A Promise (álbum)

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A Promise
Álbum de estúdio de Xiu Xiu
Lançamento 18 de fevereiro de 2003 (2003-02-18)
Gravação
Gênero(s)
Duração 38:53
Idioma(s) Inglês
Formato(s) CD, vinil, cassete, download, streaming
Gravadora(s) 5 Rue Christine, Collective Jyrk, Absolutely Kosher, Stoned to Death, Graveface
Produção Jamie Stewart
Cronologia de Xiu Xiu
Chapel of the Chimes
(2002)
Fabulous Muscles
(2004)

A Promise é o segundo álbum do grupo experimental estadunidense Xiu Xiu, liderado por Jamie Stewart, lançado em 18 de fevereiro de 2003 pela gravadora 5 Rue Christine.

Composições[editar | editar código-fonte]

As faixas apresentam sons dissonantes em uma estética lo-fi e industrial, com o uso de instrumentos acústicos, elétricos e eletrônicos e vocais que oscilam entre cantos, enunciações, gritos e sussuros. Matt LeMay, escrevendo para a Pitchfork à época do lançamento, disse que Xiu Xiu faz uma "aproximação sônica da loucura" e chamou o álbum de "completamente bizarro".[2] Assim, é difícil classificá-lo em um gênero musical; ele já foi descrito como eletrônico experimental, pós-industrial e noise pop; além disso, os elementos pessoais e confessionais das letras fazem com que o álbum faça parte da tradição de cantor-compositor.[1]

As letras de A Promise, escritas por Jamie Stewart, são consideradas sombrias, pessimistas e autodepreciativas, e tratam de temas como depressão, suicídio, conflitos familiares, abuso sexual e homossexualidade.[3][4][5] Apesar de esses temas já estarem presentes no primeiro álbum do Xiu Xiu, Knife Play (2002), a morte por suicídio do pai de Stewart durante a composição de A Promise foi a maior inspiração para as canções.[6]

"Sad Pony Guerrilla Girl" e "Pink City" são arranjos de composições originalmente gravadas pela banda anterior de Stewart, Ten in the Swear Jar; as versões originais foram lançadas retrospectivamente em 2005, na coletânea Accordion Solo!"[7]

A única faixa não autoral de A Promise é "Fast Car", de Tracy Chapman, apresentada em um arranjo minimalista e lento. Stewart disse que a canção influenciou diretamente a maneira como ele compõe, citando que a letra "narra coisas particularmente horríveis" e que "não há nenhuma resolução positiva no final".[8] O verso "I been working at the convenience store" da versão de Chapman é substituído, na do Xiu Xiu, por "Working at East Side's San Jose Child Development Center", uma referência a um emprego que Stewart teve nesse lugar.

Capas e lançamentos[editar | editar código-fonte]

A capa do lançamento original do álbum é uma fotografia por Stewart que apresenta um homem nu segurando um bebê de borracha em uma cama. Em entrevista à Pitchfork à época do lançamento, o músico contou a história da fotografia:[9] o homem é um prostituto chamado Hang, de Hanói, Vietnã, cidade que Stewart visitava. Ao ser aproximado pelo rapaz na rua, Stewart pensou em uma maneira de dar-lhe dinheiro sem que eles tivessem relações sexuais, prática que consideraria exploratória pela vulnerabilidade social em que o rapaz se encontrava. A solução encontrada por Stewart foi convidá-lo para o hotel em que se hospedava para uma sessão de fotografias. Lá, ele fotografou o rapaz nu segurando uma boneca de borracha que Stewart havia levado para o Vietnã com o objetivo de capturá-la em lugares diversos.

Eu disse a ele que usaria as fotos de alguma forma eventualmente, e ele pareceu não se importar de forma alguma. Em muitas das imagens, ele estava tentando parecer realmente sexy. E isso me causou muitos sentimentos estranhos: era tocante que ele só estava tentando fazer seu trabalho, sabe? 'Agora, meu trabalho é como um profissional do sexo, e tentarei fazer isso, mesmo estando com esse cara estranhíssimo que quer tirar fotos de mim com esse bebê.' Ao mesmo tempo, eis um rapaz que tinha uns 20 anos, e obviamente já tinha apanhado muitas vezes; assim foi como sua vida acabou sendo. Muito difícil de assistir. E, também, às vezes simplesmente hilário: eis um rapaz pelado tentando parecer sensual segurando esse bebê? [Risadas]
— Jamie Stewart, 2003[9]

A capa, logo após o lançamento original em CD, foi substituída por uma versão em que a genitália do modelo é coberto por um retângulo laranja, em referência ao filme Storytelling (2001), por Todd Solondz. A distribuidora recomendou a censura dizendo que só um décimo das lojas aceitariam comercializar o álbum com nudez na capa. A decisão não incomodou muito a Stewart, que disse que "o ponto da foto é o homem, e não seu órgão".[2]

Em 2004, A Promise recebeu dois lançamentos em vinil, ambas sem a cobertura do pênis: a versão da gravadora Collective Jyrk, limitada a 200 cópias, apresenta a foto original em preto-e-branco e em baixa qualidade, como uma produção de copiadoras. A da Absolutely Kosher é outra fotografia, em que o modelo aparece deitado, da mesma sessão da capa original.[10]

Em ocasião da turnê europeia do Xiu Xiu em 2014, a gravadora tcheca Stoned to Death lançou uma versão em cassete limitada a 100 cópias, com a capa original em versão censurada em formato "J-card". Em 2018, a Graveface Records remasterizou A Promise pela primeira vez e o lançou em vinil de 12 polegadas "cor-de-carne", com um vinil de 7 polegadas bônus contendo a versão original de "Sad Girl", pelo Ten in the Swear Jar, e uma faixa demo intitulada "Sad Cory-O-Grapher"; adicionalmente, a edição acompanha um código de download para um "comentário bêbado" feito por Stewart sobre o álbum. A capa dessa versão é uma terceira fotografia daquela sessão, em que só o bebê de borracha aparece em cima de um móvel.[10]

Recepção da crítica[editar | editar código-fonte]

Críticas profissionais
Avaliações da crítica
Fonte Avaliação
Pitchfork 8.6
Stylus Magazine B
Tiny Mix Tapes 4 de 5 estrelas.

A Promise foi aclamado pela crítica especializada, especialmente por sua profundidade emocional. Escrevendo para a PopMatters, Adrien Begrand disse que o álbum é "quase uma obra-prima" e o melhor em seu estilo musical desde The Downward Spiral, adicionando que as emoções evocadas pela obra fazem o ouvinte "saber que há pelo menos uma pessoa que já se sentiu pior do que [ele] jamais sentirá".[5] A Tiny Mix Tapes destacou que "muitas das faixas são postas contra quase nenhuma música de fundo, permitindo a Stewart gritar ou falar-cantar da maneira mais desconcertante que consegue".[4]

Chris Ott, para a Pitchfork, destacou as influências da trilogia de Berlim de David Bowie e do gamelão Geinoh Yamashirogumi (conhecido principalmente pela trilha sonora de Akira) e concedeu ao álbum a classificação "Best New Music".[3] Ed Howard, da Stylus Magazine, percebeu a maturação do Xiu Xiu em relação ao primeiro álbum e disse que a banda "encontrou sua própria voz, situando-se bem em um nicho ecêntrico que só ela poderia ocupar."[11]

Em entrevista ao canal no YouTube The Sound It Resounds, o músico Owen Pallett declarou que A Promise é seu álbum favorito e o que lhe mais foi influente, dizendo que a escrita com "auto-humilhação e autossátira" do Xiu Xiu fez com que ele pela primeira vez percebesse exatamente as emoções que poderiam ser transmitidas por música.

Lista de faixas[editar | editar código-fonte]

De acordo com AllMusic:[1]

Todas as faixas escritas e compostas por Jamie Stewart, exceto quando especificado. 

N.º Título Duração
1. "Sad Pony Guerrilla Girl"   3:18
2. "Apistat Commander"   4:35
3. "Walnut House"   4:41
4. "20,000 Deaths for Eidelyn Gonzales, 20,000 Deaths for Jamie Peterson"   3:16
5. "Pink City"   2:13
6. "Sad Redux-O-Grapher"   3:19
7. "Blacks"   3:14
8. "Brooklyn Dodgers"   3:51
9. "Fast Car" (Tracy Chapman) 5:53
10. "Ian Curtis Wishlist"   4:33
Duração total:
38:53

Créditos[editar | editar código-fonte]

De acordo com Discogs:[10]

  • Jamie Stewart — música e fotografia
  • John Golden — masterização

Musicistas adicionais[editar | editar código-fonte]

  • Aaron Russell (faixas 1 e 2)
  • Ches Smith (3, 4 e 6)
  • Cory McCulloch (2 e 8)
  • Jherek Bischoff (4)
  • Korum Bischoff (9)
  • Lauren Andrews (2-4, 7 e 8)
  • Sam Mickens (9)
  • Sara Chaney (8)
  • Tally Jones (2, 6 e 5)
  • Wei Hwu (8)
  • Yvonne Chen (2, 3 e 8)

Referências

  1. a b c «A Promise - Xiu Xiu» (em inglês). AllMusic. Consultado em 14 de fevereiro de 2019 
  2. a b Stosuy, Brandon (9 de abril de 2006). «Interview: Xiu Xiu» (em inglês). Pitchfork. Consultado em 14 de fevereiro de 2019 
  3. a b Ott, Chris (26 de fevereiro de 2003). «Xiu Xiu: A Promise - Album Reviews» (em inglês). Pitchfork. Consultado em 14 de fevereiro de 2019. Arquivado do original em 18 de setembro de 2015 
  4. a b Tamec (14 de dezembro de 2006). «Xiu Xiu - A Promise - Music Review» (em inglês). Tiny Mix Tapes. Consultado em 14 de fevereiro de 2019 
  5. a b Begrand, Adrien (20 de abril de 2003). «Xiu Xiu: A Promise» (em inglês). PopMatters. Consultado em 14 de fevereiro de 2019 
  6. «Xiu Xiu - Girl with Basket of Fruit» (em inglês). Pelican Magazine. 12 de fevereiro de 2019. Consultado em 14 de fevereiro de 2019. "Xiu Xiu came to prominence in 2003 with the release of A Promise, written in reaction to the suicide death of Stewart’s father" 
  7. «Ten in the Swear Jar - Accordion Solo! (CD, compilation)» (em inglês). Discogs. Consultado em 14 de fevereiro de 2019 
  8. Orloff, Brian (30 de julho de 2003). «Xiu Xiu's Stewart Takes On 'Gay-bashing'» (em inglês). neumu. Consultado em 14 de fevereiro de 2019 
  9. a b LeMay, Matt (1 de abril de 2003). «Interview: Xiu Xiu» (em inglês). Pitchfork. Consultado em 14 de fevereiro de 2019 
  10. a b c «Xiu Xiu - A Promise - Releases, Reviews, Credits» (em inglês). Discogs. Consultado em 14 de fevereiro de 2019 
  11. Howard, Ed (1 de setembro de 2003). «Xiu Xiu - A Promise - Review» (em inglês). Stylus Magazine. Consultado em 14 de fevereiro de 2019. Arquivado do original em 3 de março de 2016