Vale de Amári

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 Nota: Para localidades homônimas, veja Amári.
Vila de Tronos
Igreja do mosteiro Assomáton (atualmente restaurada)
Igreja de São Nectário (Agios Nectarios), Furfurás

Amári (em grego: Αμάρι) é um vale fértil[1] no sopé dos montes Ida e Cédros em Creta. Localizado a 600 m acima do nível do mar, é caracterizado pela produção agrícola de oliveiras, videiras e cerejeiras, assim como outros produtos agrícolas como milho, repolho, alface, etc. Tremoceiros, narcisos e gladíolos, orquídeas cretenses e flores do gênero geranium são comuns no vale. As vilas locais são, no geral, pequenas e estão localizadas no sopé dos montes circundantes.[2]

História[editar | editar código-fonte]

Escavações arqueológicas constataram que o local é povoado desde o neolítico, contudo, ainda há poucos vestígios (cacos e machados de pedra). Durante o período minoico a cidade de Festo ampliou-se com o desenvolvimento satélite dentro do vale Amári no final da idade do bronze, estabelecendo um assentamento em Monastirací;[3] muitos outros vestígios minoicos são localizáveis ao longo da região, especialmente no assentamento minoico de Apodúlo e nas cavernas locais.[4][5]

Muitos vestígios romanos foram identificados especialmente em cavernas, no entanto, a unica cidade na região durante o período foi o sítio de Sívritos. Possuía uma estratégica localização, controlando em seu tempo a rota norte-sul do vale. Arqueólogos especulam que a antiga cidade de Sulia, atual Agía Galíni, foi o porto de Sivrítos.[6] A cidade cunhava moedas de prata representando os deuses Dionísio, Zeus e Hermes.[7] Permaneceu como importante centro durante o período bizantino inicial e foi sede de um episcopado, no entanto, acabou sendo destruída por piratas sarracenos.[8]

Durante o período bizantino muitas igrejas foram erigidas nas vilas locais, ou mesmo em meio ao vale.[2] Durante o século XVII o mosteiro bizantino de Assomáton floresceu graças aos muitos donativos dos aldeões, tornando-se então, durante a dominação turca, o centro cultural da região. Utilizando-se do prestígio adquirido criou, entre outras coisas, uma escola em Monastirací (que operou até 1898), contudo, pela região ter grande número de cretenses muçulmanos, o mosteiro foi constantemente saqueado e destruído; em 1810, um terremoto provocou grandes avarias no recinto.[9] O mosteiro de Calóidena alugou suas fazendas para os moradores de Ano Meros para que estes as cultivassem e parte da produção fosse encaminhada para a escola de Monastirací.[10]

As cavernas locais durante todo o período otomano, assim como durante a ocupação alemã, serviram de refúgio para revolucionários cretenses.[4] No contexto da Revolução de 1821, muitos mosteiros locais ajudaram os revolucionários a lutarem contra o domínio turco, tendo os monges de Calóidena participado da luta armada, no entanto, com o fracasso da revolução, em 1823, um exército turco proveniente da planície de Messara invadiu o vale Amári e destruiu aldeias, claustros e mosteiros.[10] O vale Amári foi conhecido como um centro de resistência aos alemães durante a Batalha de Creta e da ocupação alemã. Após o rapto do general Heinrich Kreipe os alemães destruíram certo número de aldeias na área,[2] incluindo a vila de Geracari.[11]

Referências

  1. Pendlebury, John D. (1991). The Archaeology of Crete (em inglês). [S.l.: s.n.] ISBN 0-8196-0121-7 
  2. a b c «Amari» (em inglês). Consultado em 18 de janeiro de 2012 
  3. C. Michael Hogan. «Phaistos Fieldnotes, The Modern Antiquarian (2007)» (em inglês). Consultado em 11 de dezembro de 2011 
  4. a b Dunbabin 1947, p. 189-190.
  5. «Amari Valley» (em inglês). Consultado em 18 de janeiro de 2012 
  6. «Thronos» (em inglês). Consultado em 16 de janeiro de 2012 
  7. «Thronos» (em inglês). Consultado em 16 de janeiro de 2012 
  8. «Thronos» (em inglês). Consultado em 16 de janeiro de 2012 
  9. «Assomaton» (em inglês). Consultado em 20 de janeiro de 2012 
  10. a b «Kaloidena» (em inglês). Consultado em 22 de janeiro de 2012. Arquivado do original em 12 de dezembro de 2007 
  11. Dunbabin 1947, p. 186.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Dunbabin, T. J. (1947). The Annual of the British School at Athens. 42. [S.l.: s.n.]