Cidade de Maria
A Cidade de Maria é um Centro de Formação e Espiritualidade localizado a aproximadamente 12 quilômetros do centro da cidade de Barretos, São Paulo. A área é uma comunidade espiritual, composta por seis congregações religiosas dedicadas à formação de futuros sacerdotes e irmãs. O espaço também abriga a Casa de Encontros e Retiros Dom Antônio Maria Mucciolo, um local destinado a eventos e retiros espirituais[1][2].
A entrada do complexo é marcada por uma estatueta de Nossa Senhora Conceição de Murilo, simbolizando a consagração do local à proteção divina. Além de suas funções religiosas e formativas, a Cidade de Maria é um ponto de encontro para devotos, especialmente durante o festival anual "Caminhando com Maria", que atrai milhares de pessoas em uma romaria dedicada à Nossa Senhora Aparecida no dia 12 de outubro[1][2][3].
Histórico de Fundação[editar | editar código-fonte]
Em 23 de maio de 1977, Dom Antonio Maria Mucciolo foi nomeado o segundo Bispo Diocesano de Barretos, sucedendo Dom José de Mattos Pereira; assumiu oficialmente sua posição em Barretos no dia 9 de setembro de 1977[1][2].
Nos primeiros dois meses de seu mandato, Dom Mucciolo dedicou-se a visitar paróquias e dialogar com sacerdotes e líderes de congregações religiosas, identificando rapidamente a necessidade de um local adequado para encontros formativos. Neste período, estabeleceu uma relação com João Monteiro de Barros Filho, jornalista e proprietário de um meio de comunicação local, que já havia trabalhado de perto com o primeiro Bispo, Dom José[1]. Inspirado por essa necessidade e com o apoio de João Monteiro e outros colaboradores, como Silvio de Almeida Nogueira e Isidoro Witzel, Dom Mucciolo conheceu Guilherme Seraphino, um engenheiro aposentado, fazendeiro e viúvo, que se mostrou disposto a contribuir com o projeto. Sensibilizado pela missão do Bispo, Seraphino doou cinco alqueires de sua fazenda para a construção de uma Casa de Encontros, que seria chamada Betânia. A escritura da terra foi rapidamente formalizada no 2° Cartório da Cidade e registrada, garantindo a posse à diocese[1][4].
O projeto de Betânia foi então confiado ao arquiteto Dr. Nelson Marcondes do Amaral, que projetou um complexo com 52 apartamentos, amplo refeitório, cozinha, auditório e capela, organizando o terreno em módulos de 7.500 metros quadrados e centralizando a construção da Casa de Encontros[1].
A construção começou oficialmente no dia 2 de outubro de 1978, após a cerimônia de lançamento da pedra fundamental em 25 de maio do mesmo ano. A inauguração, celebrada com grande festividade, ocorreu no dia 5 de setembro de 1981[1][2][4].
Gradativamente várias congregações foram se instalando no local[1].
Desde então, a Cidade de Maria não só cumpriu seu papel inicial como centro de formação, mas também se tornou um local de grande importância espiritual e cultural na região, demonstrando a visão de futuro do bispo Dom Mucciolo e a generosidade da comunidade local em apoiar tais iniciativas religiosas e educacionais[1][2].
Mosteiro de Clausura de Visitação[editar | editar código-fonte]
A convite do Bispo de Barretos, Dom Antonio Maria Mucciolo, as Irmãs Visitandinas de Clausura, originalmente de São Paulo, estabeleceram um Mosteiro de Clausura em Barretos. A pedido de Dom Antonio e com o consentimento do Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, a Superiora da Visitação Irmã Margarida Angélica, aceitou fundar um Mosteiro na Cidade de Maria. A iniciativa teve contribuições do Adveniat, e de vários benfeitores, como de João Monteiro de Barros Filho. Três irmãs, lideradas pela Superiora Irmã Francisca de Salles, mudaram-se para o novo mosteiro. A Irmã Francisca já tinha uma conexão espiritual antiga com Dom Antonio desde sua infância e juventude em Sorocaba. Após a morte de uma das três irmãs e a dificuldade de trazer mais irmãs de São Paulo, o Mosteiro foi transferido aos Padres Dehonianos, que agora utilizam o espaço para seu noviciado[1].
Seminário Filosófico Paulo VI[editar | editar código-fonte]
Em 8 de outubro de 1977, Dra. Scylla Duarte Prata e seu marido, Dr. Paulo, propuseram a Dom Antonio Maria Mucciolo a construção de um seminário em homenagem à sua filha Cristina, que havia falecido no ano anterior. O casal assumiu todas as despesas relacionadas à construção e ao equipamento interior do seminário, incluindo a mobília completa[1].
O Seminário, batizado de Paulo VI, foi oficialmente inaugurado em 8 de dezembro de 1984 pelo Núncio Apostólico Carlo Furno, que também realizou a cerimônia de bênção do local. Durante os anos de 1985 e 1986, o seminário ofereceu um Curso de Filosofia para um total de 38 alunos, incluindo seminaristas e religiosos, bem como leigos. Este projeto educacional foi enriquecido por bolsas de estudos financiadas por Dom Antonio para seminaristas de dioceses economicamente desfavorecidas do Brasil[1].
O Seminário Paulo VI contou com um destacado corpo docente. Seu primeiro reitor foi o Monsenhor Arquimedes Gai, seguido pelo Padre Deusmar Jesus da Silva. Outra figura notável associada ao seminário foi o Padre Francisco Lyrio de Almeida da Diocese de Sorocaba, que contribuiu significativamente durante os três anos em que colaborou com o Bispo de Barretos e foi responsável pela organização do currículo escolar de filosofia[1].
Infelizmente, por razões históricas, o seminário encerrou suas atividades em 1987, após apenas dois anos de funcionamento. Posteriormente, as instalações foram cedidas por Dom Antonio Gaspar à Fraternidade de São Francisco de Assis, sob a providência divina[1].
Casa de Encontros[editar | editar código-fonte]
A Casa de Encontros Dom Antonio Maria Mucciolo, antes denominada Betânia, serve como um centro de formação e espiritualidade, ideal para a realização de diversos eventos como cursos, congressos e retiros espirituais. O estabelecimento pode acomodar até 120 visitantes e está equipado com 51 apartamentos e 14 quartos adicionais, além de possuir um refeitório espaçoso, várias salas de reuniões, uma capela e extensos jardins[1][2].
Arraial da Alegria[editar | editar código-fonte]
O Arraial da Alegria é uma festividade tradicional que ocorre anualmente na Cidade de Maria desde 1986. Este evento celebra a cultura e a fé, com o principal objetivo de arrecadar fundos para a manutenção da própria cidade espiritual. Durante o arraial, visitantes podem desfrutar de uma quermesse vibrante, um almoço especial onde é servido o "Queima do Alho", um prato típico de Barretos, além de diversos shows artísticos. Um momento especial do evento é a coroação da imagem de Nossa Senhora, que adiciona um aspecto religioso significativo à celebração[1][2].
Um dos destaques do Arraial da Alegria é o concurso radiofônico chamado Rei e Rainha da Alegria, no qual seis personalidades competem arrecadando doações. O casal que consegue o maior montante é coroado na noite de sábado, trazendo ainda mais festividade e engajamento comunitário ao evento. Em 2023, o arraial comemorou seu 35º aniversário, consolidando-se como uma das quermesses mais tradicionais de Barretos, reafirmando o arraial como um importante evento de angariação de fundos e celebração comunitária[1][2].
Caminhando com Maria[editar | editar código-fonte]
O evento "Caminhando com Maria" é uma tradicional caminhada penitencial que ocorre anualmente em Barretos no dia 12 de outubro, reunindo devotos de Nossa Senhora Aparecida. A caminhada parte às cinco da manhã da igreja matriz da Paróquia Bom Jesus em direção à Cidade de Maria, um espaço dedicado à espiritualidade e formação religiosa. A celebração inclui uma missa campal presidida pelo bispo diocesano, destacando a fé e devoção dos participantes. Após ser adaptada para uma carreata durante a pandemia de Covid-19, a caminhada retornou ao seu formato original em 2022, marcando a 36ª edição do evento. Com o lema "Com Maria caminhamos rumo aos 50 anos de história", o evento celebra não apenas a fé mariana, mas também antecipa o Jubileu de Ouro da Diocese de Barretos[2][3][4].
Congregações[editar | editar código-fonte]
Algumas organizações religiosas estão instaladas na Cidade de Maria:
1. Irmãs Missionárias de Ação Paroquial[editar | editar código-fonte]
As Irmãs Missionárias de Ação Paroquial foram fundadas no dia 7 de março de 1942 em Carbonero El Mayor, situado na Diocese de Segóvia, Espanha. Esta congregação foi estabelecida por Dom Luciano Pérez Platero, bispo de Segóvia, e Madre Imaculada Cuadrado, com o propósito expresso de revitalizar a ação evangelizadora dentro das paróquias[1][2].
Desde sua concepção, a congregação adotou como seu carisma principal a vitalização da vida paroquial, com um enfoque especial em despertar e formar lideranças dentro da comunidade católica. As irmãs têm como missão principal apoiar as paróquias, ajudando a fortalecer suas atividades pastorais através de uma entrega generosa às diversas necessidades do ministério[1][2].
A presença das Irmãs Missionárias de Ação Paroquial expandiu-se significativamente desde a sua fundação. No Brasil, a congregação marcou sua primeira presença em Tietê, São Paulo, a 19 de agosto de 1954, a convite de Monsenhor Antonio Simon Sola. Desde então, expandiram sua atuação para outras localidades como Palmital, Sorocaba, Araguapaz, Descalvado, Barretos, São Pedro da Água Branca e Imperatriz[1][2].
Em 1968, a Congregação das Irmãs Missionárias de Ação Paroquial foi elevada a um status de Direito Pontifício pelo Papa Paulo VI, reconhecimento que sublinha a importância e a universalidade de seu trabalho na igreja. As irmãs continuam a desempenhar um papel crucial na revitalização das práticas e na liderança espiritual nas comunidades onde estão presentes, perpetuando o legado de seus fundadores[1][2].
2. Servas de Santa Teresa do Menino Jesus[editar | editar código-fonte]
As Servas de Santa Teresa do Menino Jesus são uma congregação religiosa fundada em 1933 por Padre Nicola Cerbone e Madre Chiara Oristanio, em Cúccaro Vetere, Itália. A congregação tem como missão principal viver a "Pequena Via" de Santa Teresa, aplicando-a em três áreas principais de atuação: apostolado religioso, educativo e social, especialmente entre os mais pobres[1][2].
O apostolado religioso da congregação foca na colaboração com párocos e agentes de pastoral paroquiais, buscando promover a evangelização e a vida litúrgica. Isso inclui catequese, envolvimento com jovens, liturgia, apoio familiar, orientação vocacional e a Infância Missionária[1][2].
Na área educativa, as irmãs dedicam-se à educação escolar e universitária, incluindo a coordenação de creches, aulas de reforço e cursos formativos. O objetivo é fornecer uma formação integral que englobe tanto a educação tradicional quanto a evangelização cristã, com um foco especial na juventude feminina[1][2].
No campo social, a ação das Servas de Santa Teresa do Menino Jesus se estende à assistência em hospitais, à Pastoral da Criança, à saúde, casas de recuperação e a projetos sociais destinados às pessoas em maior necessidade[1][2].
Presentes em países como Itália, Brasil, Peru e Madagascar, as irmãs continuam a expandir sua missão seguindo o exemplo de sua padroeira, Santa Teresa, na simplicidade e na fidelidade às pequenas coisas, testemunhando o amor apaixonado e escondido pela Igreja no cotidiano[1][2].
3. Instituto Secular Notre Dame de Via (Nossa Senhora da Vida)[editar | editar código-fonte]
4. Irmãs Pequenas Missionárias Eucarísticas[editar | editar código-fonte]
As Irmãs Pequenas Missionárias Eucarísticas foram estabelecidas por Madre Ilia Corsaro em 3 de novembro de 1928, na cidade de Bagnoli, próximo a Nápoles, Itália. A congregação foi reconhecida como de Direito Pontifício em 13 de junho de 1974, consolidando seu compromisso com a Igreja Católica e sua missão espiritual[1][2].
O carisma da congregação é enraizado nas palavras de Jesus "Tenho sede" (João 19,28), que reflete seu chamado para saciar a sede de amor e espiritualidade no mundo. As irmãs dedicam-se a "velar à sombra dos Tabernáculos", simbolizando um compromisso com a oração contínua e a presença eucarística como fonte de consolação e regeneração amorosa da humanidade[1][2].
Associadas espiritualmente à Ordem dos Franciscanos Menores, as Irmãs Pequenas Missionárias Eucarísticas estendem seu serviço além das fronteiras da Itália, marcando presença em países como Albânia, Peru e Brasil. Em território brasileiro, a congregação está ativa em locais como Barretos, Olímpia, Canitar, São José do Rio Preto e Itumbiara, onde desempenham um papel importante no apoio às comunidades locais[1][2].
A missão das irmãs abrange diversos campos de atuação, desde a educação infantil em creches até a formação de líderes através de diversas pastorais, incluindo a Catequética, Liturgia, Ministros da Eucaristia, Pastoral Vocacional, da Família e da Criança. Este trabalho não só visa a promoção humana e espiritual dos indivíduos, mas também fortalece as comunidades em que as irmãs servem, através de uma abordagem que preza pela evangelização e o cuidado aos mais necessitados[1][2].
5. Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus - Dehonianos[editar | editar código-fonte]
A Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus, conhecida como Dehonianos, foi fundada por Padre João Leão Dehon em 1878 na cidade de São Quintino, França. A congregação foi estabelecida com o carisma de promover a união a Cristo através de seu amor oblativo ao Pai, buscando reparar a pessoa humana e a sociedade[1][2].
O fundador, Padre João Leão Dehon, ordenado sacerdote em 1868 na Basílica de Latrão em Roma, tinha uma vocação especial para a vida religiosa, marcada pelo recolhimento e a devoção. Seu chamado para fundar a congregação se concretizou no dia 28 de junho de 1878, durante a festa do Sagrado Coração de Jesus, simbolizando seu compromisso profundo com a devoção ao Coração de Jesus e Maria, e o desejo de uma vida de pobreza, obediência e estudo[1][2].
Os Dehonianos são conhecidos por sua dedicação à Eucaristia e ao Coração de Maria, vendo estas devoções como caminhos para a santificação da sociedade. A congregação também se dedica a responder às necessidades da Igreja e do mundo, operando dentro de um espírito de comunidade fraterna e participação ativa na missão da Igreja[1][2].
Atualmente, os Dehonianos estão presentes em diversos países ao redor do mundo, incluindo a Europa, a América Latina, a África e a Ásia. No Brasil, a congregação estabeleceu-se inicialmente em Camaragibe, Pernambuco, em 1893 e posteriormente em outras localidades como Florianópolis e na Cidade de Maria em Barretos, São Paulo, onde mantêm um noviciado desde 2003[1][2].
Através de suas práticas devocionais e compromisso com a educação e ação social, os Padres do Sagrado Coração de Jesus continuam a impactar positivamente a vida das comunidades onde atuam, promovendo uma sociedade mais justa e fraterna[1][2].
6. Congregação dos Oblatos de Cristo Sacerdote[editar | editar código-fonte]
A Congregação dos Oblatos de Cristo Sacerdote foi fundada pelo Monsenhor Januário Baleeiro de Jesus e Silva em 25 de março de 1955, na cidade de Lagoa Santa, Minas Gerais. A congregação surgiu com uma missão clara e dedicada: prestar assistência a padres e bispos enfermos ou idosos, além de oferecer suporte pastoral a paróquias que enfrentam necessidades emergenciais ou situações extraordinárias, como as Missões Populares.
O carisma da congregação é profundamente enraizado no serviço e na oferta de si mesmo a Cristo Sacerdote, em benefício de seus sacerdotes e bispos, enfatizando um compromisso com a saúde e o bem-estar dos clérigos, além do apoio a suas funções eclesiásticas. Originalmente, o carisma incluía a participação de religiosos e leigos com votos perpétuos, mostrando a abertura e a flexibilidade da congregação em sua composição e abordagem ao serviço.
Com presença tanto no Brasil quanto na Itália, os membros da Congregação dos Oblatos de Cristo Sacerdote se dedicam à formação teológica e filosófica, muitos dos quais são ordenados sacerdotes. A liderança atual está sob a direção de Dom Vicente Marquetti Zioni, que foi nomeado Superior Maior interinamente pelo mandato pontifício.
A sede da congregação está situada na Cidade de Maria, em Barretos, São Paulo. Este local foi anteriormente um mosteiro construído pelas Irmãs Franciscanas da Imaculada Conceição. Devido à escassez de vocações, as irmãs consultaram o Arcebispo de Botucatu, Dom Antonio Maria Mucciolo, sobre a venda do mosteiro aos Oblatos, o que foi aprovado, permitindo que a congregação assumisse o local e continuasse sua missão vital.
Hoje, a Congregação dos Oblatos de Cristo Sacerdote continua seu trabalho devotado, cuidando dos que cuidam da igreja e expandindo sua missão para atender às necessidades emergenciais das comunidades paroquiais onde atuam.
Referências[editar | editar código-fonte]
- ↑ a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v w x y z aa ab ac ad ae af ag ah ai Mucciolo, Antonio Maria (2009). Cidade de Maria: Experiência Única no Brasil. Barretos: Sete Virtudes Editora. 89 páginas. ISBN 09-060806 CDD-981.522 Verifique
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(ajuda) - ↑ a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v w x y z aa Diocese de Barretos. «Cidade de Maria - Nossa História». www.diocesedebarretos.com.br. Consultado em 11 de maio de 2024
- ↑ a b «Caminhando com Maria volta este ano em seu formato tradicional». Jornal de Barretos. 20 de setembro de 2022. Consultado em 11 de maio de 2024
- ↑ a b c «Cidade de Maria completa 35 anos». Jornal de Barretos. 6 de setembro de 2016. Consultado em 11 de maio de 2024