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Juan Antonio Carrasco Forrastal (La Paz, Bolívia, 30 de janeiro de 1945 - Madri, Espanha, 28 de outubro de 1972), filho de Antonio Carrasco Bustillo e Olga Forrastal de Carrasco, foi um estudante do Instituto de Física da Universidade de São Paulo preso e torturado durante o período da Ditadura Militar.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Juan Antonio era hemofílico. Como não havia tratamentos para a doença na Bolívia, em 1965, Juan Antonio veio para o Brasil com seu irmão Jorge Rafael e seus pais, Antonio e Olga, para se tratar. Um dos passos do tratamento foi a amputação de sua perna esquerda, que foi substituída por uma prótese.

A família se estabeleceu na cidade de São Paulo. Antonio Bustillo começou a trabalhar como contador e Olga como secretária do Conselho Federal de Farmácia. Juan Antonio e Jorge Rafael se matricularam respectivamente nos cursos de Física Nuclear e Engenharia Elétrica na Universidade de São Paulo.

Jorge Rafael morava no Conjunto Residencial da Universidade de São Paulo (CRUSP) que, durante o período da ditadura militar, foi espaço de representação do movimento estudantil. No dia 6 de setembro de 1968, quatro dias após o decreto do Ato Institucional Número Cinco (AI-5), o CRUSP foi invadido pelas Forças Armadas. Cerca de 1200 estudantes foram levados pelos militares, entre eles, Jorge Rafael.

De acordo com amigos e família, Jorge Rafael não tinha nenhum envolvimento com o movimento estudantil. Segundo relato do peruano Gonzalo Pastor Castro Barreda, estudante de Engenharia Eletrônica na época, à revista Adusp: “Quando fomos presos, separaram todos os bolivianos [dos demais estudantes]. Os bolivianos presos não foram levados ao DOPS, mas ao II Exército. E os arquivos do II Exército não aparecem. Mas os bolivianos não participavam politicamente. Começou a ser difundida a ideia de que existia uma ligação entre o Che Guevara, que tinha morrido na Bolívia [em 1967], e o movimento universitário”.

Ao saber que o irmão tinha sido levado pelas Forças Armadas, Juan Antonio foi até o quartel-general do II Exército, no Ibirapuera, procurá-lo. No entanto, Juan Antonio acabou sendo detido pelos militares, com a desculpa de que ele era aluno da USP.

Juan Antonio foi torturado, a fim de que revelasse seu envolvimento com movimentos políticos e informações sobre colegas de militância. Os militares retiraram a perna mecânica do estudante o que, junto com os golpes recebidos durante a tortura, levou Juan Antonio, que era hemofílico, a ter vários derrames pelo corpo.

Olga e Antonio foram em vários quarteis em busca dos filhos, até os encontrarem no II Exército, no Ibirapuera. Preocupada com a saúde frágil de Juan Antonio, Olga foi atrás do cônsul da Bolívia em São Paulo, Alberto del Carpio, para pedir a transferência de seu filho para o Hospital das Clínicas. O cônsul conseguiu, porém, após a mudança, Juan Antonio rapidamente foi transferido para o Hospital Militar do Cambuci, onde continuou sofrendo torturas físicas e psicológicas.

Após um período no Hospital Militar do Cambuci, ambos os filhos de Olga e Antonio desapareceram. Logo, a família descobriu que Juan Antonio e Jorge Rafael estavam no Quartel de Quintaúna, onde, sob as ordens do Coronel Sebastião Alvim, eram torturados cruelmente. A violência sofrida agravou ainda mais o estado mental de Juan Antonio, que já estava debilitado fisicamente.

Juan Antonio e Jorge Rafael foram liberados do Quartel de Quintaúna no início de 1969. Jorge Rafael conseguiu terminar a faculdade ainda em 1969 e, após a formatura, mudou-se para Curitiba, no Paraná.

Em 1970, Jorge Rafael se casou com Elvira Dulce Altoe, que ficou grávida logo em seguida. A irmã de Juan Antonio e Jorge Rafael, Teresa Carrasco, que ficou na Bolívia quando o resto da família veio para o Brasil, afirmou em entrevista à revista Adusp: “Jorge pensava que não poderia mais ter filhos, por conta dos choques elétricos que havia sofrido nos órgãos genitais durante a prisão. Então foi uma alegria muito grande para ele quando descobriu que sua mulher estava grávida”.

No dia 7 de outubro de 1970, Jorge Rafael faleceu em um acidente de carro, em Curitiba. Sua filha, Rafaela Carrasco Altoe, nasceu em abril de 1971.

Já Juan Antonio não conseguiu se recuperar das sequelas da violência sofrida no II Exército e no Quartel de Quintaúna. Ele ficou várias semanas internado no Departamento de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, em São Paulo, período no qual cometeu uma tentativa de suicídio. Olga e Antonio então internaram Juan Antonio em outro local, o Hospital Psiquiátrico da Vila Mariana. Faltava um ano para Juan Antonio terminar o curso de Física Nuclear na USP, porém ele não quis voltar às aulas.

No início de 1972, Antonio e Olga mandaram o filho Juan Antonio para o Hospital da Cruz Vermelha, em Madri, na Espanha. No dia 28 de outubro de 1972, Juan Antonio cometeu suicídio durante um breve momento que sua mãe o deixou sozinho no quarto.

[1] [2] [3]

Referências

  1. Revista Adusp, Outubro de 2012, "Torturas do Exército levaram aluno Juan Forrastal ao Suicídio" - SANSÃO, Luiza
  2. Relatório da Comissão da Verdade, casos Antonio Benetazzo e Juan Antonio Carrasco Forrastal - 12/08/2013
  3. Casos Antonio Benetazzo e de Juan Antonio Carrasco Forrastal são tema da Comissão da Verdade, Youtube - 12/09/2013