A Má Notícia
A Má Notícia | |
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Autor | Belmiro de Almeida |
Data | 1897 |
Género | |
Técnica | óleo sobre madeira |
Dimensões | 168 × 168 |
Localização | Museu Mineiro, Belo Horizonte |
A Má Notícia é o título de um quadro do artista brasileiro Belmiro de Almeida, realizada em 1897. A obra retrata uma jovem sentada num fauteuil sobre o qual se debruça, tendo jogada ao chão uma carta que certamente lhe trouxera a notícia ruim do título da pintura.[2]
Histórico
[editar | editar código-fonte]Pintada em Paris, foi exposta originalmente em Ouro Preto, no Liceu de Artes e Ofícios daquela cidade que ainda era, então, a capital de Minas Gerais. Foi então adquirida pelo governo estadual e, com a inauguração da nova sede administrativa naquele mesmo ano, foi transferida para Belo Horizonte, ficando exposta no Palácio da Liberdade.[3]
Consta que o autor fizera um requerimento para a aquisição do quadro pelo governo e, quando esta foi efetuada em outubro de 1897 pelo montante de dez mil réis com parte das verbas destinadas à mudança da capital, ele efetuou a doação da pintura "Aurora do 15 de Novembro" - e cuja compra pelo governo não prosperara.[nota 1] Mais tarde, retornando novamente de Paris em 1899, tentou a mesma estratégia para a venda da tela "Os Descobridores", que objetivava as comemorações dos quatro séculos do "Descobrimento", sem sucesso.[4]
Folclore sobre a obra
[editar | editar código-fonte]Como a capital mineira mudou em 1897, pouco tempo após a exposição inicial, foi popular a interpretação de que a "má notícia" era, justamente, a transferência do centro político e administrativo de Ouro Preto para Belo Horizonte.[1]
Na nova capital a obra acabou sendo objeto de superstição, sendo indicada como a responsável por dificuldades enfrentadas pelos governadores no começo do século XX, trazendo "mau agouro" - o que fez com que fosse rejeitada e transferida a vários órgãos até, finalmente, ser alocada no Arquivo Público estadual e, dali, para o Museu Mineiro, onde está exposta.[3]
Análise e contexto
[editar | editar código-fonte]No informe de Samuel Mendes Vieira, "essa pintura que devassa o interior doméstico e humano ganhou força junto às últimas décadas do século [XIX], dando resposta a um público burguês sedento por telas de menores dimensões e de aspecto decorativo, com temas frugais e cenas próximas a realidade vivida" e o autor revela com seus trabalhos a "dimensão psicológica e doméstica" da vida brasileira, no que foi acompanhado por vários outros artistas.[2]
A obra segue a temática sentimental de quadros anteriores do artista, como o pintado uma década antes “Arrufos” onde uma mulher jovem aparece em prantos após ter atirado uma rosa ao chão e, ainda, a tela “Amuada”, com uma dama expressando tristeza e igualmente debruçada num fauteuil como em A Má Notícia. Diversas pinturas do período retratam a figura feminina em momentos íntimos, revelando-lhes o aspecto psicológico, em obras como "Más Notícias" ou "Recordação" de Rodolfo Amoedo, "Saudades" de José Ferraz de Almeida Júnior ou Après la faute de Jean Béraud.[2]
Impacto cultural
[editar | editar código-fonte]Em maio de 2013, como parte da comemoração do aniversário do Museu Mineiro, foi lançado o curta-metragem "A Má Notícia" inspirado no quadro, com direção de Elza Cataldo e a personagem da tela interpretada por Fernanda Vianna, do Grupo Galpão.[1]
Ver também
[editar | editar código-fonte]Notas e referências
[editar | editar código-fonte]Notas
Referências
- ↑ a b c Institucional (7 de maio de 2013). «Lançamento do curta-metragem A Má Notícia marca as comemorações de aniversário do Museu Mineiro». Secretaria de Cultura de Minas Gerais. Consultado em 8 de abril de 2024. Cópia arquivada em 8 de abril de 2024
- ↑ a b c d Vieira 2012.
- ↑ a b Institucional (26 de novembro de 2015). «"A Má Notícia", tela de Belmiro de Almeida, de 1897, volta a ser exposta no Museu Mineiro». Secretaria de Cultura de Minas Gerais. Consultado em 8 de abril de 2024. Cópia arquivada em 12 de janeiro de 2023
- ↑ a b Conduru 2022.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Conduru, Guilherme Frazão (2022). «Os descobridores (1899), de Belmiro de Almeida: uma reflexão sobre as origens e o destino do Brasil». Rio de Janeiro. 19&20. XVII (1-2). doi:10.52913/19e20.xvii12.02. Consultado em 8 de abril de 2024. Cópia arquivada em 23 de março de 2023
- Vieira, Samuel Mendes (2012). «Porta adentro: Cenas de intimidade na pintura de Belmiro de Almeida» (PDF). UNICAMP - VIII EHA - Encontro de História da Arte. Consultado em 8 de abril de 2024. Cópia arquivada (PDF) em 17 de outubro de 2021