Antiga Estação Transmissora da Rádio Farroupilha
Antiga Estação Transmissora da Rádio Farroupilha Estação Transmissora "PRH-2" | |
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O prédio no ano de 2015. | |
Tipo | edifício |
Estilo dominante | Neocolonial espanhol |
Início da construção | 1951 |
Inauguração | 19 de outubro de 1952 |
Proprietário(a) atual | Município de Porto Alegre |
Página oficial | http://www.farroupilhapg.radio.br/ |
Número de andares | 2 |
Geografia | |
País | Brasil |
Localização | Porto Alegre, Rio Grande do Sul |
A Antiga Estação Transmissora da Rádio Farroupilha, inaugurado como "Estação Transmissora PRH-2", às vezes citado como "antiga sede da Rádio Farroupilha", é um prédio histórico em ruínas localizado no bairro Ponta Grossa, em Porto Alegre.
História
[editar | editar código-fonte]Inauguração
[editar | editar código-fonte]O prédio foi inaugurado no dia 19 de outubro de 1952, para ser a "Estação Transmissora PRH-2" da Rádio Farroupilha, então pertencente ao Grupo Diários Associados, este de propriedade de Assis Chateaubriand (1892-1968). A torre transmissor tinha uma capacidade de 50 KW, a maior na época frente a outras emissoras nacionais, com o aparelhamento adquirido da Radio Corporation of America (RCA).
O evento da inauguração contou com ampla cobertura da imprensa na época[1]. Cerca de 1000 convidados, incluindo o então prefeito Ildo Meneghetti, participaram da solenidade, que teve uma missa campal celebrada pelo então arcebispo de Porto Alegre, Dom Alfredo Vicente Scherer. Como paraninfa da cerimônia, convidou-se Elettra Marconi, filha do ilustre engenheiro italiano Guilherme Marconi, o inventor do rádio.
Sede da Rádio
[editar | editar código-fonte]O prédio da estação transmissora da Ponta Grossa somente foi utilizado como sede da Rádio Farroupilha em 1974, pela brevidade de três dias, após um incêndio ter atingido a outra transmissora da Rádio no Morro Santa Tereza.
Declínio
[editar | editar código-fonte]Em 1982, com problemas financeiros, a Rádio Farroupilha foi vendida para o Grupo RBS. Pouco tempo depois, em 1986, o prédio foi desativado como estação transmissora pela nova proprietária.
Em 2003, o Grupo RBS realizou a permuta do terreno do prédio, que soma 29,1 hectares, com o Município. Em dezembro de 2008, através do decreto n.° 16.154 daquele ano[2], a Prefeitura passou o terreno para o Departamento Municipal de Habitação (DEHMAB) para atividades do órgão.
Contudo, o grande terreno nunca foi próprio para implantação de projetos habitacionais, por conta da suscetibilidade do mesmo às inundações do Arroio do Salso. Um estudo técnico concluiu que a implantação de um loteamento no local demandaria um investimento prévio de R$ 30 milhões apenas em obras de preparação do solo.[3]
Sob propriedade pública desde 2003, o prédio da antiga estação passou a ser constantemente vandalizado e depredado, apresentando atualmente sérios problemas de infiltração.
Invasão de 2012
[editar | editar código-fonte]Em 22 de janeiro 2012, o terreno da antiga estação foi invadido por cerca de 500 famílias, que representavam o "Movimento pela Moradia Digna da Zona Sul". Imagens de satélite do Google Earth da época comprovam a amplitude da invasão na área.
Em 7 de fevereiro, após pressão por parte de uma associação de moradores do bairro Ponta Grossa, a AMOERP, a prefeitura municipal realizou um acordo de reintegração pacífica com os invasores. Em virtude do acordo, cancelou-se a operação de reintegração forçada pela Brigada Militar, esta determinada judicialmente, que estava prevista para acontecer no dia seguinte.
Futuro do Prédio e APP
[editar | editar código-fonte]Após a retirada dos invasores, a AMOERP (Associação de Moradores da Estrada Retiro da Ponta Grossa) encaminhou um laudo ambiental e um mapa cartográfico da área para a SMAM (Secretaria Municipal do Meio Ambiente), com a finalidade de fazer reconhecer o terreno da antiga transmissora como Área de Preservação Permanente (APP), em razão de sua importância como corredor ecológico e área de amortecimento de cheias, e de firmar uma parceria entre a associação e o órgão municipal para dar novo uso ao prédio abandonado da Rádio Farroupilha, em harmonia com a preservação ambiental.
Em 5 de dezembro de 2013, a revitalização da área da antiga Rádio Farroupilha foi debatida em um reunião entre SMAM e AMOERP[4]. A associação manifestou interesse em adotar o prédio e uma área de 1 hectare, enquanto a SMAM propôs que os 28 hectares restantes fossem destinados à conservação, para integrar a Área de Proteção Ambiental (APA) do Morro São Pedro. Houve unanimidade de opiniões quanto às propostas na reunião.
Em 12 de novembro de 2014, através do decreto Nº 18.843[5], a Associação de Moradores da Estrada Retiro da Ponta Grossa (Amoerp) recebeu da Prefeitura Municipal a permissão de uso do imóvel da antiga estação para a "execução de projetos sem fins lucrativos, de cunho social, cultural, educacional e ambiental, atendendo aos interesses da comunidade local".
Em 24 de novembro de 2014, outras cinco entidades comunitárias solicitaram esclarecimentos junto à Prefeitura sobre o referido decreto, manifestando o interesse de também participar do novo projeto organizado pela AMOERP. Na ocasião, as entidades alegaram que já haviam tentado, sem êxito, propor junto à prefeitura a criação de um "parque regional"[6] para a área da antiga Rádio Farroupilha. Em abril de 2015, o impasse entre as entidades comunitárias sobre o projeto de revitalização da área da Rádio Farroupilha foi resolvido por meio de uma reunião no gabinete do vice-prefeito, onde foram sanadas dúvidas a respeito das propostas da AMOERP[7]. Na ocasião, a AMOERP também declarou que seu projeto de revitalização buscará recursos junto à iniciativa privada.
Em 22 de agosto de 2015, foi oficialmente firmado o Termo de Permissão de Uso para que a AMOERP gerenciasse a área. A assinatura do termo pelo prefeito José Fortunati e representantes da AMOERP foi realizada em cerimônia no Parque de Rodeio Moacir Ritter, no bairro Ponta Grossa.
Em 16 de junho de 2017, a Lei n.° 12.226 declarou o terreno da antiga estação como Área de Preservação Permanente (APP)[8]. A lei foi aprovada por unanimidade pela Câmara Municipal de Porto Alegre e sancionada pelo prefeito Nelson Marchezan Júnior.
Arquitetura
[editar | editar código-fonte]O projeto arquitetônico original do prédio, datado de 1951 e assinado pelo escritório de engenharia Barcellos & Cia, encontra-se no Arquivo Histórico de Porto Alegre Moysés Vellinho.
Erguido em concreto armado, o prédio da estação transmissora foi construído em estilo Neocolonial espanhol, o qual se originou na Califórnia e foi bastante popular na cidade de Porto Alegre entre os anos 30 e 50. Entre os elementos constitutivos desse estilo presentes no prédio estão as colunas salomônicas da entrada principal, as janelas em arco, decoradas originalmente com gradis ornamentados, a espessa camada de argamassa nas paredes, o pequeno balcão no pavimento superior, etc.
Galeria
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Escadaria no andar inferior
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Janela da escadaria
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Interior do primeiro andar.
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Interior do primeiro andar.
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Interior do primeiro andar.
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Interior do segundo andar do prédio, com restos do maquinário.
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Restos do maquinário do prédio.
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Parte do prédio sem cobertura.
Referências
- ↑ Reportagem "O Rio Grande falará mais alto com os 50 kilowatts da Farroupilha", Diário de Notícias, 10 de Outubro de 1952
- ↑ DECRETO Nº 16.154, de 10 de dezembro de 2008
- ↑ Prefeitura de Porto Alegre - Acordo viabiliza reintegração pacífica de área invadida
- ↑ Portal PMPA - Debatida revitalização de área na Ponta Grossa
- ↑ DECRETO Nº 18.843, DE 12 DE NOVEMBRO DE 2014.
- ↑ Jornalecão - Área de preservação na Ponta Grossa deverá ser gerida pela Amoerp
- ↑ Portal PMPA - Consenso viabiliza projeto ambiental e comunitário da região Sul
- ↑ Jornalecão - Zona Sul ganha nova área de preservação permanente - 01/08/2017