Colégio Militar do Rio de Janeiro

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Colégio Militar do Rio de Janeiro, Casa de Thomaz Coelho
CMRJ
Colégio Militar do Rio de Janeiro
Informação
Localização Rio de Janeiro
Fundação 6 de maio de 1889
Lema "Um belo começo..."
Afiliações Sistema Colégio Militar do Brasil
Comandante Coronel Victor José Queiroz Cabral
Página oficial
http://www.cmrj.eb.mil.br/

O Colégio Militar do Rio de Janeiro (CMRJ) é uma instituição militar de ensino que localiza-se no bairro do Maracanã, na cidade do Rio de Janeiro, no Brasil. Foi o primeiro Colégio Militar criado no país. O Colégio é uma unidade acadêmica do Exército Brasileiro e é subordinado à Diretoria de Educação Preparatória e Assistencial.

Antecedentes[editar | editar código-fonte]

A primeira ideia de se criar um Colégio Militar no Brasil surgiu em 1853, proposta pelo então Senador do Império, Luís Alves de Lima e Silva, que seria nomeado dezesseis anos mais tarde, Duque de Caxias. O intento de Caxias era de criar um Colégio que assistisse os “filhos daqueles que morreram ou se inutilizaram no campo de batalha defendendo a independência e a honra nacional”. Caxias já se preocupava com a guerra que estava para acontecer. Mas nada conseguiu, pois naquela época o Exército não era prestigiado como a Guarda Nacional, por exemplo.

Entrada do Colégio Militar do Rio de Janeiro

Porém, após a Guerra do Paraguai, cresceu no povo brasileiro um forte sentimento nacionalista e de exaltação ao nosso exército que saíra vitorioso. Dentro desse contexto, a 25 de fevereiro de 1865, é criada no Rio de Janeiro uma organização chamada Sociedade do Asilo dos Inválidos da Pátria que se propunha a “auxiliar o Governo Imperial a fundar e custear um asilo dos inválidos, onde deveriam ser recolhidos e tratados os servidores do país que, por sua velhice ou mutilação na guerra, não pudessem mais prestar serviços e onde se daria educação aos órfãos, filhos de militares, mortos em campanha, ou mesmo quando destacados em serviço das armas”.

Na mente de José Joaquim de Lima e Silva Sobrinho, irmão de Luís Alves, futuro Visconde de Tocantins, renasce a ideia de se criar um Colégio Militar, quer em 1862, como Deputado, quer em 1865, enquanto presidente da Sociedade do Asilo dos Inválidos da Pátria. Porém, a Sociedade, de início, tinha dificuldades que não permitiram logo fundar um Colégio Militar.

Anos depois a Sociedade prosperou conseguindo, em 1868, fundar, na Ilha do Bom Jesus, o Asilo dos Inválidos da Pátria. Foram pagos 157 contos de réis pelo prédio onde funcionava o Convento dos Franciscanos e que passaria a abrigar os servidores da Pátria.

A maior incentivadora da Sociedade era a Associação Comercial, visto que a maior parte de seus sócios também pertenciam àquela Associação, sendo o maior exemplo o Visconde de Tocantins. Em uma das cláusulas do estatuto da Sociedade do Asilo dos Inválidos constava a proibição à entrada de novos sócios, abrindo brechas para que a Associação Comercial propusesse uma fusão à Sociedade do Asilo para que ela pudesse se perpetuar.

Em um contexto político tão conturbado, os cofres públicos em déficit por ocasião da guerra, era de se encher os olhos da Associação Comercial, uma Sociedade que contava na época com uma riqueza de cerca de 1744 contos de réis em apólices da dívida pública.

Foto do Palacete da Babilônia em 1912.

A 23 de junho de 1885 se consuma a fusão, considerando, a partir daquela data, dissolvida a Sociedade do Asilo. A fusão se dá, pois, ilegalmente já que constava no Estatuto da Sociedade do Asilo, invocado pelos próprios homens da Associação Comercial, que a Sociedade deveria existir enquanto durasse o Asilo. Se o Asilo continuava a existir, a Sociedade jamais poderia ser extinta.

Conselheiro Thomaz Coelho, fundador e patrono do Colégio Militar, diretor do Banco da República, membro do ministério que decretou a abolição da escravatura. Falecido em 19 de setembro de 1895.

A partir daí começou uma luta da Associação Comercial para conseguir junto aos ministros da Guerra, a transferência das apólices do Asilo para o seu patrimônio. Tal pedido foi negado por todos os ministros desde 1885 até 1888 quando sobe ao cargo o conselheiro Tomás Coelho.

Thomaz José Coelho de Almeida era parlamentar desde 1872, considerado um homem extremamente esclarecido que queria logo conquistar o apreço dos militares, então ressentidos pelo descaso do Império.

Thomaz Coelho foi ministro da Agricultura enquanto Caxias foi Presidente do Conselho de Ministros (1875), eram grandes amigos, e Tomás Coelho tomou para si o sonho de criar um Colégio Militar.

Como político experimentado, Thomaz Coelho, percebeu a irreversibilidade do processo de fusão da Sociedade do Asilo dos Inválidos da Pátria com a Associação Comercial, que não se negaria a adquirir um prédio, onde se pudesse instalar o Colégio, a pedido do Ministro da Guerra, caso ele obtivesse a homologação oficial do ato de 1885.

Homenagem ao aluno Horácio Lucas, assassinado por um aluno da extinta Escola Técnica Nacional (ETN).

O ministro conseguiu em 25 de abril de 1888 uma Resolução Imperial que submetia a Associação Comercial a todos os direitos e obrigações da Sociedade dos Inválidos da Pátria. Perceba que, ao contrário do ato de 1885, a Resolução não extinguia a Sociedade do Asilo, mas lhe dava um “alicerce mantenedor” chamado Associação Comercial que agora estava obrigada a manter o Asilo e o Colégio Militar que Tomás Coelho pretendia instalar.

Os primórdios[editar | editar código-fonte]

Após a resolução Thomaz Coelho trabalhou pela criação do Colégio. Em 9 de março de 1889 foi assinado o Decreto Imperial 10.202, criando o Imperial Colégio Militar da Corte e aprovando o seu Regulamento. Já em 29 de abril de 1889 o Império compra, pelo preço de 220 contos de réis pagáveis em 220 apólices da dívida pública, o Palacete do Barão de Itacurussá, herdado do Conde de Mesquita, na rua São Francisco Xavier, 21 (número antigo). O mesmo contrato de venda obriga a Fazenda a “fazer reverter ao patrimônio do Asilo dos Inválidos da Pátria (portanto à Associação Comercial) as propriedades compradas, desde que deixarem de ter o destino e aplicação para que foram adquiridas”.

Com a instauração da República, o Imperial Collegio Militar passaria a ser chamado de Colégio Militar.[1]

Já em 1895 a Associação Comercial não mais se obrigava a custear o Colégio Militar. O Asilo foi empobrecendo e perdendo, para a União, terras da Ilha do Bom Jesus que toda lhe pertencera. Os juros das apólices da Sociedade ajudaram a construir o monumental prédio da rua 1º de Março que hoje serve ao Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB) e à Agência Primeiro de Março do Banco do Brasil.

Desde 1895 até 1906, houve várias investidas judiciais contra a Associação Comercial em busca do patrimônio perdido, porém não deram certo.

Aluno com antigo uniforme do CMRJ

Com a justificativa de que as despesas causadas pela manutenção do Colégio Militar eram muito altas, vários políticos tentaram durante os anos posteriores, sem sucesso, extingui-lo.

Armas[editar | editar código-fonte]

Quando o aluno ingressa no Ensino Médio, é obrigado a escolher dentre seis Armas: Infantaria, Cavalaria, Artilharia, Comunicações, Engenharia e Logística. Ele estudará durante os três seguintes anos em turmas com outros alunos da mesma Arma. Em cada uma delas, o aluno poderá realizar tarefas específicas e disputar nas Olimpíadas de Armas.

Companhia de Infantaria

A mais antiga arma do Colégio Militar do Rio de Janeiro. Seus títulos vieram de disputas nas Olimpíadas internas nas quais sagrou-se campeã em 14 delas. Tem como patrono o Marechal Sampaio.

Esquadrão de Cavalaria

O Esquadrão de Cavalaria foi criado em 1895 e desfilou, pela primeira vez, na parada de 7 de setembro do mesmo ano. Seu patrono é o Marechal Osório.

Bateria de Artilharia

Em 1900, o Colégio recebeu os canhões Krupp e organizou a sua Bateria de Artilharia . Seu patrono é o Marechal Mallet.

Companhia de Comunicações

Foi criada em 1981, tendo como patrono Marechal Rondon. Possui apenas um título.

Companhia de Engenharia

Criada em 2016, seu patrono é o Tenente Coronel Villagran Cabrita.

Companhia de Logística

Foi instituída no CMRJ no ano de 2019. Por não ser uma arma e compor os serviços de Intendência, Manutenção de Comunicações, Topografia, Saúde, Música e o quadro de Material Bélico, não possui um patrono.

Companhia Especial

A Cia Esp, como ficou conhecida, foi uma arma criada para agregar o então terceiro ano do Ensino Médio que tinha uma rotina diferente do resto do CMRJ, visto que enfrentariam os diversos concursos vestibulares. Foi extinta no final de 2002, voltando ao sistema tradicional de armas. Atualmente, a preparação para o vestibular fica por conta do PREVEST.

Ano Campeã Vice
1973 Companhia de Infantaria Esquadrão de Cavalaria
1974 Companhia de Infantaria Esquadrão de Cavalaria
1975 Esquadrão de Cavalaria Companhia de Infantaria
1976 Esquadrão de Cavalaria Companhia de Infantaria
1977 Esquadrão de Cavalaria Companhia de Infantaria
1978 Esquadrão de Cavalaria Companhia de Infantaria
1979 Companhia de Infantaria Esquadrão de Cavalaria
1980 Companhia de Infantaria Esquadrão de Cavalaria
1981 Companhia de Infantaria Companhia de Comunicações
1982 Companhia de Comunicações Companhia de Infantaria
1983 Companhia de Infantaria Companhia de Comunicações
1984 Companhia de Infantaria Esquadrão de Cavalaria
1985 Companhia de Infantaria Bateria de Artilharia
1986 Companhia de Infantaria Esquadrão de Cavalaria
1987 Bateria de Artilharia Esquadrão de Cavalaria
1988 Esquadrão de Cavalaria Companhia de Comunicações
1989 Esquadrão de Cavalaria (não informado)
1990 Esquadrão de Cavalaria (não informado)
1991 Esquadrão de Cavalaria (não informado)
1992 Esquadrão de Cavalaria (não informado)
1993 Companhia de Infantaria 4ª Companhia de Alunos
1994 Bateria de Artilharia Esquadrão de Cavalaria
1995 Esquadrão de Cavalaria (não informado)
1996 Companhia Especial (não informado)
1997 Bateria de Artilharia Esquadrão de Cavalaria
1998 Bateria de Artilharia (não informado)
1999 Companhia de Infantaria Esquadrão de Cavalaria
2000 Companhia Especial Esquadrão de Cavalaria
2001 Companhia de Infantaria Esquadrão de Cavalaria
2002 Esquadrão de Cavalaria (não informado)
2003 Esquadrão de Cavalaria (não informado)
2004 Esquadrão de Cavalaria Infantaria
2005 Esquadrão de Cavalaria Bateria de Artilharia
2006 Esquadrão de Cavalaria (não informado)
2007 Companhia de Infantaria Esquadrão de Cavalaria
2008 Companhia de Infantaria Esquadrão de Cavalaria
2009 Esquadrão de Cavalaria Companhia de Infantaria
2010 Esquadrão de Cavalaria Companhia de Infantaria
2011 Esquadrão de Cavalaria Companhia de Infantaria
2012 Esquadrão de Cavalaria Companhia de Infantaria
2013 Bateria de Artilharia Esquadrão de Cavalaria
2014 Bateria de Artilharia Companhia de Infantaria Esquadrão de Cavalaria 4ª Companhia de Alunos Companhia de Comunicações
2015 Esquadrão de Cavalaria Bateria de Artilharia
2016 Bateria de Artilharia Esquadrão de Cavalaria Companhia de Infantaria Companhia de Comunicações Companhia de Engenharia
2017 Esquadrão de Cavalaria Bateria de Artilharia Companhia de Engenharia Companhia de Infantaria Companhia de Comunicações
2018 Bateria de Artilharia Esquadrão de Cavalaria Companhia de Engenharia Companhia de Infantaria Companhia de Comunicações
2019 Esquadrão de Cavalaria (não informado)
2020 Bateria de Artilharia (não informado)
2021 Não houve por causa do COVID-19
2022 Esquadrão de Cavalaria Companhia de Infantaria
2023 Esquadrão de Cavalaria Companhia de Infantaria Companhia de Comunicações Bateria de Artilharia Companhia de Engenharia
2024 Esquadrão de Cavalaria Companhia de Infantaria Artilharia/Engenharia (Empate) Companhia de Comunicações

Títulos por arma[editar | editar código-fonte]

Arma Total
Infantaria 14
Cavalaria 25
Artilharia 9
Cia Especial (Prevest) 2
Comunicações 1
Engenharia 0
Logística 0

Ingresso das meninas[editar | editar código-fonte]

Em 1989, quando o Colégio Militar completou 100 anos, entrou a primeira turma feminina.[2]

Em 2005, Priscila Alvares foi a primeira coronel-aluna na história da instituição.[3]

A Coronel-Aluna Letícia Cardoso foi a primeira menina a entrar para o Pantheon Literário do colégio, em 2015.[4]

AACM (Associação dos Ex-Alunos dos Colégios Militares)[editar | editar código-fonte]

A Associação dos Ex-Alunos dos Colégios Militares (AACM) surgiu do idealismo de um grupo de ex-alunos que, reunidos na grandiosa noite de 26 de abril de 1939, tinha por objetivo a elaboração do programa das festividades e comemorações de meio século de vida do Colégio Militar do Rio de Janeiro.

Atualmente, tem sua sede principal no Colégio Militar do Rio de Janeiro, na Tijuca, e uma sede campestre, a “Casa do Ex-Aluno - Pousada Albanita Gibson”, na cidade de Engenheiro Paulo de Frontin, no interior do Estado do Rio de Janeiro.

APM (Associação de Pais e Mestres)[editar | editar código-fonte]

Foi criada em 19 de outubro de 1996, sendo composta por civis com o objetivo de acompanhar a situação do aluno/responsável, atendendo a recreação, cultura e sem fins lucrativos do Colégio Militar do Rio de Janeiro.[5]

Sociedade Recreativa e Literária[editar | editar código-fonte]

A Sociedade Literária e Dramática do Colégio Militar foi fundada a 7 de setembro de 1892 pelos alunos Daltro Santos, Graça Couto, Milton Cruz, Armando Ferreira, Félix Pacheco e outros, no comando do Cel. Luiz Mendes de Morais (segundo comandante). Mudou de nome e passou a ser conhecida pela sigla SRL, que significa Sociedade Recreativa e Literária do CMRJ.

CMRJ no cinema[editar | editar código-fonte]

De Passagem

De Passagem entrelaça dois momentos bem distintos e marcantes na vida de três jovens da periferia paulistana. Jeferson e Washington são irmãos e amigos de Kennedy desde crianças. Quando crescem Jeferson entra no Colégio Militar no Rio de Janeiro e Washington e Kennedy entram para o tráfico de drogas. Após receber a notícia da morte de Washington, Jeferson volta a São Paulo e juntamente com Kennedy sai numa viagem pela cidade procurando o corpo de Washington. Nessa viagem Jeferson e Kennedy lembram um acontecimento importante do passado.

Olga

Narra a história da judia alemã Olga Benário Prestes (1908-1942). Militante comunista desde jovem Olga é perseguida pela polícia e foge para Moscou, onde faz treinamento militar. É encarregada de acompanhar Luís Carlos Prestes (ex-líder da revolução tenentista e da coluna Prestes) ao Brasil.

Neste filme o auditório do Colégio Militar aparece bem no começo quando Olga está discursando.

Lisbela e o Prisioneiro

Em Lisbela e o Prisioneiro, o auditório do CMRJ foi usado como cinema pelos personagens. Muitos alunos foram figurantes.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «Portal CMRJ». www.cmrj.eb.mil.br. Consultado em 15 de abril de 2024 
  2. Rogero, Tiago. «Primeira turma feminina do Colégio Militar do Rio completa 20 anos de formatura | Ancelmo - O Globo». Ancelmo - O Globo. Consultado em 2 de outubro de 2017 
  3. «Pela primeira vez uma mulher se torna coronel - Gente de Opinião». www.gentedeopiniao.com.br. Gente de opinião. Consultado em 2 de outubro de 2017 
  4. «Primeira a chegar ao Olimpo do Colégio Militar». O Globo. 1 de março de 2015 
  5. Estatuto da APM

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Colégios Militares do Brasil
CMB CMBH CMC CMCG CMF CMM CMPA CMR CMRJ CMS