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Curió[editar | editar código-fonte]

Sporophila angolensis (anteriormente denominado Oryzoborus angolensis), popularmente conhecida como Curió, é uma ave da Ordem dos Passeriformes, Família Thraupidae. [1]

Sistemática[editar | editar código-fonte]

O nome possui origem indígena (tupi-guarani), e ao ser traduzido para o português significa “amigo do homem”. A ave Curió recebeu essa denominação em decorrência da frequência com que o pássaro visitava as aldeias.[2]

O Curió é uma ave também conhecida como avinhado, bicudo, papa-arroz e peito-roxo (Pará). Existem parentes próximos do Curió na Nigéria e na Califórnia, porém se diferem tanto na sua plumagem quanto no seu canto. Seu nome possui o significado do grego sporos = semente; e philos = que gosta, amigo. E do (latim) angolensis = referente ao país da Angola na África, angolana, angolano. A ave angolana é a que gosta de sementes. Entretanto, essa nomenclatura é resultado de um erro, pelo fato de que esta ave é exclusiva da América.[2]

Tem como sinonímia Oryzoborus angolensis.

O epíteto Oryzoborus significa "apreciador de arroz", oryzo = arroz e borus = apreciador, apesar deste cereal não ser originário das Américas e, geralmente, causar danos ao sistema digestório da ave.[3]

Hábitos Reprodutivos[editar | editar código-fonte]

As aves possuem bela plumagem e apresentam dimorfismo sexual depois de atingir a idade adulta. O macho tem a cor predominante preta em todo o dorso e em seu abdômen apresenta uma cor vinho. A fêmea tem o porte menor, de cor pardo-marrom, sendo da mesma cor que os filhotes imaturos. As fêmeas, normalmente, iniciam sua vida reprodutiva no segundo ano de vida, sendo até considerado uma atuação precoce no comportamento reprodutivo. Os machos já estão disponíveis para a reprodução no segundo ano, mas como não adquiriram a definitiva plumagem negra dos adultos, são dificilmente aceitos pelas fêmeas para o acasalamento. A época de reprodução é de março a setembro e cada fêmea bota em média de 02 à 03 ovos. O período de incubação varia de 11 à 15 dias e modifica-se de acordo com as características climáticas de cada região e disponibilidade de alimentos. Normalmente, as fêmeas se prepararam para a época reprodutiva com achegada da estação chuvosa, que na natureza é a época em que encontra-se maior oferta de alimentos. Além disso, o macho auxilia no cuidado dos filhotes e a ajudam na busca dos materiais para confecção do ninho. [1]

O ninho caracteriza-se por possuir paredes finas, em formato de xícara. Põe cerca de 2 ovos de coloração branco-esverdeados e com muitas manchas marrons. E a eclosão desse ovo ocorre por volta de 13 dias após a postura. Passados 30 dias do nascimento, os filhotes já estão prontos para sair do ninho.[2]

Comportamento[editar | editar código-fonte]

Essa espécie é conhecida por possuir um canto que compõe-se em uma frase melodiosa e fluente, destacando-se pelo famoso "assobio" ou "canto corrido", o qual contém uma séries de assobios descendentes bastantes fortes. Assim, conferindo uma vocalização ímpar entre os diversos pássaro que são encontrados no território brasileiro. Essa característica singular desperta afinidade entre os criadores amadores e profissionais, pois, além da beleza do canto dessa ave, o prêmio em competições de canto para o curió-campeão pode chegar ao valor de um carro novo. [3]

Hábitos Alimentares[editar | editar código-fonte]

Na maioria das vezes, o Curió alimenta-se de alguns insetos e de várias sementes. E possui preferência pela semente do Capim-navalha (Paspalum virgatum), subindo nos pendões de capim ou catando-as no chão. [2]

Conservação e Habitat[editar | editar código-fonte]

A ave está distribuída em quase todo território nacional. Está presente da Região Amazônica ao Rio Grande do Sul, passando por estados da região Centro-Oeste. É encontrado, também, em quase todos os países da América do Sul, com exceção do Chile. Habita as regiões litorâneas brasileiras e, principalmente, no litoral paulista[2].

Por ser um pássaro bastante visado, o IBAMA está intensificando o controle e fiscalização nas aves que ainda vivem em seu habitat natural. Assim, para obter um melhor e mais efetivo controle, o Instituto tem utilizado o método de identificação por anilha de metal, que permite ter as informações específicas de cada animal, como dados biológicos e de morfometria. Outras táticas estão sendo praticadas, sendo elas os teste de paternidade e de fingerprint (que é um método de mapeamento genético), para que, assim, seja possível ser criado um banco de dados de cada indivíduo da espécie. Dessa forma, garantindo a identificação de origem tanto para o IBAMA quanto para os criadores legais. O Curió é uma ave silvestre que é encontrada em quase todo território brasileiro e, ultimamente, estão se tornando cada vez mais comum em criadouros comerciais e, em contrapartida, estão sendo cada vez menos encontradas em área florestadas. Por isso, é uma espécie considerada ameaçada de extinção em decorrência da caça predatória e da destruição de seus ambientes naturais. Como resultado desse cenário, verifica-se cada vez mais a importância da prática de procriação de Curiós em criadouros, já que permite a produção e fornecimento dessas aves, até de maneira comercial, sem ter a necessidade de capturar na natureza de maneira clandestina e, de certa forma, reduzindo os casos de mais tratos dos animais. Além de possibilitar e formalizar uma comercialização legal, até para a exportação, o que aumenta as chances de sobrevivência da espécie e diminuindo seu risco de extinção.[1]

Os torneiros de cantos[editar | editar código-fonte]

Os criadores possuem preferência pelos pássaros que apresentam o canto com "repetição" (pela classificação dos tipos de canto, esse tipo caracteriza-se por ter entrada, módulo de repetição e fechamento) e o canto "fibra" (caracteriza-se quando um macho adulto canta estando próximo de outro macho adulto). Para participar do concurso, não há distinção do tipo de canto, podendo ser, por exemplo, com repetição ou sem repetição. Existe um torneio chamado "Presa" que é realizado Norte do Brasil (Pará e Amazonas), no qual as aves que vivem em cativeiro são transportadas para um território de outra ave salvagem para estimular uma competição entre eles. Quando o pássaro livre identifica o outro que foi introduzido e começa a cantar na tentativa do afastar para intimidar o "intruso". O indivíduo selvagem pousa na gaiola e é agarra pela ave que é criada em cativeiro, a briga finaliza quando o proprietário intervém e retira o selvagem, que é colocado em liberdade. O vencedor é aquele que, através de uma testemunha, tiver coletado e libertado um maior número de aves selvagens. Essa competição pode ser considerada negativa, pois há uma provocação e, consequentemente, é gerado um certo estresse no animal e graves ferimentos, o que pode levar a um possível óbito.[3]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b c Oliveira, Angélica da Silva de; Reis, Leandro Aparecido dos; Oliveira, Alessandra Valéria de (25 de outubro de 2011). VARIABILIDADE GENÉTICA DE POPULAÇÕES DE ORYZOBORUS ANGOLENSIS E ORYZOBORUS MAXIMILIANI CRIADAS EM CATIVEIRO, NO MUNICÍPIO DE MARINGÁ, PR. [S.l.]: UNIVERSIDADE CESUMAR 
  2. a b c d e «Curió - Sporophila angolensis». www.cobrap.org.br. Consultado em 25 de junho de 2022 
  3. a b c Lopes, João dos Prazeres (29 de junho de 2011). «Análise da comunicação sonora do Curió Oryzoborus angolensis (Aves, Passeriformes, Emberizidae)». http://repositorio.ufpa.br/handle/2011/5316. Consultado em 24 de junho de 2022