Bio - Construindo uma Vida

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Bio - Construindo uma Vida
Bio - Construindo uma Vida
Pôster promocional do filme.
 Brasil
2017 •  cor •  105 min 
Gênero ficção científica
Direção Carlos Gerbase
Produção Luciana Tomasi
Produção executiva Luciana Tomasi
Roteiro Carlos Gerbase
Elenco
Música
  • Fernando Efron
  • Augusto Stern
Cinematografia Bruno Polidoro
Edição Milton do Prado
Companhia(s) produtora(s) Prana Filmes
Distribuição Bretz Filmes
Lançamento
  • 24 de agosto de 2017 (2017-08-24) (Gramado)[1]
  • 4 de abril de 2019 (2019-04-04) (Brasil)[2]
Idioma português

Bio - Construindo uma Vida é um filme brasileiro de ficção científica de 2019 dirigido e escrito por Carlos Gerbase. O filme simula um documentário ficcional que reúne diversos personagens relatando a história de vida de um homem que viveu entre 1959 e 2070. Entre o elenco que reúne 39 atores, destacam-se as atuações de Maria Fernanda Cândido, Marco Ricca, Maitê Proença, Tainá Müller, Werner Schünemann e Sheron Menezzes.

Bio teve sua première no Festival de Gramado em 24 de agosto de 2017 e foi lançado nos cinemas do Brasil em 4 de abril de 2019 pela Bretz Filmes.[2] O filme foi considerado como inovador e experimental, e foi recebido com críticas mistas, que em geral elogiaram o elenco e a fotografia, mas criticaram a montagem confusa do filme.[3] No 45° Festival de Gramado, recebeu o Troféu Kikito nas categorias de melhor som, melhor filme do público e menção especial do júri.[1]

Sinopse[editar | editar código-fonte]

Nascido em 1959 e falecido em 2070, um homem possuía uma patologia peculiar que o impedia de mentir. Após seu falecimento, amigos e familiares se reuniram para recordar momentos especiais que compartilharam com ele, criando um retrato fascinante de sua biografia.[4]

Elenco[editar | editar código-fonte]

Produção[editar | editar código-fonte]

Antecedentes e Concepção[editar | editar código-fonte]

A trajetória de Carlos Gerbase no cinema gaúcho e brasileiro é marcada por momentos extremamente significativos. Além de co-fundar a Casa de Cinema de Porto Alegre com Jorge Furtado e outros oito sócios, ele desempenhou um papel ativo no movimento superoitista (destaque para o longa "Inverno") e dirigiu, junto com Giba Assis Brasil, o seminal Verdes Anos, uma fonte de renovação para a produção audiovisual na terra de Teixeirinha.[5]

Gerbase confrontou-se, no início do filme, com uma pergunta: "O que aconteceria se um documentarista pudesse viajar no tempo e capturar depoimentos sobre a vida de alguém no calor dos acontecimentos, sem a nostalgia de quem relembra eventos enterrados no passado distante?".[5] Sua resposta o levou ao futuro (2070) e se tornou um roteiro que ele escreveu sozinho, resultando em um filme que oferece ao espectador "uma narrativa fragmentada, porém emocional, sobre a longa e tumultuada existência de um biólogo na segunda metade do século 20 e nos primeiros 70 anos do século 21, vivida com uma sede imensa de conhecimento".[5]

O cineasta acredita que Bio - Construindo uma Vida é um filme que continua e aprofunda o tema principal de seus filmes anteriores (desde "Sal de Prata): "a imaginação como a força motriz do ser humano".[5] Em Bio, o desafio de imaginar é deixado para o público: cada espectador deve criar em sua mente o personagem principal. Não é uma neurose (como em Sal de Prata), nem uma necessidade (como em 3 Efes), nem uma psicose (como em Menos que Nada). É um exercício narrativo para o outro, alguém que eu não conheço, mas em quem confio", compartilha o diretor.[5]

Desenvolvimento[editar | editar código-fonte]

O filme foi gravado em Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul.

O orçamento do filme foi estimado em 1 milhão de reais. As filmagens ocorreram em um estúdio de Porto Alegre entre dezembro de 2015 e janeiro de 2016,[2] e, ao todo, a produção é composta por 13 histórias e núcleos de personagens.[6] O filme é composto por um elenco formado por 39 atores.[2] O processo de montagem do filme, assinado por Milton do Prado, durou um ano para ser finalizado.[2]

Lançamento[editar | editar código-fonte]

Bio teve sua première mundial em 24 de agosto de 2017 durante o 45° Festival de Gramado, no Rio Grande do Sul.[1] No mesmo ano, foi selecionado para a mostra Première Brasil: Hors Concours, do Festival do Rio.[7] Em seguida, estreou internacionalmente, no Uruguai, sendo exibido no Festival Internacional de Cinema de Punta del Este em 21 de fevereiro de 2018.[8] No Brasil, o filme estreou comercialmente em 4 de abril de 2019 pela Bretz Filmes.[2]

Recepção[editar | editar código-fonte]

Bilheteria[editar | editar código-fonte]

Bio teve um lançamento limitado nas salas de cinema e não alcançou sucesso comercial. O filme foi lançado em 17 salas de cinema espalhadas pelo Brasil. Ao todo, registrou um público de apenas 896 espectadores e gerou uma receita de R$ 13.374, de acordo com dados do Anuário Estatístico do Cinema Brasileiro de 2019, publicado pela Ancine.[9]

Análise da crítica[editar | editar código-fonte]

As atuações de Maria Fernanda Cândido, Maitê Proença, Tainá Müller e Marco Ricca foram pontuadas como destaque do filme.

Bio recebeu avaliações mistas dos críticos em geral, que elogiaram a direção de fotografia e as atuações, particularmente de Maria Fernanda Cândido, Marco Ricca, Sheron Menezzes, Tainá Müller, Maitê Proença e Werner Schünemann, no entanto sofreu críticas no que diz respeito a montagem do filme, que foi considerada confusa ao passo que se iam apresentando as diferentes etapas de vida do biografado.[10] No agregador AdoroCinema, a obra possui uma média de 2,8 de 5 estrelas (2.8 de 5 estrelas.) com base em sete resenhas críticas publicadas na imprensa.[3] A crítica do próprio site diz: "Este é, de fato, um filme irreverente e original, mas que se perdeu no trajeto entre a construção da ideia até sua execução".[11] O filme recebeu aplausos durante sua estreia no Festival de Gramado. O júri do festival o recebeu positivamente, concedendo prêmios especiais de melhor filme e melhor direção.[1] A audiência do evento também o elegeu como melhor filme do festival na competição de longas-metragens brasileiros.[1]

Robledo Milani, dando nota 2,5 para o Papo de Cinema, escreveu que, apesar do desempenho impressionante do elenco, o filme "sucumbe à experimentação, deixando de lado possibilidades concretas para investir em concepções frágeis. A ação em Bio inexiste - ela se passa quase que exclusivamente no campo da imaginação - e tudo a que temos acesso são os depoimentos destas 39 pessoas escolhidas para relatar a trajetória deste homem. Assim, temos quase quatro dezenas de atores sozinhos, sentados diante de uma câmera, detalhando eventos e impressões. Um documentário tradicional, caso fosse feito sob esse formato, seria inevitavelmente acusado de ultrapassado, antiquado, desprovido de criatividade".[12]

Caio Lopes, do Observatório de Cinema, pontuou: "O elenco variado e cheio de nomes talentosos – que vão de Marco Ricca a Maitê Proença – se limita à tarefa de falar do mesmo único personagem, nem sempre tendo o tempo de apresentar histórias próprias. [...] Porém a maior fraqueza está na obsolescência da figura central".[13] Já Daniel Schenker diz que os atores estavam íntimos com a proposta do filme: "A decisão de desenvolver a história até o futuro (começa em 1959 e termina em 2070) reforça o caráter inventivo deste filme de Carlos Gerbase, valorizado pela sintonia do elenco com a proposta".[14]

O crítico d'O Estado de S.Paulo, Luiz Zanin Oricchio, saiu em defesa do filme e escreveu que "Leva-se um tempo para entrar na história, mas, quando se consegue, a ficção te carrega a numa aventura narrativa super interessante. Muito bem fotografado, e com rostos de mulheres formidáveis como narradoras, do tipo Tainá Müller, Maria Fernanda Cândido e Maitê Proença".[15] Thalesa de Menezes, para a Folha de S.Paulo, escreveu que, apesar da boa ideia do filme, apresenta "muitos personagens e uma estrutura de narração inventiva. Mas é justamente o formato incomum do filme do cineasta Carlos Gerbase que deixa ideias e seus quase 40 personagens um tanto sufocados".[16]

Prêmios e indicações[editar | editar código-fonte]

Ano Associações Categoria Nomeações Resultado Ref.
2017 Festival de Cinema de Gramado Mehor Som Augusto Stern e Fernando Efron Venceu [1]
Prêmio do Júri de Melhor Filme Bio - Construindo uma Vida
Prêmio da Audiência de Melhor Filme
Menção do Júri Carlos Gerbase
Prêmio Especial da Audiência Carlos Gerbase e Luciana Tomasi
Festival do Rio Melhor Filme Bio - Construindo uma Vida Indicado [17]

Referências

  1. a b c d e f «Confira a lista de vencedores do 45º Festival de Cinema de Gramado». GZH. 27 de agosto de 2017. Consultado em 16 de maio de 2023 
  2. a b c d e f «Misturando documentário e ficção, "Bio" está em cartaz nos cinemas da Capital». GZH. 5 de abril de 2019. Consultado em 16 de maio de 2023 
  3. a b AdoroCinema. «Bio - Construindo uma Vida: as críticas imprensa». Consultado em 16 de maio de 2023 
  4. AdoroCinema. «Bio - Construindo uma Vida». Consultado em 16 de maio de 2023 
  5. a b c d e «Bio – Construindo uma Vida – Revista de Cinema». 2 de abril de 2019. Consultado em 16 de maio de 2023 
  6. «Bio - Construindo uma Vida (Filme), Trailer, Sinopse e Curiosidades - Cinema10». cinema10.com.br. Consultado em 16 de maio de 2023 
  7. AdoroCinema. «Les secrets de tournage du film Bio - Construindo uma Vida». Consultado em 16 de maio de 2023 
  8. «Portal Exibidor - Sessão especial de "Bio – Construindo Uma Vida" conta com debate». www.exibidor.com.br. Consultado em 16 de maio de 2023 
  9. «ANCINE publica Anuário Estatístico do Cinema Brasileiro». Agência Nacional do Cinema - ANCINE. Consultado em 16 de maio de 2023 
  10. Passos, Nívia (7 de abril de 2019). «Crítica | Bio: Construindo Uma Vida – Filme inova na forma para contar história | CinePOP Cinema». Consultado em 16 de maio de 2023 
  11. AdoroCinema. «Bio - Construindo uma Vida: Críticas AdoroCinema». Consultado em 16 de maio de 2023 
  12. Milani, Robledo. «Bio: Construindo uma Vida - Crítica». Papo de Cinema. Consultado em 16 de maio de 2023 
  13. Lopes, Caio. «Crítica | Bio: Construindo uma Vida». observatoriodocinema.uol.com.br. Consultado em 16 de maio de 2023 
  14. «Crítica: 'Bio — Construindo uma vida'». O Globo. 4 de abril de 2019. Consultado em 16 de maio de 2023 
  15. «Filme é falsa biografia de cientista que viveu 111 anos e não sabia mentir». Estadão. Consultado em 16 de maio de 2023 
  16. «Crítica: 'Bio' tem estrutura narrativa inventiva, mas causa confusão». Folha de S.Paulo. 4 de abril de 2019. Consultado em 16 de maio de 2023 
  17. Rio, Festival do. «Bio». Festival do Rio. Consultado em 16 de maio de 2023