Arno Mayer

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Arno Mayer
Nascimento 19 de junho de 1926
Luxemburgo
Cidadania Estados Unidos, Luxemburgo
Alma mater
Ocupação historiador modernista, historiador, professor universitário
Prêmios
Empregador Universidade de Princeton, Universidade Harvard, Universidade Wesleyan, Universidade Brandeis

Arno Joseph Mayer (nascido em 1926) é um historiador americano de origem luxemburguesa, especialista em história moderna da Europa, teoria da modernização, diplomacia internacional e na Shoah. É professor de História na Universidade de Princeton

Pensamento[editar | editar código-fonte]

Em sua obra A Persistência do Antigo Regime , de 1981, Arno J. Mayer argumenta que o poder e a influência da aristocracia não desapareceu por completo, no século XIX, apesar do avanço da burguesia, através das revoluções liberais e da Revolução Industrial. O poder das antigas aristocracias europeias ainda se fazia sentir no fim do século XIX e nas primeiras décadas do século XX. A aristocracia desejando manter poder político -- a despeito da perda de sua antiga funcionalidade econômica e política, com o avanço do capitalismo industrial -- explicaria a Primeira Guerra Mundial, a emergência do fascismo, a Segunda Guerra Mundial e o Holocausto.

A dinâmica do capitalismo industrial e da ordem liberal democrática gerou várias tensões nas nações europeias, do século XIX e XX, tensões étnicas, nacionais, sociais, e ideológicas. A luta ideológica e étnica na Europa, estilhaçou o pensamento liberal democrático e sua hegemonia cultural. A antiga aristocracia, por sua vez, sem sua função tradicional, se inseriu nesse contexto, difundindo uma ideologia reacionária, autoritária, investindo, assim, contra o ideal igualitário do pensamento liberal, reacionarismo que sustentava teses como a seleção natural no nível social, o caso do darwinismo social. Era uma resposta ideológica ao desafio colocado a sua existência como classe. [1] [2]

Tal ideologia reacionária era mais poderosa onde a incapacidade da burguesia e de sua ideologia em lidar com esses conflitos e tensões se fazia sentir de modo mais evidente. Essas ideias reacionárias serviam como resposta à contestação socialista, e à Revolução Russa.

A revolução industrial não foi um processo homogêneo, em certos países, o poder e a ideologia aristocrática ainda subsistiam com relativa força. Países com burguesia mais débil e tradição democrática mais fraca abriram as portas para essa ideologia de modo franco, como forma de enfrentar os desafios colocados pela modernidade.

Cai por terra, na perspectiva de Arno Mayer, a ideia otimista do avanço de um mundo racional, próspero, democrático, de modo generalizado, com o advento da burguesia, sobre os escombros da Bastilha em 1789, como pretendia a ideologia liberal.

Não há linearidade, não há teleologia, há avanços e recuos na história. As instituições republicanas não foram constituídas do zero, o Antigo Regime não havia desaparecido totalmente com a Revolução de 1789, nem com a Revolução de 1848, afirma Arno J. Mayer. [3] [2]

Crítica[editar | editar código-fonte]

O historiador britânico Eric Hobsbawn, nas suas três grandes obras, a Era das Revoluções (1789-1848), de 1962, a Era do Capital (1848-1875), de 1975, e A Era dos Impérios (1875-1914), de 1987, narra as transformações vividas pela sociedade britânica no século XIX, a formação do império colonial, a revolução industrial e o contexto europeu com as revoluções liberais, ele não tem dúvida em afirmar que a burguesia se tornou a classe dominante, e a Inglaterra uma sociedade capitalista, regida pelos princípios da economia liberal. A nobreza passou a exercer outras funções na administração, como na área do ensino por exemplo, e a depender de atividades empresariais para viver. Não houve uma persistência da aristocracia como classe dominante, no fim do século XIX e nas primeiras décadas do século XX, como afirma Arno Mayer. O que houve, na verdade, foi a adoção de um estilo de vida aristocrático pela burguesia. Foram os capitalistas que adotaram os valores da antiga aristocracia proprietária de terras e não uma submissão da burguesia ao poder da antiga aristocracia rural em troca de uma suposta segurança para seus negócios. [4]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Escola de Annales

Obras[editar | editar código-fonte]

  • (em inglês) Political Origins of the New Diplomacy, 1917-1918, 1959.
  • (em inglês) Politics and Diplomacy of Peacemaking : Containment and Counter-Revolution at Versailles, 1918-1919, Knopf, New York, 1967, 918 p.
  • (em inglês) Dynamics of Counter-Revolution in Europe, 1870-1956 : An Analytical Framework, 1971.
  • La Persistance de l'Ancien Régime. L'Europe de 1848 à la Grande Guerre, Flammarion, Paris, 1983, 350 p.
  • La "Solution finale" dans l’histoire, La Découverte, 2002, 568 p. (prefácio de Pierre Vidal-Naquet ; ed. original : Why Did the Heavens Not Darken? The « Final Solution » in History, 1988).
  • Les Furies : Violence, vengeance, terreur aux temps de la Révolution française et de la Révolution russe, Ed. Fayard, 2002, 680 p.
  • L'Autre Amérique. Les Américains contre l'état de guerre (com Judith Butler, Noam Chomsky, Angela Davis, Mike Davis, Ronald Dworkin, Naomi Klein, Michael Mann, Manning Marable, Edward Saïd, Jeffrey Saint Clair, Gore Vidal, Immanuel Wallerstein, Michael Yates e Howard Zinn), Ed. Textuel, 2002, 248 p.

Referências[editar | editar código-fonte]

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  1. A Força da Tradição, a persistência do Antigo Regime historiográfico na obra de Marc Bloch, p. 444 e p. 458, Tiago de Mello Gomes Varia História, Belo Horizonte, vol. 22, nº 36: p.443-459, Jul/Dez 2006
  2. a b Companhia das Letras A Persistência do Antigo Regime, a força da tradição, Arno Mayer
  3. A Força da Tradição, a persistência do Antigo Regime historiográfico na obra de Marc Bloch, p. 444 e p. 458, Tiago de Mello Gomes Varia História, Belo Horizonte, vol. 22, nº 36: p.443-459, Jul/Dez 2006
  4. Hobsbawm’s history, Alex Callinicos from Socialist Worker Review, No. 104, December 1987