Cinábrio
Cinábrio | |
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Categoria | Mineral sulfeto |
Cor | Vermelho-carmim a cinza-chumbo |
Fórmula química | Sulfeto de mercúrio(II), HgS |
Propriedades cristalográficas | |
Sistema cristalino | Trigonal |
Hábito cristalino | Romboédrico, tabular ou granular |
Propriedades físicas | |
Densidade | 8,1 g/cm³ |
Dureza | 2,0–2,5 |
Brilho | Adamantino |
Referências | [1][2] |
O cinábrio é um mineral de sulfeto de mercúrio(II) (HgS), notável por sua intensa coloração vermelha e por ser a principal fonte natural de mercúrio. Utilizado desde a Antiguidade como pigmento (vermelhão), seu emprego declinou devido à toxicidade do mercúrio, que causa danos neurológicos graves. Sua relevância histórica está ligada à mineração, arte e ao impacto ambiental, sendo hoje objeto de estudos toxicológicos e regulamentações rígidas.
Propriedades e estrutura
[editar | editar código-fonte]Características físicas
[editar | editar código-fonte]O cinábrio cristaliza no sistema trigonal, formando cristais romboédricos ou massas granulares. Sua cor varia do vermelho-vivo ao cinza-escuro quando exposto à luz, e sua densidade elevada (8,1 g/cm³) o torna um dos minerais mais pesados. A dureza é baixa (2,0–2,5 na escala de Mohs), e seu brilho varia de adamantino a terroso.[2]
Composição química
[editar | editar código-fonte]Sua estrutura cristalina consiste em cadeias helicoidais de átomos de mercúrio e enxofre. Quando aquecido acima de 580°C, decompõe-se liberando vapores de mercúrio, processo explorado industrialmente desde o Império Romano.[1]
Ocorrência geológica
[editar | editar código-fonte]O cinábrio forma-se em veias hidrotermais associadas a vulcanismo e fontes termais alcalinas. Principais jazidas incluem:
- Almadén (Espanha): Maior depósito histórico, explorado por dois milênios.
- Nevada (EUA) e Guizhou (China): Fontes modernas para extração de mercúrio.
- Idrija (Eslovênia): Conhecida pela variedade "hepaticinábrio", rica em matéria orgânica.[3]
Mineração e impactos
[editar | editar código-fonte]Extração de mercúrio
[editar | editar código-fonte]O processo envolve a torrefação do minério em fornos rotativos, liberando mercúrio gasoso que é condensado em líquido. Na Roma Antiga, essa técnica era realizada por escravos, que sofriam envenenamento crônico — um dos primeiros registros de doença ocupacional.[4]
Riscos toxicológicos
[editar | editar código-fonte]A exposição ao mercúrio provoca tremores, perda de memória e insuficiência renal. No século XVI, o médico Georgius Agricola descreveu os efeitos em mineiros de cinábrio, comparando as minas a "sentenças de morte".[5]
Usos históricos
[editar | editar código-fonte]Pigmento e arte
[editar | editar código-fonte]- Antiguidade: Os romanos usavam cinábrio em afrescos, como os de Pompeia, mas o pigmento escurecia ao ar livre.
- China: Empregado em lacquerware desde a Dinastia Song (século X), técnica refinada com verniz para reduzir a toxicidade.[6]
- Maias: Cobria tumbas reais, como a Rainha Vermelha de Palenque (século VII), simbolizando sangue e vida eterna.[7]
Substituição moderna
[editar | editar código-fonte]No século XX, pigmentos sintéticos (ex.: sulfeto de cádmio) substituíram o cinábrio em tintas e cosméticos.
Variedades e formas
[editar | editar código-fonte]- Metacinábrio: Variedade preta, com estrutura cristalina cúbica, estável em baixas temperaturas.
- Hipercinábrio: Forma hexagonal rara, encontrada em ambientes geotérmicos extremos.[8]
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ a b «Cinábrio». Mindat. Consultado em 25 de agosto de 2024
- ↑ a b «Cinábrio». Webmineral. Consultado em 25 de agosto de 2024
- ↑ «Cinábrio». Mineralienatlas
- ↑ Thompson, Daniel V. (1956). The Materials and Techniques of Medieval Painting. [S.l.]: Dover. pp. 100–102
- ↑ Stewart, Susan (2014). History of Toxicology and Environmental Health. [S.l.]: Academic Press. p. 84
- ↑ Rawson, Jessica (2007). The British Museum Book of Chinese Art. [S.l.]: British Museum Press. p. 178
- ↑ «Ancient Maya Mosaic Mirrors». Ancient Mesoamerica. 22 (2): 230. 2011. doi:10.1017/S0956536111000241
- ↑ «Hipercinábrio». Mindat
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Toxicologia do mercúrio (Dartmouth College)