Saltar para o conteúdo

Carlos Vaz (escritor guineense)

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Carlos Vaz
Nascimento 1954
Bissau
Cidadania Guiné-Bissau
Alma mater
Ocupação escritor, dramaturgo, poeta, ator, encenador, professor

Carlos Vaz (Bissau, 1954) é um escritor, professor, dramaturgo, actor[1] e encenador[1] guineense, sendo um dos pioneiros da dramaturgia moderna da Guiné-Bissau.[2]

Carlos Vaz nasceu em 1954 em Bissau, onde passou a infância e adolescência e fez a instrução primária e iniciou o ensino secundário, que viria a continuar e conluir em Portugal, em Coimbra e Lisboa.

Foi bolseiro dos Serviços Sociais da Universidade de Lisboa e da Fundação Calouste Gulbenkian, licenciando-se em teatro, ramo de actores, pela Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa. Fez uma pós-graduação em civilizações e culturas africanas na Universidade Nova de Lisboa, e o curso intensivo de cinema na Escola Arco, também em Lisboa.[3][4]

Após o golpe de estado de 14 de Novembro de 1980 passou a Cabo Verde, onde casou duas vezes.[5] Naquele país foi jornalista e realizador da Radiotelevisão Caboverdiana,[3] e um dos fundadores da Televisão Experimental de Cabo Verde, sob a liderança de Corsino Fortes. Aí escreveu e encenou "Nas Asas Poéticas de Jorge Barbosa", dramatização de poemas de Jorge Barbosa, levada à cena no emblemático Salão Nobre da Assembleia Nacional Popular.[5] Enquanto bolseiro do governo cabo-verdiano estudou jornalismo de televisão no Centro de Formação da Rádio e Televisão de Portugal, e mais tarde realização e jornalismo no CESTI – Universidade de Dakar,[6] leccionando no do Magistério Primário da Praia.[3]

Na Guiné-Bissau foi realizador da Televisão da Guiné-Bissau, e jornalista da RDN.[3]

Na política da Guiné-Bissau exerceu vários cargos estatais, entre os quais director de Artes e Cena, assessor técnico da Direcção-Geral da Televisão da Guiné-Bissau,[3][4] presidente do Instituto Nacional de Cinema da Guiné-Bissau[7][1] e conselheiro para Informa­ção e Comunicação do Gabinete do Primeiro-Ministro da Guiné-Bissau, Domingos Simões Pereira.[3][4]

Foi ainda professor no Liceu Nacio­nal da Amadora, em Portugal, da Universidade de Gotemburgo, na Suécia, e da Universidade Amílcar Cabral e da Universidade Lusófona da Guiné-Bissau.[3]

É mestre em estratégias de comunicação, sendo proprietário da empresa TelecineBis­sau Produções.[6]

Carreira literária

[editar | editar código-fonte]

Carlos Vaz iniciou a sua actividade literária em Novembro de 1978 com a obra "Para um Conhecimento do Teatro Africano", editada pelas edições Ulmeiro, de Lisboa. Na publicação surgia também a sua primeira peça teatral, "Fome de 47", publicada como anexo.[4] A 25 de maio de 2018 o Instituto Camões comemorou os quarenta anos da dramaturgia na Guiné-Bissau com a representação desta peça de teatro no Camões – Centro Cultural Português em Bissau.[8]

Durante muitos anos Carlos Vaz foi o único a escrever peças de teatro e a fazer dramaturgia moderna na Guiné-Bissau. Em 1980 fundou o Teatro Popular Guineense, que ainda existia em 1997, tendo sido a primeira tentativa de organizar uma companhia de teatro no país, operando numa sala alugada no centro de Bissau.[2] Escreveu várias peças de teatro, entre elas "Nô odja-dja manga di cussa nê mundo"; "Si cussa muri cussa cu matal"; "Sufridur ca ta padi fidalgu"; "Tempu ca tem di pera tchuba"; "Sibi tene fugu"; "Socieda­di de cacri na Cabás"; e "Amor, sexo e Sida: Haverá um culpado?".[6]

A 31 de Julho de 2018 apresentou no Centro Cultural Português em Bissau o livro de poemas "Escritos no Silêncio", reflectindo a realidade social e política da Guiné-Bissau, em particular no período do partido único, numa visão bastante crítica desse período da história política do país.[3] O livro foi prefaciado pelo historiador Leopoldo Amado.[4]

Realizou ainda vários documentários e uma curta-ficção.[6]

Foi membro da FAPIR – Frente Popular dos Artistas, Intelec­tuais e Revolucionários, em Portugal, e co­fundador da UNAE, na Guiné-Bissau, e da revista Tcholona, a primeira revista de artes e letras da Guiné-Bissau. É membro da Associação Gui­neense de Escritores.[6]

Referências

  1. a b c LUSA, RTP, Rádio e Televisão de Portugal - Agência. «Instituto Nacional de Cinema da Guiné-Bissau cria projecto audiovisual para jovens» 
  2. a b Papia,, Volumes 9-13, 1997, p. 14
  3. a b c d e f g h «Figura da semana: CARLOS VAZ APRESENTA 'ESCRITOS NO SILÊNCIO' EM BISSAU». O Democrata GB 
  4. a b c d e Andrade, Alvaro Ludgero. «"Escritos no Silêncio", um grito de alma de Carlos Vaz». VOA 
  5. a b «Palavras de amizade para Carlos Vaz na apresentação do livro de poemas "Escritos no silêncio"». santiagomagazine.cv. Consultado em 29 de outubro de 2018 
  6. a b c d e «Carlos Vaz». www.chiadobooks.com. Consultado em 29 de outubro de 2018 
  7. Africa hoje, Edições 191-196,A. Cardoso, 2004
  8. «Bissau: Apresentação da peça "Fome de 1947" de Carlos Vaz - Camões - Instituto da Cooperação e da Língua». www.instituto-camoes.pt. Consultado em 29 de outubro de 2018