A Sereia (livro)

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A Sereia
Autor(es) Camilo Castelo Branco
Idioma Português
País Portugal Portugal
Assunto os direitos do coração por oposição às convenções sociais
Gênero Romance
Lançamento 1865

A Sereia é o título de um romance essencialmente trágico de Camilo Castelo Branco publicado em 1865, sobre o tema dos direitos do coração por oposição às convenções sociais, um dos temas recorrentes em Camilo. A história é baseada num caso real narrado num manuscrito do século XVIII, "Carta de um amigo a outro escrita do Porto ou istória da vida de D. Joachina Antonia chamada A Sereia", descoberto e publicado na terceira década do século XX por Júlio Dias da Costa. Ou seja, a referência no romance ao manuscrito atribuído a João de Melo e Nápoles e encontrado "na livraria [biblioteca] do Barão de Prime, fidalgo de Viseu", longe de ser um recurso da retórica ficcional camiliana, tem base na realidade.[1]

Segundo Jorge Filipe de Araújo da Ressurreição, "A Sereia é uma das várias novelas passionais escritas por Camilo Castelo Branco. Este tipo de narrativa camiliana é caracterizado pelo conflito entre os protagonistas que pretendem viver o seu direito a amar e as regras impostas quer pela família, quer pela sociedade, quer mesmo pela religião. Daqui resulta uma narrativa plena de processos que visam demonstrar e intensificar o sofrimento resultante da situação, que não raro termina com a morte dos heróis."[2]

Personagens[editar | editar código-fonte]

  • Joaquina Eduarda Cazado Godim - heroína trágica, alcunhada "A Sereia" por seus dotes de cantora, apaixona-se pelo estudante Gaspar de Vasconcelos e foge com ele para Sevilha, Espanha
  • Gaspar de Vasconcelos - filho natural de Pedro de Vasconcelos, acadêmico do curso jurídico da Universidade de Coimbra, apaixona-se por Joaquina Eduarda e, como o pai não concorda com essa união, foge com ela para a Espanha
  • Pedro de Vasconcelos - pai de Gaspar, teima em não aceitar uma união legítima entre o filho e Joaquina, acarretando assim uma tragédia
  • Maria Pereira - mãe ilegítima de Gaspar, encerrada num convento
  • Frade João - irmão de Pedro
  • Paulina Roberta - prima de Gaspar, com quem este deveria se casar, segundo a vontade do pai
  • António de Souza Pereira - juiz de fora de Amarante, cunhado de Joaquina
  • Maria Amália - irmã de Joaquina, casada com o juiz de fora
  • Padre Sebastião Godim - irmão de Joaquina, tenta confortá-la nos momentos de angústia e loucura
  • D. Joana - religiosa professa de Santa Clara, tia de Joaquina, tenta atrair a sobrinha para a vida monacal
  • Francisco da Cunha Noronha e Távora - exilado na Espanha, trava amizade com o casal Gaspar + Joaquina e, compadecendo-se desta, acolhe-a em seu lar
  • João de Melo e Nápoles - suposto autor do manuscrito, apaixona-se por Joaquina quando esta já está semilouca e tenta salvá-las do suicídio no mar

Resumo da obra[editar | editar código-fonte]

O juiz de fora António de Sousa Pereira leva sua esposa Maria Amália e a cunhada Joaquina Eduarda para a inauguração do teatro lírico do Porto, em 15 de maio de 1762. Lá está também o velho Pedro de Vasconcelos, na companhia do filho natural (ilegítimo) Gaspar, estudante de Coimbra. Quando Joaquina e Gaspar põem-se a trocar olhares, Maria Amália chama a atenção da irmã: "Olha que não parece bem estar assim uma menina a olhar para um homem." O pai de Gaspar gostaria de casá-lo com a prima, Paulina Roberta. Para poderem viver plenamente seu amor proibido, Gaspar e Joaquina fogem para Sevilha com um dinheiro obtido do pai e do tio dele, frade João, aos quais mentiu dizendo que tinha contraído dívidas em Coimbra. Enquanto dura o dinheiro, o idílio espanhol do casal se sustenta. Mas quando o dinheiro termina, aí começa o dramalhão!

Referências

  1. Moizeis Sobreira de Sousa. «A Fontes Setecentistas do Romance Português (tese de doutorado)». Consultado em 10 de fevereiro de 2019 
  2. Jorge Filipe de Araújo da Ressurreição. «A Construção do Trágico em A Sereia, de Camilo Castelo Branco (dissertação de mestrado)». Consultado em 10 de fevereiro de 2019