Cecropia peltata

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Estado de conservação
Espécie não avaliada
Espécie não avaliada
Não avaliada
[1]
Classificação científica
Reino: Plantae
Sub-reino: Viridiplantae
Infrarreino: Streptophyta
Superdivisão: Embryophyta
Divisão: Tracheophyta
Subdivisão: Spermatophytina
Classe: Magnoliopsida
Superordem: Rosanae
Ordem: Rosales
Família: Urticaceae
Gênero: Cecropia[2]
Espécie: C. peltata[3]
Nome binomial
Cecropia peltata
L.
Distribuição geográfica
Mapa mostrando a distribuição confirmada de C. peltata pelo mundo.[4]
Mapa mostrando a distribuição confirmada de C. peltata pelo mundo.[4]
Sinónimos[1]
  • Cecropia dielsiana Snethl. (heterotípico)
  • Cecropia humboldtiana Klotzsch (heterotípico)
  • Cecropia propinqua Miquel (heterotípico)
  • Cecropia schiedeana Klotsch (heterotípico)
  • Cecropia surinamensis Miquel (heterotípico)

Cecropia peltata é uma árvore da família das urticáceas (Urticaceae), nativa, não endêmica do Brasil.[5][4][6][7][8] É considerada uma das cem piores espécies invasoras do mundo. Quando introduzida é considerada erva daninha ao longo de cursos de água, margens de estradas e terras abandonadas.[9][10] Alguns de seus nomes populares são embaúba eu caxeta.[11][12][13][14][15] Consta em vigésimo na lista das 100 das espécies exóticas invasoras mais daninhas do mundo da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN)[16]

Morfologia[editar | editar código-fonte]

C. peltata atinge alturas entre 20 e 25 metros. Suas frutas são dispostas num aglomerado carnudo, cilíndrico, de cor amarelada, com dois a cinco centímetros de comprimento; suas sementes são numerosas, com tamanho de 1,9 milímetros e massa de 1,6 miligramas; as raízes aéreas são muitas vezes conspícuas, pois a árvore é encontrada frequentemente em declives íngremes. Os corpos müllerianos e outros órgãos especializados para associação com formigas são amplamente ausentes nas populações de Caribe.[9]

Folhas[editar | editar código-fonte]

Suas folhas são bastante lobadas, são de digitadas a ovadas, de dez a cinquenta centímetros de largura, verde escuras, escabrosa na face superior e branco-tomentosa na face inferior, contém um látex leitoso.[9]

Tronco[editar | editar código-fonte]

Seu tronco é delgado, atinge até cinquenta centímetros de diâmetro, é oco, dividido nos nós conspícuos, possui cicatrizes estipulares e grandes cicatrizes em forma de "U"; sua casca é de cor cinza avermelhada.[9][10]

Flores[editar | editar código-fonte]

As fêmeas produzem quatro espádices por inflorescência que podem conter muitas centenas de (até oitocentas) pequenas frutas com uma só semente cada.[9]

Semelhança com outras espécies[editar | editar código-fonte]

A C. peltata é morfologicamente semelhante à C. concolor, C. pachystachya, C. obtusifolia e C. palmata e é diferenciada da C. palmata na Flórida (EUA) por ter os lobos das folhas separados num terço do seu comprimento ao invés de ser inteiramente separado. Ela também se confunde com a C. schreberiana.[9]

Genética[editar | editar código-fonte]

A cecrópia possui 2n=28 cromossomos.[9][14]

Ecologia[editar | editar código-fonte]

C. peltata é uma árvore dioica, perenifólia, heliófita, intolerante a sombra, de crescimento rápido, descrita como pioneira, ou de sucessão adiantada, ou sucessão intermediária adiantada, ou secundária dominante; costuma surgir em áreas degradadas, em encostas íngremes ao lado de margens de rios, em clareiras e onde ocorreu deslizamento de terra. Bem adaptada a regiões tropicais e subtropicais úmidas, é intolerante a congelamento; não ocorre em áreas costeiras e áreas calcárias secas e pode crescer em solos de pH neutro a ácido, em diferentes variedades de textura de solo, com preferência em solos argilosos.[9][10]

Possui fotoblastismo positivo e em condições de insolação adequada sua taxa de germinação é entre 80% e 90%.[10] As mudas crescem rápido e podem atingir quinze centímetros em dez semanas. Num ano podem atingir cerca de dois metros de altura. A altura máxima, entre 20 e 25 metros pode ser atingida é atingida em aproximadamente dez anos. Sua vida útil é de vinte a trinta anos. Ela pode ser facilmente desraigada. As folhas das mudas jovens não são lobadas e são aveludadas em ambos os lados. Sua maturidade sexual é atingida por volta dos três a cinco anos. A polinização ocorre por anemofilia. Forma um banco de sementes grande e persistente no solo da floresta.[9]

Fenologia[editar | editar código-fonte]

A produção de frutas ocorre o ano inteiro e leva cerca dum mês para o aglomerado de frutas amadurecer.[9]

Dispersão[editar | editar código-fonte]

Uma das principais formas de dispersão é a zoocoria, pois seus frutos são consumidos por diversos vertebrados da fauna, como: macacos, aves, esquilos e morcegos. As sementes passam pelo trato digestivo dos animais e são difundidos efetivamente em distâncias consideráveis. A dispersão também ocorre por meio da água e ser depositadas às margens de rios após inundações.[9][10]

Associação[editar | editar código-fonte]

É mirmecófita, possui uma associação simbiótica altamente especializada com colônias de formigas Azteca sp. que picam; possui órgão especializado no qual as formigas vivem. As formigas alimentam-se de açúcares produzidos nos corpos müllerianos na base dos pecíolos e em troca, as formigas protegem a árvore do ataque de outros herbívoros, tais como as formigas cortadeiras; entretanto essa associação não existe em Porto Rico, nem em outras ilhas do Caribe.[9]

Controle biológico[editar | editar código-fonte]

Foi notado o ataque de Kretzschmaria clavus (Fr.) Sacc., que é o agente causador da podridão das raízes da macadâmia (Macadamia integrifolia), na C. peltata no Havaí. Ela também é atacada por Historis spp. e várias outras espécies de lagartas de mariposas no seu ambiente nativo. Também foi notado o ataque às folhas de C. peltata pelos seguintes organismos em Porto Rico: Correbidia terminalis, Gynaecia dirce, Historis odious, Prepodes spp. e Sylepta salicalis, embora o efeito no crescimento e sobrevivência da árvore seja desconhecido, foi observado que esses organismos podem causar danos severos às folhas de árvores maduras. O estrangulamento por videiras é uma causa adicional da mortandade das árvores, sobretudo quando as árvores são jovens.[9]

Impacto ambiental[editar | editar código-fonte]

Há poucos estudos sobre a biodiversidade nativa quando a espécie é introduzida; uma das espécies prejudicadas nos Camarões pela competição foi a Musanga cecropoides, uma espécie pioneira nativa, que encontra-se em estado ameaçado de extinção devido ao monopólio do mesmo nicho.[9][10]

Distribuição geográfica[editar | editar código-fonte]

Ocorre naturalmente no Norte do Brasil, no bioma amazônico, em florestas de terra firme, nos estados: Acre, Amazonas, Pará e Roraima.[1] Ela ocorre em maior concentração na America Central, mas também distribui-se no México e no norte da América do Sul.[4] Ela foi introduzida em outros continentes, como: África nos países: Costa do Marfim, Camarões, Gana, Madagascar e Senegal e é considerado espécie invasora nos três primeiros; Oceania nos países: Polinésia Francesa e Nova Caledônia e também foi introduzida no Havaí. Na África ela foi introduzida em plantações de café como árvore de sombreamento.[9][10]

Não ocorre em áreas costeiras e áreas calcárias secas.[9]

Histórico taxonômico[editar | editar código-fonte]

As diferenças entre espécies do gênero Cecropia muitas vezes não são tão claras levando a uma certa confusão taxonômica. A C. peltata é considera um complexo de três espécies por algumas autoridades: C. peltata L. da América Central, Caribe e Norte da América do Sul, C. pachystachya Trécul. da parte central da América do Sul e C. concolor Willd. da Amazônia. Elas são morfologicamente semelhantes, mas suas distribuições geográficas ou ecológicas são diferentes levando a frequentes identificações errôneas. A taxonomia no gênero é um pouco confusa e mudanças de classificação podem ser esperadas.[9]

Utilidade[editar | editar código-fonte]

Os brotos jovens algumas vezes são cozidos e usados como alimento, suas frutas são comestíveis e consumidas cruas.[8] É usado como árvore de sombreamento em plantações de café, por ser de crescimento rápido. Também é cultivada como árvore ornamental e usada como combustível.[9][10]

Madeireira[editar | editar código-fonte]

É usada na indústria madeireira na produção de madeira compensada e produtos de madeira de baixa qualidade, como caixas e palitos de fósforo. Suas fibras podem ser usadas na produção de cordas, de sua madeira se produz pasta para papel com bom rendimento. Seus troncos ocos são usados como calhas e canos.[9]

Medicinal[editar | editar código-fonte]

É utilizada medicinalmente pela população de seu ambiente nativo como: analgésico, antiasmático, bactericida, fungicida, anti-inflamatório, antioxidante, diurético e laxante. Também é usada para tratar condições como: doença de Parkinson, reumatismo, diabetes, disturbios do fígado, pressão arterial alta e verrugas.[9]

Madeira[editar | editar código-fonte]

Possui densidade específica de 0,29, é considerada de baixa densidade e baixa qualidade.[9]

Nomes populares[editar | editar código-fonte]

No Brasil: embauba e caxeta; países anglófonos: trumpet tree, congo pump, pop-a-gun, snakewood tree, trumpet wood, wild paw paw; países hispânicos: guarumo; yagrumo hembra; francófonos: bois cannon, faux ricin, parasolier, pisse-roux e papyrus géant; Alemanha: Trompetenbaum; e Itália: legno trombetta.[9]

Referências

  1. a b c «Cecropia peltata». Flora e Funga do Brasil (REFLORA). Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Consultado em 11 de outubro de 2017. Cópia arquivada em 12 de outubro de 2017 
  2. «Cecropia». Integrated Taxonomic Information System (ITIS) (http://www.itis.gov). Consultado em 11 de outubro de 2017 
  3. «Cecropia peltata L.». The Plant List. Version 1.1. Published on the Internet; http://www.theplantlist.org/. 2013. Consultado em 11 de outubro de 2017. Cópia arquivada em 28 de dezembro de 2021 
  4. a b c «Cecropia peltata L.». Global Biodiversity Information Facility disponível em: https://www.gbif.org/. Consultado em 11 de outubro de 2017. Cópia arquivada em 16 de agosto de 2022 
  5. «Cecropia peltata L.». Tropicos.org. Missouri Botanical Garden. Consultado em 11 de outubro de 2017. Cópia arquivada em 1 de janeiro de 2022 
  6. Roskov, Y.; Abucay, L.; Orrell, T.; Nicolson, D.; Bailly, N.; Kirk, P. M.; Bourgoin, T.; DeWalt, R. E.; Decock, W.; De Wever, A.; Nieukerken, E. van; Zarucchi, J.; Penev, L. (2017). «Cecropia peltata L.». Leida: Species 2000 & ITIS Catalogue of Life, 2017 Annual Checklist. Digital resource at www.catalogueoflife.org/annual-checklist/2017. Species 2000: Naturalis. ISSN 2405-884X. Consultado em 11 de outubro de 2017. Cópia arquivada em 14 de outubro de 2022 
  7. «Cecropia peltata L.». Plants for a Future (PFAF). Disponível em: http://pfaf.org. Consultado em 11 de outubro de 2017. Cópia arquivada em 6 de maio de 2022 
  8. a b «Cecropia peltata L.». Useful Tropical Plants Database. Disponível em: http://tropical.theferns.info/. Consultado em 11 de outubro de 2017. Cópia arquivada em 13 de março de 2022 
  9. a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v Pasiecznik, Nick. «Cecropia peltata L.». França: Invasive Species Compendium. Wallingford, GBR: CAB International. www.cabi.org/isc. Consultado em 11 de outubro de 2017. Cópia arquivada em 18 de junho de 2018 
  10. a b c d e f g h «Cecropia peltata L.». Global invasive species database (GISD). Disponível em: http://www.iucngisd.org. Consultado em 11 de outubro de 2017. Cópia arquivada em 2 de março de 2022 
  11. «CÁXETA, A ÁRVORE». http://www.plantasquecuram.com.br/. Consultado em 11 de outubro de 2017. Cópia arquivada em 14 de outubro de 2022 
  12. «Cecropia peltata L. - EMBAÚBA». http://www.plantamed.com.br. Consultado em 11 de outubro de 2017. Cópia arquivada em 2 de fevereiro de 2020 
  13. «Cecropia peltata L.». Encyclopedia of Life (EoL). Consultado em 11 de outubro de 2017. Cópia arquivada em 12 de outubro de 2017 
  14. a b «Cecropia peltata L.». Northeastern Area State & Private Forestry - USDA Forest Service. Disponível em: https://www.na.fs.fed.us/. Consultado em 11 de outubro de 2017 
  15. «Cecropia peltata L.». National Center for Biotechnology Information disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/. Consultado em 12 de outubro de 2017. Cópia arquivada em 4 de outubro de 2022 
  16. Lowe, S.; Browne, M.; Boudjelas, S.; Poorter, M. (2004) [2000]. «100 of the World's Worst Invasive Alien Species: A selection from the Global Invasive Species Database» (PDF). Auclanda: O Grupo de Especialistas em Espécies Invasoras (ISSG), um grupo de especialistas da Comissão de Sobrevivência de Espécies (SSC) da União Mundial de Conservação (IUCN). Consultado em 21 de outubro de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 16 de março de 2017