Avenida Vilarinho

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Vilarinho é uma avenida da região de Venda Nova de Belo Horizonte, construída em torno de córrego de mesmo nome e que foi canalizado quando de sua construção. A avenida tem uma estação multimodal de transporte que leva o mesmo nome.

Histórico[editar | editar código-fonte]

A avenida, com 6,5 quilômetros de extensão, foi construída seguindo o curso do córrego de mesmo nome, que foi canalizado e, em partes, tamponado.[1] O tamponamento abrange cerca de 5 quilômetros[2] e se deu na década de 1970, parcialmente na tentativa de conter inundações que já ocorriam na época.[3]

A avenida e o córrego localizam-se em Venda Nova, distrito de Belo Horizonte, sendo a avenida sua principal via de acesso.[4] A motivação da canalização e tamponamento foi a criação de avenida para viabilizar o acesso à região de Venda Nova, que passou por intenso crescimento até a década de 70. A avenida foi construída com o conceito de "avenida sanitária".[2]

O córrego foi nomeado em homenagem ao primeiro morador da região de que se tem notícia, o português Manoel Gonçalves Vilarinho, e a avenida foi batizada com o mesmo nome.[5]

Enchentes[editar | editar código-fonte]

Obras de integração de transporte multimodal no entorno da Estação Vilarinho, na avenida de mesmo nome.

A avenida sofre com enchentes constantes nas épocas de chuva, tendo mancha de inundação que atinge 150 metros de distância do eixo do córrego.[1] O fato se deve à combinação de impermeabilização do solo do entorno, ao açoreamento dos córregos, à má disposição de resíduos sólidos e ao aumento de intensidade das chuvas decorrente das mudanças climáticas recentes.[6] Além da impermeabilização da região e canalização do córrego Vilarinho, todas as nascentes da bacia do Vilarinho, que em 1994 estavam preservadas e correndo pelo menos parcialmente em leito natural e vegetadas, no ano de 2001 já se encontravam em grande parte canalizadas ou extintas.[7]

Para conter as inundações, a Prefeitura de Belo Horizonte executa continuamente obras de mitigação das enchentes, como bacias de contenção, com resultados pouco efetivos.[8]

Reservatórios[editar | editar código-fonte]

Em 2018, após diversas mortes decorrentes de enchentes na avenida,[9] a prefeitura apresentou projeto para a construção de três reservatórios, dois dos quais situados ao longo da avenida Vilarinho, para armazenamento temporário de águas pluviais em momentos de chuva intensa, mitigando assim o problema de enchentes na avenida e região. Os reservatórios teriam capacidade de 115 mil m² cada, e seriam executados a um custo total estimado de R$ 200 milhões.[10] O projeto foi criticado por duas ONGs, o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (através do Subcomitê da Bacia Hidrográfica do Ribeirão do Onça) e Instituto Guaicuy SOS Rio das Velhas, além do coletivo Eu, Vilarinho. As críticas, apresentadas com estudos elaborados por técnicos da Universidade Federal de Minas Gerais, giram em torno dos custos das obras e de sua efetividade limitada, além do risco de transpor o problema das enchentes para jusante, na bacia do Ribeirão Isidoro.[11] Apesar das críticas, as obras foram iniciadas, com previsão de conclusão até 2024.[12]

Formas alternativas de controle de escoamento[editar | editar código-fonte]

Paralelamente às obras de engenharia, a cidade implementa jardins de chuva na região para trabalhar com o controle de drenagem na fonte.[13] A solução é entendida como coadjuvante para a redução dos efeitos da impermeabilização do solo em área urbana, e está sendo desenvolvida como projeto-piloto com o apoio do ICLEI,[14] com previsão de implantação de 60 jardins de chuva na bacia do Nado, afluente do Vilarinho.[15]

Em 2016, a bacia do Vilarinho passou pelo experimento de implantação de wetland como solução de drenagem. A efetividade do processo foi inconclusiva por descontinuidade do estudo.[16]

Mobilidade urbana[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Estação Vilarinho
Estação Vilarinho, estação de integração multimodal ônibus/BRT/metrô, integrada a centro de compras.

A Estação Vilarinho, localizada na avenida, é o ponto final da Linha 1 do Metrô de Belo Horizonte (MetroBH).[17] Em 2012, foi inaugurado um shopping construído sobre a estação e que funciona de forma integrada a ela.[18] A integração entre a estação, o sistema viário e o incentivo de usos mistos no entorno segue a lógica do Desenvolvimento orientado ao transporte coletivo, e é objeto de estudos em cooperação internacional que envolve o Ministério do Desenvolvimento Regional e o Banco Interamericano de Desenvolvimento, sendo coordenado pelo grupo canadense IBI Group.[19]

Referências

  1. a b Minas, Estado de; Minas, Estado de (25 de novembro de 2018). «Entenda por que há tantas enchentes na Avenida Vilarinho». Estado de Minas. Consultado em 8 de setembro de 2022 
  2. a b De Almeida, Reginaldo Magalhães; Silva, Cyntia Grígolo Silva; Faria, Nathan Amaral de Faria; Lima, Ana Paula Faria Lima; Rocha, Beatriz Gomes Silva Rocha (9 de junho de 2022). «As políticas de planejamento urbano e as inundações: o caso da Microbacia do Córrego Vilarinho de Belo Horizonte». Paranoá (32): 1–19. ISSN 1679-0944. doi:10.18830/issn.1679-0944.n32.2022.07. Consultado em 10 de setembro de 2022 
  3. Durães, Bruno Inácio, Malú Damázio e Mariana (17 de novembro de 2018). «Inundações recorrentes na Vilarinho exigem solução complexa». Hoje em Dia. Consultado em 9 de setembro de 2022 
  4. «Comissão vai discutir impactos socioambientais das mudanças climáticas». Portal CMBH. 27 de setembro de 2021. Consultado em 9 de setembro de 2022 
  5. Minas, Estado de; Minas, Estado de (28 de maio de 2011). «Venda Nova celebra aniversário de 300 anos juntamente com as vilas do ouro». Estado de Minas. Consultado em 9 de setembro de 2022 
  6. Minas, Estado de; Minas, Estado de (23 de novembro de 2018). «PBH enfrenta dificuldades para encontrar interessados nas obras das chuvas». Estado de Minas. Consultado em 8 de setembro de 2022 
  7. GENRICH, Arlete Vieira da Silva (2002). Análise de impactos ambientais na cabeceira de drenagem da bacia do córrego Vilarinho - regional Venda Nova - RMBH-MG. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais 
  8. Tempo, O. (12 de abril de 2022). «Nova etapa de obras de contenção de enchentes na Vilarinho é concluída, em BH | O TEMPO». www.otempo.com.br. Consultado em 8 de setembro de 2022 
  9. Minas, Estado de; Minas, Estado de (19 de dezembro de 2018). «Prefeitura de BH vai construir túneis contra enchentes na Avenida Vilarinho». Estado de Minas. Consultado em 9 de setembro de 2022 
  10. Minas, Estado de; Minas, Estado de (10 de setembro de 2020). «Valores, desapropriações e números: saiba os detalhes das obras na Vilarinho, em BH». Estado de Minas. Consultado em 9 de setembro de 2022 
  11. Nascimento, Simon (11 de fevereiro de 2019). «Estudo critica projeto de obra contra enchentes para a avenida Vilarinho». Hoje em Dia. Consultado em 9 de setembro de 2022 
  12. Minas, Estado de; Minas, Estado de (22 de agosto de 2022). «Obras de contenção de enchentes na Vilarinho devem ser concluídas até 2024». Estado de Minas. Consultado em 9 de setembro de 2022 
  13. «Iniciativa contra enchentes, jardins de chuva serão concluídos nesta semana em BH e Contagem». G1. Consultado em 10 de setembro de 2022 
  14. Nascimento, Pedro (15 de julho de 2021). «BH testa jardins de chuva contra os alagamentos de vias | O TEMPO». www.otempo.com.br. Consultado em 10 de setembro de 2022 
  15. TEMPO, O. (12 de agosto de 2022). «PBH abre licitação para implementar 60 jardins de chuva na Bacia do Nado». Ultimas. Consultado em 10 de setembro de 2022 
  16. Pinheiro, Cristiane Borda (9 de agosto de 2019). «Políticas públicas de manejo de águas pluviais em Belo Horizonte: novos caminhos em meio a velhas práticas». Consultado em 10 de setembro de 2022 
  17. CBTU (17 de maio de 2022). «O entorno: estação Vilarinho». Companhia Brasileira de Trens Urbanos. Consultado em 8 de setembro de 2022 
  18. REDAÇÃO, DA (22 de maio de 2012). «Shopping Estação BH será inaugurado hoje | O TEMPO». www.otempo.com.br. Consultado em 8 de setembro de 2022 
  19. «Desenvolvimento Orientado ao Transporte Coletivo». Prefeitura de Belo Horizonte. Consultado em 9 de setembro de 2022 
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