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O Pão e o Vinho: diferenças entre revisões

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* '''Vídeo''': [http://vimeo.com/55890032 entrevista] de Ricardo Costa à RTP sobre o filme ainda em desenvolvimento
* '''Vídeo''': [http://vimeo.com/55890032 entrevista] de Ricardo Costa à RTP sobre o filme ainda em desenvolvimento
* [http://rcfilms.dotster.com/entrevista_caterina.pdf A etnoficção como género cinematográfico] – entrevista de Caterina Cucinotta com Ricardo Costa, 25 de março, 2015
* [http://m.diariodigital.sapo.pt/inicio/modal/artigo/61422040 Documentários e curtas em Évora no 1º Festival do Filme do Património], [http://m.diariodigital.sapo.pt/ Diário Digital], 30 de Setembro 2016
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Revisão das 01h09min de 4 de outubro de 2016

O Pão e o Vinho
Portugal
1981 •  cor, 16 mm •  90 min. aprox. min 
Género docuficção
Direção Ricardo Costa
Idioma português

O Pão e o Vinho (1981) é um documentário português de longa-metragem de Ricardo Costa, a sua segunda docuficção. Mostrando hábitos e tradições seculares com recurso a actores locais e a poetas repentistas, é uma etnoficção.

Autos da Paixão no teatro popular
Tal como o filme etnográfico de Manoel de Oliveira, O Acto da Primavera (1963), filmada na Curalha, uma aldeia de Trás-os-Montes, O Pão e o Vinho, filmado quase vinte anos depois numa vila do Alentejo, o Redondo, ilustra o padecimento do Homem, simbolizado por uma representação religiosa da Paixão de Cristo em forma de mistério, neste caso enquanto expressão popular e pagã, no quadro do teatro medieval, em reacção espontânea ao dogma. [1][2][3]
Auto da Paixão no Alentejo
Embora o rosto seja o mesmo, embora o amor de Verónica se imprima no mesmo pano, esta versão do sofrimento mostra outras terras e outras gentes, num outro lugar, num outro tempo e com outras cores. [4] Aqui a palavra é dada à terra produtora, ao que dela o falar exprime, mas neste caso quem fala não são as personagem de um auto invocatório da condição humana, são os poetas repentistas que falam em verso e se tornam os demiurgos de uma realidade que é a vida, ali, com as cores que ela tem naquele momento, mais um na luta diária pelo sustento e pelo futuro. [5]
Uma outra particularidade caracteriza as duas obras: os actos que ambas ilustram, os seus actores, são realidades extintas. Se ambos os filmes continuam a ilustrar alguma coisa é o mesmo rosto estampado no alvo pano, na alma branca de uma qualquer Verónica, da mulher que vive o mesmo sofrimento que o do homem crucificado pela injustiça.


Ficha sumária

  • Argumento: Ricardo Costa
  • Realizador: Ricardo Costa
  • Produção: Diafilme
  • Intérpretes: Joaquim da Louça, Anastásio Pires, Gil Quintas
  • Grupo de Cantadores do Redondo
  • Formato: 16 mm cor, reversível
  • Duração: 90' aprox.
  • Estreia RTP, 1981

Sinopse

No Alentejo é tudo planície. Vê-se que nesse tempo alguma coisa aconteceu que não era merecida. Vê-se hoje que, esgotadas as esperanças num projecto que não se cumpriu, o Alentejo, essa terra singular e arrebatadora, ainda tinha memória, ainda tinha vida. Do que aconteceu falam as personagens deste filme. Em cada uma das histórias que eles contam, o protagonista é o Homem.

Em torno de uma celebração da Páscoa, Sexta-Feira Santa, noite cerrada, desfilam negras e sinistras figuras, vestidas de negros mantos e de negros capuzes, em profundo silêncio apenas rompido pelo ressoar da matraca e pelo misterioso cântico de uma jovem Verónica que, erguendo bem alto o pano ensanguentado onde ficou estampado o rosto de Cristo, faz ouvir a voz do seu lamento, cantando numa língua que não se entende, mas que tudo conta. Em contraponto, um grupo de encapuçados responde, em coro, ao som da banda. Avança a procissão.

A cada esquina, no meio do silêncio, ouve-se outras vozes e vê-se rostos suados, no campo. A cada golpe de foice, a cada volta da ceifa, a cada enxadada, a cada improvisado remate de ilustres poetas repentistas, como os do boémio Joaquim da Loiça, o retrato é traçado, a verdadeira história é contada. A matraca e o canto da Verónica fazem-se de novo ouvir. E a procissão continua até ao momento em que, com fragor, a tampa do caixão se abate sobre o corpo de Cristo. A história que se conta é de dor e de errância e o motivo é o mesmo do que noutras circunstâncias bastante se fala, diante de um copo de tinto, de um naco de pão e de uma fatia de queijo.

Enquadramento histórico

O Pão e o Vinho é um filme que foi encomendado por Fernando Lopes, quando responsável pelo segundo canal da RTP. O Vitorino (cantor), natural do Redondo, falou-lhe na existência da cerimónia e do interesse que havia em que fosse filmada. Por essa época, Ricardo Costa andava a filmar pelas montanhas do norte de Portugal a sua série de longas metragens, o Homem Montanhês, que consistia em quatro filmes de cariz antropológico e poético sobre comunidades em que se extinguiam hábitos comunitários. Este filme surge assim, como por acaso, a meio da série.

Nessa época, as cooperativas de cinema, que surgiram depois da Revolução dos Cravos, ainda eram activas, tal como a Diafilme, empresa constituída por Ricardo Costa para realizar os seus trabalhos e outros de colegas seus. Em breve porém, perante a concorrência exercida pela concorrente SIC, a RTP desistiria de colaborar com produtores externos, grupos independentes em que se associavam os cineastas da época, para começar a difundir outro tipo de conteúdos. A produção de documentários seria assim drasticamente afectada e quase todas essas empresas fechariam portas. Sendo parco o contributo da RTP, para conseguir fazer os filmes era necessário recorrer-se a outros apoios, em grande parte atribuídos pelas autarquias, que consistiam quase sempre em facilidades de alojamento e estadia.

Ficha artística

  • Joaquim da Louça (poeta popular)
  • Anastásio Pires (poeta popular)
  • Gil Quintas (poeta popular)
  • Vitorino (cantor)
  • Janita Salomé
  • Grupo de Cantares do Redondo
  • Extractos das Quatro Estações do Ano de Vivaldi e de autores portugueses da época

Ficha técnica

  • Argumento: Ricardo Costa
  • Realizador: Ricardo Costa
  • Produtor: Ricardo Costa
  • Produção: Diafilme
  • Director de produção: Óscar Cruz
  • Rodagem: Redondo, Alandroal e outros locais
  • Director de fotografia: Joao Ponces de Carvalho; Vítor Estêvão
  • Assistente de imagem: Adão Gigante
  • Director de som: Valdemar Miranda
  • Montagem: Ricardo Costa
  • Formato: 16mm cor, reversível
  • Duração: 90'
  • Laboratório de imagem: Tobis Portuguesa
  • Laboratório de som: RTP
EXIBIÇÕES
Estreia RTP, 1983 (versão TV em três partes separadas)
Nova exibição da RTP (versão longa-metragem): sexta-feira de Páscoa de 2004
Exibição pública: Vila Viçosa, verão de 2004
Redondo revisitado em viagem com "O Pão e o Vinho" – 5 de março 2016 no Redondo
1st INTERNATIONAL HERITAGE FILM FESTIVALÉvora, 1 de outubro 2016, 21h 30, na Igreja de São Vicente

Referências

  1. O Teatro Medievalarquivo da UFRGS
  2. Teatro Quinhentista da Paixão – na pág. da UCP
  3. O “Auto da Paixão” em Santo António de Monforte – na pág da UCP
  4. Auto da Alma: uma alegoria Tardo-medieval?, Ludomina Aragão, biblioteca digital, Faculdade de Letras da UP
  5. Teatro português medieval: cenário histórico – artigo de Rosângela Moraes da Silva em CIFEFIL

Ver também

Ligações externas