor médica en los CESFAM». Ilustre Municipalidad de Recoleta 
  13. Domínguez, Francisca (3 de setembro de 2015). «Atención en creole: Cómo se adaptan los consultorios para hablar con los pacientes de Haití en su idioma». Emol. Emol. Consultado em 27 de janeiro de 2017 
  14. «La dura realidad de la migración haitiana en Chile» 
  15. «Capacitan en idioma créole a matronas para atender a creciente población haitiana migrante» 
  16. «Censo 2017 contará con cuestionarios traducidos al creole, inglés, francés, alemán y portugués – Censo 2017 – Todos Contamos» (em espanhol) 
  17. «Los inmigrantes voluntarios del Censo: el importante apoyo de los haitianos como traductores | Emol.com» (em espanhol) 
  18. «El improvisado y entusiasta censista haitiano que recorrió la comuna de San Miguel | Emol.com» (em espanhol) 
  19. «Visa para haitianos genera incertidumbre» 
  20. «Gobierno estudia exigir visa a los haitianos que ingresen a Chile como turistas» 
  21. «Parlamentarios buscan aprobar visa de ingreso especial para haitianos» 
  22. «Fiscalía indaga presunto tráfico de migrantes haitianos en aeropuerto» 
  23. «VIDEO: Aerolínea LAW usa su único avión para transportar haitianos desde Punta Cana a Santiago» 
  24. «Joven haitiano fue tratado en Hospital de Valdivia tras ser diagnosticado con lepra» 
  25. «Autoridad asegura que se detectó en Valdivia primer caso de lepra en Chile continental» 
  26. «Primer caso de lepra en Chile Continental es diagnosticado en Valdivia» 
  27. «Lepra: Casos reportados hoy no son los primeros en Chile continental» (em espanhol) 
  28. «Haitianos en Chile celebrará su día de independencia» 
  29. «En Recoleta: el momento felíz de los inmigrantes». Ilustre Munipalidad de Recoleta 
  30. «Quilicuranos de Corazón Haitianos de Nacimiento». Ilustre Munipalidad de Quilicura 
  31. «Un 18 de inmigrantes: Las tiernas fotos de huasos de la comunidad haitiana en Chile» 
  32. «La comunidad haitiana en Chile y sus inspiradoras imágenes dieciocheras». Radio Rock & Pop