Alfred Wegener

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Alfred Wegener
Conhecido(a) por teoria da deriva continental
Nascimento 1 de novembro de 1880
Berlim, Império Alemão
Morte 5 de novembro de 1930 (50 anos)
Groenlândia
Alma mater Universidade de Berlim
Orientador(es)(as) Julius Bauschinger
Campo(s) geografia
meteorologia
geologia
astronomia

Alfred Lothar Wegener (Berlim, Alemanha, 1 de novembro de 1880Groenlândia, cerca 5 de novembro de 1930) foi um geofísico e meteorologista alemão, proponente da teoria da deriva continental em 1912.

Carreira[editar | editar código-fonte]

A formação inicial de Alfred Wegener foi em astronomia, concluindo um doutoramento em 1904 na Universidade de Berlim. Contudo, sempre teve interesse pela geofísica e tornou-se também interessado nos campos emergentes da meteorologia e climatologia. Alfred Wegener casou-se com a filha de um famoso meteorologista, Wladimir Köppen. Na área da meteorologia, Wegener foi pioneiro na utilização de balões meteorológicos no estudo das massas de ar. Em 1906, fez parte de uma expedição à Groenlândia com o objetivo de estudar a circulação das massas de ar polar. Quando regressou da expedição, aceitou um lugar de tutor na Universidade de Marburg. Tornou a viajar para a Groenlândia de 1912 a 1913. Em 1914 foi recrutado para o exército alemão, sendo mais tarde dispensado de combater por ser ferido, servindo durante o resto da guerra nos serviços meteorológicos do exército. Após a guerra, Wegener regressou a Marburg, mas em 1924 aceitou um lugar de professor de meteorologia e geofísica na Universidade Austríaca de Graz. A sua última expedição à Groenlândia ocorreu em 1930. Nela, ao regressar de uma expedição de salvamento que levou alimentos a um grupo dos seus colegas acampados num local remoto, morreu de hipotermia em novembro, alguns dias após completar 50 anos de idade.[1]

Wegener demonstrou que o clima e os tipos de rocha coincidiam mesmo separados pelos oceanos. Após encontrar vestígios de fetos arbóreos tropicais na ilha, verificou que os continentes se tinham deslocado. Mas ele não sabia por que razão os continentes se moviam e, a princípio, os geólogos, especialmente os norte-americanos, desprezaram as suas ideias. Eles só se convenceram quando se descobriu que rochas magnéticas de idades diferentes apontavam para direções diferentes e não apenas para o polo norte magnético. A melhor explicação para essas variações era o movimento dos continentes.

A teoria da deriva continental[editar | editar código-fonte]

Fotografia da expedição de Wegener em 1930 (Arquivo: Instituto Wenener).

No outono de 1915, em Berlim, Wegener pesquisava na biblioteca da universidade, quando se deparou com um artigo que registrava fósseis de animais e plantas idênticos encontrados em lados opostos do Atlântico. Intrigado com esta observação, Wegener iniciou a pesquisa de outros casos semelhantes, de organismos separados por oceanos. A comunidade científica ortodoxa da época, tentou explicar esses casos afirmando que pontes terrestres, hoje submersas, em outros tempos ligaram os continentes. Wegener notou também, que as costas da África e da América do Sul se encaixavam. Poderiam então, as semelhanças entre organismos, dever-se não à existência de pontes terrestres, mas ao fato de os continentes em tempos remotos terem estado ligados? Uma teoria como essa, para ser aceita, necessitaria de uma grande quantidade de provas para apoiá-la. Wegener descobriu então, que grandes estruturas geológicas em diferentes continentes pareciam ter algum tipo de ligação. Por exemplo, os Apalaches na América do Norte aparentemente estiveram conectados às terras altas escocesas, e os estratos rochosos existentes na África do Sul eram idênticos àqueles encontrados em Santa Catarina no Brasil (Argumento Morfológico). Ao encontrar vestígios de glaciares em continentes com clima tropical, Wegener admitiu que no passado esses continentes ocupariam outra posição possivelmente mais próxima da Antárctida (Argumento Paleoclimático). O meteorologista constatou também que, muitas vezes, fósseis encontrados em certos locais indicavam um clima muito diferente do clima dos dias de hoje. Por exemplo, fósseis de plantas tropicais encontravam-se na ilha de Spitsbergen no Ártico (Argumento Paleontológico). Descobriu também, rochas com a mesma idade e do mesmo tipo, que então teriam se formado ao mesmo tempo num momento em que os continentes tinham estado juntos (Argumento Geológico). Todas essas evidências deram suporte à teoria de Alfred Wegener da deriva continental. Em 1915, a primeira edição de A Origem dos Continentes e Oceanos foi publicada, na qual Wegener explicava a sua teoria. Foi sucedida por outras edições em 1920, 1922 e 1929. Wegener afirmava que há cerca de 300 milhões de anos os continentes formavam uma única massa, Pangeia (do grego "toda a Terra"). A Pangeia fragmentou-se e os seus fragmentos andaram "à deriva" desde então. Wegener não foi o primeiro a sugerir que os continentes estiveram ligados em outros tempos, mas foi o primeiro a formular uma ideia de uma separação continental.

A teoria de Wegener teve poucos apoiadores na sua época[editar | editar código-fonte]

Parte das pessoas que souberam da teoria apoiaram Wegener, e parte não. Para grande parte dos pesquisadores da época, a Teoria da Deriva Continental era tema de piadas. Mas, Wegener declarou que não se importava: "Poucas pessoas podem ter acreditado, e muitas não. Mas, essas pessoas não se importam. O que importa é que o mundo já se juntou, e daqui a milhões de anos se juntará novamente, formando outra Pangeia." Wegener baseava a sua teoria em evidências circunstanciais e não foi capaz de apresentar um mecanismo para a deriva dos continentes, o que resultou numa hipótese pouco apoiada até aos anos 50 do século XX. Dentre os principais argumentos contrários à teoria de Wegener, podemos citar a descoberta de fósseis Glossopteris, na Sibéria, contrariando Wegener, que relacionava estes fósseis apenas com o Hemisfério Sul, a falta da descrição do mecanismo causador de desagregação da pangéia e a falta de estudos comparativos tanto ao nível litológico e orogénico. Dentro da Geofísica a teoria da isostasia apenas justificava os movimentos verticais, não sendo a explicação para os movimentos horizontais suportada por dados convincentes e na geodésica o ritmo de separação entre a Europa e a Groenlândia, apresentavam erros de cálculo, sendo alvo de sérias críticas às técnicas geodésicas. Graças a estas críticas, a comunidade científica do início do séc. XX não estava receptiva à transformação da visão permanentista para mobilista.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Publicações selecionadas[editar | editar código-fonte]

  • Wegener, Alfred (1911). Thermodynamik der Atmosphäre [Termodinâmica da atmosfera] (em alemão). Leipzig: Verlag Von Johann Ambrosius Barth 
  • Wegener, Alfred (1912). «Die Herausbildung der Grossformen der Erdrinde (Kontinente und Ozeane), auf geophysikalischer Grundlage». Petermanns Geographische Mitteilungen (em alemão). 63: 185–195, 253–256, 305–309 
  • Wegener, Alfred (1912). «Die Entstehung der Kontinente». Geologische Rundschau (em alemão). 3 (4): 276–292. Bibcode:1912GeoRu...3..276W. doi:10.1007/BF02202896 
  • Wegener, Alfred (1922). Die Entstehung der Kontinente und Ozeane [A origem dos continentes e oceanos] (em alemão). [S.l.: s.n.] ISBN 3-443-01056-3. LCCN unk83068007 
  • Wegener, Alfred (1929). Die Entstehung der Kontinente und Ozeane [A origem dos continentes e oceanos] (em alemão) 4 ed. Braunschweig: Friedrich Vieweg & Sohn Akt. Ges. ISBN 3-443-01056-3 
    • Edição em inglês: Wegener, Alfred (1966). The Origin of Continents and Oceans (em inglês). New York: Dover. ISBN 0-486-61708-4. Traduzido da 4ª edição revisada em alemão por John Biram. ; Edição britânica: Methuen, London (1968).
  • Köppen, W. & Wegener, A. (1924): Die Klimate der geologischen Vorzeit, Borntraeger Science Publishers. (em alemão) Edição em inglês: The Climates of the Geological Past 2015.
  • Wegener, Elsie; Loewe, Fritz, eds. (1939). Greenland Journey, The Story of Wegener’s German Expedition to Greenland in 1930-31 as told by Members of the Expedition and the Leader’s Diary (em inglês). London: Blackie & Son Ltd. Traduzido da 7ª edição alemã por Winifred M. Deans. 

Referências

  1. «Alfred Wegener (1880-1930)». University of California Museum of Paleontology. Consultado em 19 de dezembro de 2021. Cópia arquivada em 26 de setembro de 2019 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Commons
O Commons possui imagens e outros ficheiros sobre Alfred Wegener
Ícone de esboço Este artigo sobre uma pessoa é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.