Castelo de Alfeizerão

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.


Castelo de Alfeizerão
Vestígios do Castelo de Alfeizerão, Portugal.
Construção D. Afonso Henriques (c. 1147)
Estilo Românico
Conservação Mau
Homologação
(IGESPAR)
IIP
(DL (Despacho) de 9 de Dezembro de 1974)
Aberto ao público Não
Site IHRU, SIPA6701
Site IGESPAR73602
Castelo de Alfeizerão, Portugal: vestígios. Aproximadamente ao centro, o marco geodésico.

O Castelo de Alfeizerão, de que restam vestígios, localizava-se na povoação e na freguesia de Alfeizerão, no Município de Alcobaça, região Oeste portuguesa e província histórica da Estremadura.[1][2]

Em posição dominante sobre uma colina, originalmente dominando um porto de mar, dista hoje cerca de três quilómetros da enseada de São Martinho do Porto.

História[editar | editar código-fonte]

Antecedentes[editar | editar código-fonte]

Embora carecendo de aprofundamento das pesquisas, a primitiva ocupação desta região litorânea remonta à pré-história. Durante muito tempo admitiu-se (e muitos assim o escreveram) que se teria localizado aqui a Eburóbriga Galo-celta, que à época Romana se denominou Eburobrício (em latim: Eburobritium). Esta hipótese foi descartada a partir de 1995, pela descoberta da Eburobrício romana junto a Óbidos.

Parece provável, porém, em virtude de alguns achados e vestígios arqueológicos, e, ainda, interpretando o geógrafo Ptolomeu, que junto a Alfeizerão se tenha localizado Araducta. Esta tese é defendida pelo Prof. Vasco Gil Mantas, da Universidade de Coimbra.

Com base no topónimo e nas referências ao castelo, é costume atribuir aos Muçulmanos a fundação de Alfeizerão no século VIII. Nos nossos dias, porém, o Prof. Moisés Espírito Santo, da Universidade Nova de Lisboa, fez recuar a data da fundação ao tempo dos Fenícios, sustentando que o topónimo tem origem nos dialectos Púnicos que, segundo afirma, os Lusitanos falavam.

O castelo medieval[editar | editar código-fonte]

No contexto da Reconquista cristã da Península Ibérica, a região foi tomada em 1147 pelas forças de D. Afonso Henriques (1112-1185), que teria determinado a sua reedificação, visando a defesa do trecho do litoral atlântico entre o promontório da Nazaré e a península de Peniche.

O mais antigo documento, até hoje conhecido, em que o topónimo aparece é uma carta de doação datada de 1287: Doaçam das cousas que entrarem pollo porto de selir a Rainha dona ysabel a fora certas cousas (…). Dante eno alfeysarã. IX dias de Juynho.

A povoação recebeu Carta de Foral em 1332, dada pela Abadia de Alcobaça e pelo abade D. João Martins. Esta carta foi confirmada em 1422, pelo abade Fernão do Quental (ou Fernando Quental), e novamente confirmada, em 1514, pelo rei D. Manuel (1495-1521).

Do terramoto de 1755 aos nossos dias[editar | editar código-fonte]

Progressivamente assoreado, ainda ao fim do século XVI estimava-se que este porto acolhia oitenta navios de alto bordo. O castelo, em cujo paço se albergavam os soberanos a caminho de Alcobaça, foi parcialmente destruído pelo terramoto de 1755, perdendo importância desde então.

O castelo e seus domínios permaneceram na posse da Abadia de Alcobaça até à extinção das Ordens Religiosas por D. Maria II (1826-1828; 1834-1853) em 1834, quando passaram para a posse da Fazenda Nacional. O terreno do castelo esteve, desde então, na posse de particulares de Rio Maior e das Caldas da Rainha. No século XX, desde a década de 1920 à de 1970, foi propriedade do Dr. Júlio Ferrari. Desde então, encontra-se na posse de uma família de Alfeizerão.

Em 1973 foi formulada uma proposta de limpeza e consolidação das ruínas, com a prospecção arqueológica do sítio, homologado como Imóvel de Interesse Público por Despacho de 9 de Dezembro de 1974.[2] Os trabalhos, entretanto, não tiveram lugar desde então, e assim, ano após ano, o estado de conservação do sítio tem piorado - sendo pouco visível o que resta.

A povoação onde está implantado alcançou entretanto fama gastronómica internacional em virtude do seu pão-de-ló.

Características[editar | editar código-fonte]

O castelo apresentava planta retangular, em estilo românico. As suas muralhas, em cantaria de pedra, eram reforçadas, originalmente, por oito cubelos semi-circulares. Na praça de armas, descentrada a Leste, erguia-se a Torre de Menagem, de planta quadrada.

Chegaram até aos nossos dias a parte inferior de um pano de muralha, ligando os restos de dois cubelos. Sobre um deles está implantado, modernamente, um marco geodésico.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Almeida, Carlos Casimiro de. Alfeizerão - Apontamentos para a sua História. Alfeizerão: Junta de Freguesia de Alfeizerão, 1995.
  • Espírito Santo, Moisés. Cinco Mil Anos de Cultura a Oeste. Lisboa: Editora Assírio & Alvim, 2005.
  • Gonçalves, Iria. Património do Mosteiro de Alcobaça nos séculos XV e XVI. Lisboa: Universidade Nova de Lisboa (Faculdade de Ciências Sociais e Humanas), 1989.
  • Mantas, Vasco Gil. A Rede Rodoviária Romana e Medieval entre Lisboa e Braga. Coimbra: Faculdade de Letras de Coimbra. Dissertação de Doutoramento em História, 1996 (policopiada).
O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Castelo de Alfeizerão

Referências

  1. «Sítio Arqueológico do Castelo de Alfeizerão». Direção-geral do Património de Portugal. Consultado em 15 de julho de 2019 
  2. a b Ficha na base de dados SIPA